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2º Encontro de Veículos Antigos de Paraíba do Sul – RJ

O Aero Willys 1961 foi um dos inúmeros nacionais em exposição

2º Encontro de Veículos Antigos de Paraíba do Sul – RJ

Contrariando o serviço de meteorologia…

Paraíba do Sul permaneceu inume ao mal tempo do final de semana

[dropcap]“F[/dropcap]inal de semana chuvoso, com queda de temperatura no Grande Rio e Região Serrana, podendo atingir também o Sul do Estado do Rio e a Zona da Mata Mineira. Menor probabilidade de chuva domingo”. A previsão do tempo dos serviços de meteorologia não se enganou. Mas como numa espécie de oásis às avessas, Paraíba do Sul se manteve seca, sem chuva, como é a característica do clima de sua região. Ponto para os otimistas (que não foram poucos!) e que se aventuraram a sair de suas cidades rumo ao 2º Encontro de Veículos Antigos, mesmo correndo o risco de encharcar suas ‘raridades’ pelo caminho, o que muitas vezes aconteceu, de fato.

Quem decidiu encarar o mau tempo dos arredores pode passar agradáveis momentos em Paraíba do Sul

Valeu a pena! Segundo os organizadores, durante os dois dias de evento — 24 e 25 de maio — o Parque das Águas conseguiu superar o número de veículos inscritos no ano passado. E o sol ensaiou tímidas aparições em vários momentos de sábado e veio com mais força ainda no domingo.

Novos espaços

Abaixo, os veículos dos sócios da AVA-PS dando as boas vindas aos visitantes

Quem prestigiou o evento no ano passado e voltou esse ano, notou algumas poucas mudanças, mas que foram bastante positivas. A primeira foi a utilização da quadra de esportes para abrigar os Volkswagens a ar — Fuscas e seus derivados, como Variant, Brasilia e TL. A segunda foi um amplo espaço coberto escolhido para abrigar a feira de peças e acessórios, que se manteve bastante movimentada nos dois dias de evento. Os comerciantes que se dispuseram a pagar apenas R$ 50,00 pela inscrição devem ter ficado bastante satisfeitos com o resultado. Para os expositores de veículos não houve taxa de inscrição. Bastava doar cinco quilos de alimentos não perecíveis para participar da festa e ainda levar para casa um kit do evento com camiseta, troféu, certificado e outros itens.

O setor de peças em área coberta e muito bem organizado

Espaço especial tiveram também os veículos dos associados à AVA – PS, que ficaram todos juntos, na ‘rua’ principal do Parque. A ideia foi proporcionar ‘boas vindas’ aos veículos visitantes. Muito simpático!

A exemplo do que aconteceu no ano passado, quando o próprio Parque das Águas foi reinaugurado depois de muitos anos de abandono, desta vez a Prefeitura Municipal inaugurou mais um atrativo do complexo turístico: o Lago das Minerais com passeio de pedalinho e caiaque, gruta, capela e estufa de plantas.

Novos atrativos do Parque das Águas

O reencontro

Na montagem, à esquerda o Impala 1962 com o selo do parachoque que o identificou, no detalhe. À esquerda, Antonio Carlos hoje e no dia em que o Impala foi comprado, nos EUA. Ele tinha então 15 anos

Mas falemos um pouco os veículos, já que a exposição teve muita coisa bacana e interessante para se apreciar nessa 2º edição. Começando pelos importados, vamos a uma história de arrepiar: quem é leitor da ótima revista de antigomobilismo Classic Show, deve ter lido na edição nº 71, publicada no bimestre passado, uma reportagem a respeito do reencontro de um garoto (hoje um respeitável senhor) e um Impala 1962. Se você não leu, eis uma versão resumida. Em 1962, Antonio Carlos Pinto, então com 15 anos, vivia com sua família nos Estados Unidos. Um dia, já de malas prontas para retornar ao Brasil ele foi com seu pai adquirir um Chevrolet Sport Sedan, carro que acabou sendo trazido para cá, e depois vendido. Apaixonado pelo Impala, Antonio Carlos nunca perdeu a esperança de reencontra-lo. Depois de muitas pesquisas, com a ajuda de amigos, o reencontro aconteceu no ano passado, durante o encontro anual do Veteran Car Clube de Juiz de Fora. O carro continua original e em perfeito estado e foi reconhecido graças ao adesivo da concessionária Loving Chevrolet, ainda hoje colada no parachoque traseiro. Outro fato incrível: o carro hoje pertence a Antonio Pinto de Souza. Repare como os nomes são parecidos… Bem, tudo isso serviu para contar que estiveram presentes em Paraiba do Sul os três: o belo Impala, seu atual e seu antigo proprietário.

