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II Encontro Brasileiro de Autos Antigos – Águas de Lindóia, SP

O já conhecido visual dos automóveis em torno do lago, na Praça Adhemar de Barros

II Encontro Brasileiro de Autos Antigos – Águas de Lindóia, SP

O carisma de um evento que se (re)consolida

1.200 veículos e público estimado em 500 mil pessoas fizeram o sucesso da 2ª edição

Dois Buicks Conversíveis: 1939 e 1947
Dois Buicks Conversíveis: 1939 e 1947
[dropcap]D[/dropcap]esde o ano passado o nome do evento mudou e sua organização também. Mas é fato que Águas de Lindóia se re-consolidou como a ‘capital brasileira dos automóveis antigos’. Mesmo com a famigerada crise financeira e política por que passa o país, a 2ª edição do Encontro Brasileiro foi um sucesso, como provam os números: cerca de 1.200 veículos inscritos — sendo 489 em exposição e 700 a venda — e público estimado de 500 mil pessoas em 4 dias de evento, segundo dados da organização.

O belíssimo final de semana prolongado — proporcionado pelo feriado de Corpus Christi — de 4 a 7 de junho, levou à estância hidromineral do interior de São Paulo antigomobilistas de todo o Brasil e também de nossos vizinhos sul-americanos.

Willys Rural 4X2 1968
R$ 80.000,00

Fiat Coupê 1995
R$ 60.000,00

MG TD 1953
R$ 190.000,00

BMW 740i 1997
R$ 95.000,00

Chevrolet Tigre 1946
R$ 170.000,00

R$ 45.000,00

Ford LTD 1978
R$ 86.000,00

R$ 48.900,00

DKW Belcar Rio 1965
R$ 80.000,00

Studebaker Champion 1952 e VW Ssdsdsdsd 1944
Studebaker Champion 1952 e VW Schwimmwagen 1944

É claro que não poderiam faltar algumas “figurinhas carimbadas” presentes todos os anos em Águas de Lindóia, como o Volkswagen Schwimmwagen 1944 de Irineu Cicarelli. O carro anfíbio da II Guerra Mundial navegou com a desenvoltura de sempre pelo lago da Praça Adhemar de Barros, para admiração do público.

Outra figura marcante é Mário Ferreti, o maior colecionador de veículos da extinta marca Studebaker em todo o Brasil. Em seu acervo particular, automóveis e pick-ups originais e também modificados.

O Fiat 147 e o Corcel estão entre os carros da caravana do Piaui
O Fiat 147 e o Corcel estão entre os carros da caravana do Piaui

Mais uma vez esteve presente também a caravana do Clube do Carro Antigo do Piauí, que de novo fez questão de percorrer os cerca de 3.000 quilômetros rodando, o que rendeu aos intrépidos aventureiros uma homenagem por parte da Federação Brasileira de Veículos Antigos.

Entre as atrações extra-exposição, uma concorrida palestra do presidente da FBVA, Roberto Suga, sobre as recentes mudanças na legislação sobre veículos de coleção, implementadas a partir da publicação da nova Carta de São Paulo, debatida em workshop de clubes realizado no ano passado. Também um bate-papo do eterno ás das pistas, Bird Clemente, conhecido principalmente como um dos principais nomes da Equipe Willys, na década de 1960.

Em sentido horário, a partir do alto: Fiat 1926, Benz 1911, Talbot 1927 e Isotta-Franchini 1927
Em sentido horário, a partir do alto: Fiat 1926, Benz 1911, Talbot 1923 e Isotta-Franchini 1927

Grande destaque para modelos do início do século XX, como o encantador francês Lê Zebre 1909 amarelo, com sua buzina em forma de serpente, faróis de carbureto e volante do lado direito. O carro que foi importado pela família de Santos Dumont. Aliás, o ‘pai da aviação’ foi o responsável pela importação do primeiro automóvel para o Brasil: um Peugeot, em 1891! Menos simpático, mas não menos importante, o Benz 1911 Landaulet (chofer separado dos passageiros) pertenceu ao Cardeal Arcoverde — primeiro cardeal latino-americano, morto em 1930, no Rio de Janeiro. E o que dizer do italiano Isotta-Franchini 1927 — premiado em Campos do Jordão, SP — exibindo seu sofisticado adorno de cristal Lalique em forma de águia sobre o radiador?

Já o Fiat 509 A Torpedo fabricado 1927 e também com volante do lado direito, está no Brasil desde zero quilômetro e permanece pouquíssimo rodado até hoje, por questões alheias à vontade de seu primeiro proprietário, um fazendeiro de Campinas. Sua odisséia foi contada aqui no Portal Maxicar, pelo fotógrafo especializado em automóveis Cláudio Larangeira. Vale a pena conferir.

