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Chevette, o Caçula da GM

Foto de propaganda da época

Seu primeiro automóvel pequeno no Brasil fez grande sucesso

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Adam Opel e uma propaganda da época em que a Opel ainda fabricava máquinas de costura

A pequena fábrica de Adam Opel começou na Alemanha fazendo máquinas de costura e bicicletas. Era uma empresa familiar que passava de pai para filho.

Em 1898 lançou seu primeiro carro com motor monocilíndrico refrigerado a água. Daí não parou mais. Desde o começo sua idéia era fazer carros espaçosos e baratos e por isso o sucesso sempre esteve presente.

Em 1929 associou-se ao grupo americano GM e a partir de então os carros passaram a ter nova concepção. A influência americana no designer e concepção dos mesmos sempre esteve presente e era bem marcante até a década de 70. Dizia-se que a Opel fazia carros americanos de tamanho reduzido.

Em 1935 lançou o Olympia com carroceria monobloco que era uma novidade no mercado de automóveis da Alemanha. Dois anos depois este atingiria a produção de 80 mil unidades.

Em 1936 foi lançada a primeira geração do Kadett equipada com motor de 1,1 litros. O sucesso desta série se firmou com a segunda geração lançada em 1962, um compacto de linhas retas na versão de duas e quatro portas. Na terceira, lançada em 1965, tinha motores de 1,1 litro até 1,9 nas versões 2, 4 portas, fastback e perua que se chamava Caravan.

Opel Kadett da 2ª (1962) e 3ª (1965) gerações

Na Alemanha sua 4ª geração foi lançada em 1973 e no Brasil com o nome de Chevette. Era o caçula da família Opel até o lançamento do Corsa na década de 90. Seus irmãos mais velhos, assim como o Kadett (Cadete) seguiam com nomes de patentes da marinha ou da diplomacia, ou seja, Commodore (Comodoro), Admiral (Almirante), Kapitan (Capitão) Diplomat (Diplomata). O Rekord saia a regra e este deu origem ao nosso Opala.

Lá as carrocerias tinham as versões 2 e 4 portas, fastback (a de maior sucesso) e a perua Caravan. Também foi feita uma versão interessante, baseada na carroceria sedan duas portas, entre 1976 e 78, chamada Aero, tipo Targa, com motor 1,2 S. Aqui no Brasil, a concessionária GM Envemo também a fez em pequena escala.

Opel Kadett alemão da 4ª geração em três dos modelos disponíveis: 4 portas, fastback e perua

O Kadett, a partir da segunda geração, sempre foi o maior sucesso da Opel, o mais vendido desta fábrica. Deu origem a linha Astra, que esteve presente no Brasil.

Vauxhall Chevette: versão inglesa possuia entrada de ar sob o parachoque

Seus concorrentes diretos na Europa eram o VW Golf, o Ford Escort, o Peugeot 304, o Triumph Dolomite, o Fiat 124 e o Renault 5. Para concorrer com o VW Polo e o VW Golf foi lançado em 1975 a versão City igual a nossa Hatch.

O Kadett fazia parte da linha mundial T-Car. Também foram lançados e produzidos no Japão (Isuzu), na Inglaterra (Vauxhall Chevette), na Austrália (Holden Gemini), nos EUA (Chevrolet Chevette e Pontiac T 1000).

Tinham diferenças regionais de carroceria e motorização. O Vauxhall tinha capô fechado sem grade. Esta ficava abaixo do pará-choques. No Japão o Isuzu tinha retrovisores sobre o capô. Coisas de lá. No americano as linhas eram mais retas, versão 3 e 5 portas hacth e algumas versões tinham pneu faixa branca.

O esportivo fastback GTE tinha concorrentes de peso como o Triumph Dolomite Sprint, o Golf GTI da primeira geração e o Renault 5 Alpine. Seu desempenho era muito bom e fez sucesso nas competições também. Foi produzido de 1973 a 1981 na Europa. Na geração que o sucedeu, passou a ter tração dianteira e logo depois desta, a linha Astra tomou seu lugar.

CASO VERÍDICO

Uma senhora que habita na região parisiense, compra carros da marca Opel desde a década de 50. A fábrica tinha seu nome cadastrado. Em 1991 foi convidada a visitar as instalações da fábrica e depois a testar todos os modelos da linha. A empresa pagou as passagens de avião ida e volta e a estadia na Alemanha. É um marketing interessante e consideração com o cliente.

NO BRASIL

O anti–Fusca. Assim era chamado o nosso Chevette.