Americanos e europeus

Tudo vermelho. A partir do alto, em sentido horário: Renault Carevelle, Chevrolet Bel Air, Opel Olympia e Mercedes Benz SL

Outros destaques importados foram o simpático e raro francesinho conversível Renault Caravelle 1964, o Desoto Custom Sedan 1952, o Camaro Type LT 1974, um impecável Chevrolet Bel Air 1951 com vários acessórios de época, e a Mercedes Benz 350 SL.

Em uma de suas raras aparições em eventos, um Opel Olympia 1968, chamou a atenção dos visitantes por seu estado de conservação e suas linhas incomuns. A primeira versão do Olympia foi lançada em 1935 e seu nome foi escolhido em homenagem às Olimpíadas que aconteceriam um ano depois, em Berlim. Este modelo dos anos 1960 pode ser considerado um ‘tio’ de nosso Chevette, já que se trata da versão mais completa do Opel Kadett, que deu origem ao nosso modelo nacional da Chevrolet. O carro pertence há alguns ao colecionador Paulo Affonso, de Petrópolis, RJ.

Feitos aqui

Belos exemplares do VW Passat, tendo em primeiro plano um TS fabricado em 1978. Sonho de consumo da rapaziada da época

Entre os inúmeros nacionais presentes, um raro Aero Willys ‘Bolinha’ 1961 (foto principal); Galaxie 500 1968; diversos Passats, com destaque para o TS 1978 e os dois LS 1980, um verde e um bege; um Fiat 147 série ‘Europa’ em estado de novo; uma dupla de esportivos Miura; os MP Lafers; uma lindíssima Belina 1975; um Alfa Romeo 2300 TI 1985.

Abaixo, quatro MP Lafers e seus orgulhosos proprietários. Também, não é para menos…

Tração integral

Jeep, F75 e Rural: criações da Willys, mas todos fabricados pela Ford

Como em 2013, chamou a atenção o grande número de utilitários e veículos 4X4. Aliás são os veículos da preferência de Daniel Netto, o presidente da AVA-PS, organizadora da festa.
Além de estarem em perfeito estado, os três da foto a seguir têm mais uma característica em comum: todos são criações da extinta Willys Overland, mas já fabricados pela Ford, que comprou a concorrente em 1967: Rural 1974, F75 1975 e Jeep 1982.

Fuscão preto

O trio de Fuscas customizados. Muitas fotos…

Entre os diversos Fuscas, que como dissemos, esse ano tiveram um setor especial, os mais fotografados sem duvida foram os três pretinhos dos anos 1960, no melhor estilo ‘Street’. Todos pertencem à família Jordani, de São José do Vale do Rio Preto – RJ e foram restaurados e customizados por eles mesmos, que possuem uma oficina especializada.

O preparador José Renato e seu neto — e xará — ao lado do Opala com uma cavalaria extra dentro do capô. Porque a Chevrolet não pensou nisso?

Grande também a quantidade de Opalas, tendo o 1970 de Luxo do antigomobilista Maurílio Alvim, de Juiz de Fora – MG, chamado mais a atenção pela originalidade e cuidado. Enquanto isso, um 1974 que não tem nada de original, pelo menos na quesito ‘mecânica’. Ele recebeu um novo ‘coração’: um V8 350 com grande cavalaria. O mesmo motor que equipava por exemplo o Camaro. O trabalho foi feito pelo próprio proprietário, o preparador José Renato, de Nova Friburgo – RJ. A Chevrolet deveria ter lançado uma versão assim…