Outro alvo de reportagem aqui no Portal Maxicar, o francês Talbot DC fabricado em 1923 é exemplar único aqui no Brasil. Foi adquirido em 2007 em estado deplorável em São Paulo e teve sua restauração a cargo de um brilhante profissional de São João Del Rei, MG. Acompanhamos todo o processo, concluído em 2009.

Os fãs dos ‘muscle cars’ dos anos 1960 e 70 não tiveram do que se queixar. Como já é tradição em Lindóia, havia magníficos exemplares importados, como os “Mopars’ Dodge Charger, Dodge Challenger e Plymouth GTX 440; Mustangs, Camaros e Oldsmobile Cutlass 442 Conversível. Claro que não podemos deixar de mencionar os nossos ‘muscle cars’: os Mavericks GT e os Dodges Chargers.

Muscle cars, de lá e daqui. No alto, Plymouth e Dodge Charger americano 1967. Embaixo, dois Chargers brasileiros
Muscle cars, de lá e daqui. No alto, Plymouth GTX 440 e Dodge Charger americano 1967. Embaixo, dois Chargers brasileiros

A marca de foras-de-série nacionais Miura esteve representada por exemplares de diversas versões. O Sport 1977 vermelho foi premiado. Trata-se de um dos primeiros Miura fabricados — o de nº 12 — e que foi o primeiro a receber placas pretas, emitidas pelo Miura Clube do Rio de Janeiro.

Apaixonado pela linha Gordini, o colecionador Artur Vidal, de São Paulo, teve a alegria de ver seu recém restaurado Renault-Willys Teimoso premiado em Águas de Lindóia. Trata-se da versão popular do Gordini, cujas vendas foram baixas e os poucos que restaram acabaram sendo equipados ao longo do tempo, o que o torna hoje muito raro nos padrões originais. O mesmo aconteceu com os populares de outras marcas: VW Fusca Pé-de-Boi; Simca Profissional; DKWs Caiçara e Pracinha. Vidal — que teve o prazer de receber o seu troféu das mãos do ex-piloto Wilson Fittipaldi — possui também sua garagem um Dalphine e um Gordini.

À esquerda, Miuras de diversos modelos, tendo o Sport 1977 premiado em primeiro plano. À direita, o Willys Teimoso, versão popular do Gordini
À esquerda, Miuras de diversos modelos, tendo o Sport 1977 premiado em primeiro plano. À direita, o Willys Teimoso, versão popular do Gordini

Águas de Lindóia se deu ao luxo de ter em exposição dois exemplares do DMC-12 DeLorean, esportivo americano de baixa produção dos anos 1980, imortalizado pela triologia ‘De Volta para o Futuro’, com Machael J. Fox. Com carroceria em aço inox, curiosamente, algumas pessoas ficam decepcionadas ao conhecerem de perto o carro e constatarem ser um carro ‘normal’, pois esperavam ver toda aquela parafernália cenográfica usada nos filmes, que transformavam o DMC-12 das telas em máquina do tempo.

Acima, Cadillac Conversível 1941 e Furgão Chevrolet 1951. Abaixo, a dupla de DeLoreans
Acima, Cadillac Conversível 1941 e Furgão Chevrolet 1951. Abaixo, a dupla de DeLoreans

Não poderiam faltar também os clássicos americanos dos ‘anos dourados’, com diversos exemplares da Cadillac, Buick, DeSoto, Mercury, Chevrolet, Dodge e Ford. Entre os utilitários, belas pick-ups norte-americanas Chevrolets 3100 e Ranchero; e Fords F1 e F100, além das Studebakers já citadas. E ainda as nacionais Dodge D100 (bastante rara), Chevrolet Brasil e C10; e Ford F100. O Furgão Chevrolet 3100 ‘Boca de Sapo’ 1951 foi restaurado com pintura idêntica à original dos veículos de entrega das batatas Fritex, antiga marca no mercado até hoje.

O Cord L-29 recebeu o prêmio máximo este ano
O Cord L-29 recebeu o prêmio máximo este ano

E o grande vencedor do prêmio The Best in Show deste ano foi o americano Cord L-29 fabricado em 1929. O modelo é menos famoso que os 810 e 812 lançados na década seguinte e que tinham como característica mais marcante os inéditos faróis escamoteáveis. Alguns exemplares destes modelos já estiveram em Águas de Lindóia em anos anteriores. No entanto, o antecessor L-29 era igualmente sofisticado e inovador. Foi, por exemplo, o primeiro automóvel americano com tração dianteira. Mas foi lançado em má hora: logo depois da famosa derrocada da Bolsa de Valores de Nova York. Por isso foram vendidos apenas cerca de 4 mil unidades, o que o torna hoje raríssimo e hipervalorizado.

   ÁLBUM DE IMAGENS

 

Texto e edição: Fernando Barenco
Fotos: Odair Ferraz

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