Nos últimos cinco anos da década de 60, foram importados oficialmente pela GM do Brasil modelos Opel Kadett e Olympia, sua versão luxuosa, juntas com o Rekord que daria origem ao nosso Opala. Talvez tenham chegado até aqui para um pré-teste em nossas ruas e estradas e para testar sua receptividade. Alguns colecionadores ainda os possuem e rodam com eles. Vieram nas versões sedan de 2 e 4 portas e também fastback.

Nosso modelo recebeu o nome Chevette, talvez uma mistura de Chevrolet e Corvette e foi lançado em 1973, na versão duas portas. O primeiro carro pequeno da GM do Brasil fez muito sucesso.

Neste ano seriam lançados a Brasília da Volkswagen e o Dodge 1800 da Chrysler. O Corcel sofria sua primeira reestilização importante na frente e traseira. Estes viriam a ser seus concorrentes de peso. Neste também foi lançado o Maverick da Ford. Todos estes lançamentos vieram na versão 2 portas que era mania, uma unanimidade nacional na época.

Em maio de 1973, a revista 4 Rodas apresentava o primeiro teste de desempenho do Chevette. O resultado foi bom

Nosso sedan três volumes tinha duas portas, era bonito e tinha linhas modernas. O motor 1.4 litros trazia comando de válvulas no cabeçote acionado por correia dentada (primeiro no país). Era dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, quatro tempos, refrigerado a água, duas válvulas por cilindro.

A propaganda da época chamava a atenção para o tamanho de seu porta-malas

Tinha 68 cavalos a 5800 rpm. A tração era traseira e o cambio de 4 marchas. A posição da alavanca lembrava bastante as do Alfa Romeo. O torque era bom e a velocidade final — por volta de 145 km/h — era boa para a época. Um detalhe interessante era a posição do tanque de combustível, logo atrás do encosto do banco traseiro, em posição inclinada. O bocal para abastecimento ficava na segunda coluna direita.

Eram oferecidas ao público as versões Standard e SL. O volante ficava inclinado para a esquerda e este detalhe desagradava alguns proprietários. Mas esterçava muito bem. Era um carro agradável de dirigir. Não era muito potente, mas tirava-se proveito do conjunto. Pisando mais, usando a fundo o acelerador, nas trocas de marcha os pneus cantavam sempre e a estabilidade era boa. Não fazia feio na cidade e nas estradas e era bom nos pegas de rua.

O conforto era satisfatório para 5 ocupantes. Atrás, os mais altos batiam com a cabeça no teto. O porta malas era ótimo. Um slogan da época dizia: “Pequeno com porta-malas grande”. Ele media 4,12 metros. Fez sucesso. Não batia em vendas o Fusca, mas enfrentava bem os outros concorrentes.

Em 1975 é lançada a série especial GP (Grand Prix) em comemoração ao Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. Foi o carro oficial deste evento e foi oferecido aos pilotos para que eles rodassem em São Paulo nos dias do evento. Conta-se que um deles deixou um modelo no meio da rua, ou seja, não devolveu como era previsto.

Chevette GP

Vinha na cor prata com uma larga faixa preta que se iniciava no capô e continuava na tampa do porta malas. Estava presente também nas laterais e tinha a inscrição GP a frente das portas. O acabamento interno tinha um padrão diferente, mas o motor não foi alterado. Talvez por isso não fez sucesso.

Em 1978 veio a primeira reestilização. Na frente, o desenho das grades, dividida em dois retângulos, foi baseada no Pontiac Firebird, irmão americano esportivo. Na versão SL, as molduras das lanternas eram cromadas e a parte central do painel, onde se posicionava as entradas de ar de desenho oval, mais elevada.

Neste mesmo ano foi lançada a versão quatro portas. O tamanho do carro permaneceu o mesmo e fez mais sucesso fora — modelo exportação — do que aqui no Brasil. Foi exportado para países vizinhos da América do Sul.

Em 1979 foi lançada a série especial Jeans, com forração interna, bancos e lateral das portas, de brim azul. A cor externa era prateada e os logotipos Jeans, que eram adesivos, em também na cor azul.

Em 1980 foi alterado o desenho na traseira com inclusão de lanternas maiores. Neste ano também ganhou novos irmãos e a gama agora contava com a perua Marajó e a versão dois volumes hatch. As opções de motorização aumentaram e era oferecida ao publico os novos motores 1.4 a álcool e 1.6 a gasolina. Este último contava agora com cambio de 5 marchas como opcional que tinha engates precisos e macios. O curso da alavanca ficou maior e a rapidez nas trocas foi prejudicada.