Santificado

O Landau 1979 serviu o Papa João Paulo II, no Rio de Janeiro em 1980

Mas, sem dúvida a grande sensação ficou por conta do Landau 1979, pertencente a Sérgio Castelo Branco, de Teresópolis-RJ. O que o carro tem de especial? Foi esse automóvel que serviu o Papa João Paulo II durante sua visita ao Rio de Janeiro, em 1980. Na época, o carro pertencia ao Governo do Estado e recebeu algumas melhorias para atender o Pontífice: bancos de couro, um radiador com maior capacidade — para não haver o risco de superaquecimento do motor nas calorentas ruas cariocas — e alças e apoios para pés para os passageiros do banco traseiro. O carro já possuía grande valor histórico, foi agora ainda mais valorizado, já que João Paulo II acaba de se tornar santo.

Superinteressantes

Este ano, Paraiba do Sul foi pródiga também em automóveis curiosos. Vamos começar falando de um intrigante veículo com jeito de carruagem. Na identificação lia-se “Le Zebre 1909”. Na verdade trata-se de uma réplica do modelo francês, fabricado em Três Rios-RJ há alguns anos. Uma coisa é certa: ele anda bem mais que o original, já que a mecânica é do Chevette.

A partir do alto, em sentido horário: réplica Le Zebre, Caravan Ambulância, Corcel Pick-up e Baratinha reciclada

Já a Caravan Ambulância foi comprada zero km pelo Hospital Nossa Senhora das Dores, de Ponte Nova-MG, onde serviu até 2007, quando se ‘aposentou’. Hoje com cerca de 100 mil quilômetros rodados, o veículo se mantém em perfeito estado por ter sido pouco utilizado em seus 30 anos de oficio.

A mini-baratinha de corrida foi inteiramente fabricada utilizando materiais reciclados. Um motor de cortador de grama foi acoplado a uma polia de lavadora de roupas. A carroceria nasceu a partir de tambores de borracha, as rodas são de motocicletas dos anos 1950. De acordo com seu criador, João Baptista Carneiro de Mello, o veículo pode atingir até 60 kms/h.

Não podemos esquecer do Corcel transformado em pick-up, com caçamba de madeira. Muitos podem torcer o nariz, mas é certo que ficou um trabalho bastante bem feito.

O último veículo do rol dos curiosos, não se trata propriamente de uma curiosidade. Ele é na verdade fruto de uma fatalidade. Trata-se de um Chevette ‘Tubarão’, cuja carroceria está repleta de pequenos amassados: teto, capô e porta malas. Não conseguimos apurar o que houve, mas certamente ele foi vitima de uma violenta chuva de granizo.

Homenagens

A Associação de Veículos Antigos de Paraíba do Sul prestou homenagens aos diversos clubes presentes: Associação de Veículos Antigos de Juiz de Fora – MG, Clube de Veículos Antigos da Posse – RJ, Clube de Autos Antigos de Congonhas-MG, Antigomobilistas de Leopoldina – MG, Passat Clube do Rio de Janeiro – RJ, Grupo AGMH – RJ, Clube de Veículos Antigos de Itaboraí – RJ, Associação de Veículos Antigos de Três Rios, Sociedade do Carro Antigo de Barbacena – MG, Clube de Antiguidade Automotivas de Volta Redonda – RJ, Associação de Veículos Antigos de Volta Grande – MG, Opala Clube de Petrópolis – RJ, Fuscamania de Cabo Frio – RJ, Nictheroy Clube de Véiculos Antigos – RJ, Associação Saquaremense de Antigos – RJ.

No alto, os membros da AVA-PS, os organizadores do encontro. À À esquerda, o Prefeito Marcinho. A direita, o presidente da AVA-PS entrega o troféu a André Grigorevski, presidente do Passat Clube do Rio de Janeiro, um dos clubes homenageados

Ano quem vem tem mais…

Presente ao encontro, o Prefeito de Paraíba do Sul, Márcio de Abreu Oliveira — o Marcinho — reiterou seu apoio à organização e convidou a todos para a 3ª edição, que irá acontecer em maio do ano que vem.


Texto:
Fernando Barenco
Fotos e edição:
Fátima Barenco e Fernando Barenco


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