As novas versões Hatch e Marajó

Em princípio o 1.6 a gasolina era opcional apenas para as versões com carroceria Marajó e hatch . Passou a fazer parte de toda a linha dois anos depois. Em 1983 ganhou a opção do combustível verde e o bloco recebia a cor amarela para diferenciar.

O motor 1.4 estava disponível apenas para os carros que seriam exportados.Este motor usou carburador de corpo duplo até 1983 e no ano seguinte passou a usar carburador de corpo simples até 1987.

Também chegava outra série especial, a Ouro Preto. A carroceria era dourada e contava com saias de vinil preto.

Em 1980 recebeu, na versão a álcool, ignição eletrônica de série que viria a ser opcional no modelo a gasolina a partir de 1982.

Em 1981 é lançada a série especial S/R, apenas na carroceria dois volumes hatch com motor 1.6. O acabamento esportivo externo e interno o diferenciava dos demais.

S/R: espírito esportivo

Em 1983 toda a linha, em todas as carrocerias recebeu grande alteração no desenho. A frente contava com faróis retangulares, grade com frisos horizontais em preto, capô mais inclinado. Na traseira as lanternas eram maiores e retangulares. Por dentro também houve grandes alterações, tanto no interior quanto no painel.

Esta reestilização foi inspirada no Chevrolet Monza, modelo idêntico ao Opel Ascona alemão, que chegava naquele ano na versão Hatch.

No conjunto mecânico as novidades ficavam por conta do novo motor 1.6 a álcool e os motores 1.6 a gasolina passaram a ser de série. O câmbio de cinco marchas também.

Chevy 500: pick-up derivada do Chevette era a única com tração traseira

Para completar chega a pequena picape da GM, a Chevy 500. Concorria com a picape FIAT 147, a VW Saveiro e a Pampa. Mas era a única com tração traseira e esta era uma vantagem sobre suas concorrentes pois permitia maior eficiência quando carregada. Foi um dos primeiros carros no Brasil a ter um Recall. Convocaram os proprietários dos modelos 82 e 83 para a troca dos parafusos de fixação das pinças do freio a disco

Em 1985 ganhou a opção do câmbio automático de 3 marchas. Não teve sucesso, a procura era muito pequena mas foi produzida até 1990. São raros hoje.

Em 1987 as versões quatro portas e hatch deixam de ser produzidas. Ainda neste ano houve uma nova revisão do desenho com novos pára-choques e grade mais envolventes. Atrás novas lentes para as lanternas. É lançada a nova opção de acabamento SE, mais luxuosa e com painel mais completo.

Em 1987 o motor 1.6 passou a se chamar 1.6/S. Reduziu-se o peso dos pistões e das bielas e foi introduzido um novo carburador de corpo duplo com o segundo estágio acionado somente em altas rotações. O coletor de admissão ganhou novo desenho. O motor melhorou em performance. Já fazendo parte da linha 1988 o SE passa a ser chamado SL/E e vem equipado com o novo motor 1.6/S.

Em 1990 a linha Marajó é encerrada e em seu lugar viria mais tarde a perua Ipanema na versão duas portas derivada do Kadett.

Em 1991 a versão DL e torna-se a única.

Em 1992, na onda do carro 1000, a GM lança o Junior 1.0 com câmbio mecânico de 5 marchas. O carro tinha acabamento despojado. Foi um fracasso. Entrou e saiu discreto sendo descontinuado no ano seguinte.

Junior, o Chevette com motor 1.0

Em 1993 a versão L 1.6/S passa a ser a única opção do pequeno da GM que já apresentava sinais de cansaço e no final deste ano deixou definitivamente as linhas de montagem. O Corsa, mais moderno, assumiu a posição de caçula.

Em 1995 a produção do último modelo da linha, a Chevy 500 DL é encerrada. Em seu lugar veio mais tarde a picape Corsa.

A fábrica GM ainda mantêm uma unidade para produzir peças de estamparia para os Chevettes e Opalas, pois são muitos ainda no Brasil. São duráveis e vão rodar muito ainda.

 

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NAS PISTAS

Nos ralis europeus foi imbatível. Também fez presença em circuitos por lá. Sempre na versão fastback GTE com o motor 1,9 mais bravo.

O Chevette, com o número 21 pintado na carroceria, da equipe da concessionária GM Motorauto de Belo Horizonte, em Minas Gerais pilotado por Toninho Da Matta, pai de Cristiano Da Matta, foi campeão da Copa Minas-Rio para carros até 1600 cm a frente de Passats, Voyage, Escort e outras feras da época.

ADAPTADOS

Alguns proprietários colocaram o motor do Opala 4 cilindros de 2,5 litros sob o capo e o conjunto de caixa e diferencial. Alguns chegaram até a colocar o seizão de 4,1 litros. Aí o pequeno sedan virava bicho. Não faltavam acessórios para personaliza-lo chegando a ter adaptação de grades, saias, spoilers, etc…

EM ESCALA

A sólido francesa fez na escala 1/43 a versão fastback do modelo europeu. Oferecia em três decorações de competição. Muito bem acabado e detalhado. O kit de metal era para montar, pintar e colar os adesivos. [/box]

DADOS TÉCNICOS

O Chevette foi lançado com um motor 1.4 a gasolina. Em 1980 ele recebeu uma versão a álcool, com ignição eletrônica de série (opcional no modelo a gasolina a partir de 1982).

[tabs type=”vertical”][tabs_head][tab_title]Motor 1.4 – Gasolina[/tab_title][tab_title]Motor 1.4 – Álcool[/tab_title][tab_title]Motor 1.6 – Gasolina[/tab_title][tab_title]Motor 1.6/S – Álcool[/tab_title][tab_title]Motor 1.6/S – Gasolina[/tab_title][tab_title]Motor 1.0 – Gasolina[/tab_title][/tabs_head][tab]Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, quatro tempos, refrigerado a água, duas válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no cabeçote acionado por correia dentada.
Cilindrada: 1398 cm³
Taxa de Compressão: 7,8:1
Potência máxima: 65 cv SAE* a 5800 rpm
Torque máximo: 10,3 mkgf SAE a 3000 rpm
Alimentação: Carburador simples de fluxo descendente.[/tab][tab]Cilindrada: 1398 cm³
Taxa de Compressão: 10,5:1
Potência máxima: 69 cv SAE* a 5800 rpm
Torque máximo: 10,4 mkgf SAE a 3000 rpm
Alimentação: Carburador de corpo duplo.[/tab][tab]Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, quatro tempos, refrigerado a água, duas válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no cabeçote acionado por correia dentada.
Cilindrada: 1599 cm³
Taxa de Compressão: 7,8:1
Potência máxima: 76 cv SAE* a 5800 rpm
Torque máximo: 10,8 mkgf SAE a 3600 rpm
Alimentação: Carburador duplo entre 1980 e 1983 e carburador simples de fluxo descendente de 1984 a 1987.[/tab][tab]Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, quatro tempos, refrigerado a água, duas válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no cabeçote acionado por correia dentada.
Cilindrada: 1599 cm³
Taxa de Compressão: 12:1
Potência máxima: 82 cv ABNT a 5200 rpm
Torque máximo: 12,8 mkgf ABNT a 3200 rpm
Alimentação: Carburador de corpo duplo com o segundo estágio acionado somente em altas rotações.[/tab][tab]Diâmetro e curso dos cilindros: 82 x 75,7 mm
Cilindrada: 1599 cm³
Taxa de Compressão: 8,5:1
Potência máxima: 73 cv ABNT a 5200 rpm
Torque máximo: 12,6 mkgf ABNT a 3200 rpm
Alimentação: Carburador de corpo duplo com o segundo estágio acionado somente em altas rotações.[/tab][tab]Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, quatro tempos, refrigerado a água, duas válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no cabeçote acionado por correia dentada.
Cilindrada: 998 cm³
Taxa de Compressão: 8,5:1
Potência máxima: 50 cv ABNT a 6000 rpm
Torque máximo: 7,2 mkgf ABNT a 3500 rpm
Alimentação: Carburador de corpo simples.[/tab][/tabs]

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Francis Castaings

É Analista de Sistemas por profissão e antigomobilista por muita paixão. Frequenta museus, lojas, salões, exposições, corridas e encontros de carros, antigos ou não, desde 1970. Gosta mesmo dos antigos e o apreço também veio por causa de sua coleção de miniaturas de carros em escalas que variam de 1/76 a 1/18 e que conta até o momento com cerca de 1.500 modelos. Nasceu em 5 de junho de 1959, já fez rali, foi Técnico Superior de Fundição, trabalhando numa fundição de peças para automóveis. Escreveu por 12 anos sobre carros antigos em outros portais e desde julho de 2011 mantém o site Retroauto.

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