EDENISE CARRATU — Um lugar cativo no cenário do antigomobilismo nacional
Águas de Lindóia. Que antigomobilista brasileiro nunca ao menos ouviu falar desta pequena cidade turística na divisa entre São Paulo e Minas Gerais? É lá que todos os anos cerca de 300 mil pessoas se reúnem para curtir quatro dias dedicados àquelas máquinas do passado, que tantas histórias têm a contar. E a responsável por este mega evento — o maior da América Latina, diga-se de passagem — sempre tão ansiosamente aguardado, é a nossa entrevistada na primeira Roda de Amigos de 2011. Uma pioneira, que tem seu lugar garantido na história do antigomobilismo nacional. Edenise Carratu, a presidente da Sociedade Feminina de Autos Antigos.
Henrique Thielmann – Presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos – Juiz de Fora, MG
Qual foi a maior alegria que você e o Nilson tiveram durante a realização dos Encontros Paulistas, e qual foi a maior tristeza?
EDENISE CARRATU – Senhor Presidente, que honra!!! Henrique, nossa maior alegria é sem duvida ver nascer em cada Encontro Paulista novos colecionadores, gerando assim envolvimento com pessoas que trabalham para que este novo colecionador leve no ano seguinte o seu veiculo totalmente restaurado com a possibilidade de estar entre os premiados. Outra coisa que nos deixa muito felizes é a confraternização dos amigos, o envolvimento de clubes, enfim, fica difícil de mencionarmos somente uma alegria. Sem demagogia, sinto que o Encontro Paulista é uma escola para muitos eventos e disso eu me orgulho. Porém, nossa maior tristeza é ver que cada ano perdemos mais um antigomobilista e com muito pesar fazemos uma menção a esse que de alguma forma esteve ao nosso lado. Obrigada por estar entre nós. Um grande abraço!
Paulo “Loko” Figueiredo – Empresário e colecionador – São Paulo, SP
Em tantos anos de “antigomobilismo”, o que mais te faz mais feliz é:
– olhar para atrás e ver o quanto você já fez pelo mundo do automóvel antigo no Brasil?
– olhar para frente e ver o quanto ainda pode e vai fazer?
– olhar ao seu lado e ver quantos amigos e irmãos você fez durante estes anos?
Difícil, né?
Um beijão a você e ao “nosso” maridão!!!
EDENISE CARRATU – Meu querido amigo, realmente tenho que te responder que as três perguntas me fazem muito feliz.
Olhar para atrás e ver o quanto eu já fiz pelo mundo do Automóvel Antigo? Isso é meu orgulho.
Olhar para a frente e ver ainda o quanto posso fazer? Penso nisso diariamente.
Olhar ao meu lado e ver o que construí nesses anos? É a minha maior FELICIDADE todos os amigos que conquistei. Me sinto uma pessoa abençoada, tenho amigos, vi muitos filhos de amigos — e você é um exemplo disso — crescer neste ambiente saudável. Paulo, só posso agradecer a Deus por me abrir esse caminho. Um beijo a todas as minhas meninas.
Destaques dos classificados
Thiago Songa – Diretor Regional da Federação Brasileira de Veículos Antigos. Editor da revista A Biela. Ribeirão Preto, SP
Querida mãe de todos os antigomobilistas.
O Encontro Paulista de Autos Antigos é, atualmente, o evento mais invejado (inveja boa e ruim) de todo o Brasil. Dezenas de eventos de carros antigos tentam, todos os anos, usar Águas de Lindóia como exemplo do que ser imitado e também do que não ser imitado (vários eventos preferem não fazer premiação, por exemplo), visando sempre o sucesso do evento. O Encontro de Lindóia é esperado por todos os colecionadores e vendedores de peças, existem ainda aqueles que dizem que o ano só começa depois de Lindóia. Todos os anos, cerca de 300.000 pessoas passeiam pelo encontro.
Enfim, minha pergunta: como um evento desta dimensão, que movimenta tanta gente e tanto dinheiro para a cidade, não despertou ainda um interesse de grandes marcas patrocinadoras como operadoras de celular, seguradoras, refinarias, etc? Afinal, 300.000 pessoas é gente pra dedel!
EDENISE CARRATU – Sr. Thiago Songa, pois é! Porque um evento desse porte não consegue um patrocinador? O conceito é que são pessoas de classe média alta e carro antigo é coisa que não traz retorno para nenhuma empresa. Você acha isso? Ainda não consegui entender! Se você conseguir, por favor me diga. Será que falta mais divulgação direcionada? Será que é porque quem organiza é uma mulher? Talvez você me responda a essas perguntas e vamos conseguir achar o fio da meada. Ao mesmo tempo, tenho medo de uma empresa tirar o brilho do evento, a característica dele: o calor com que os participantes são recebidos. Já tive contato de empresas que queriam tomar conta do evento e não consenti nisso, não vou jamais tirar a característica do evento. Espero que alguma luz um dia brilhe e uma empresa consiga enxergar o retorno que o Encontro Paulista pode trazer. Enquanto isso, vamos trabalhar, meu amigo, para que a estrela brilhe cada vez mais. Um beijo.
Atos R. Fagundes – Antigomobilista de nascença e Editor da Revista Classic Show – Ijuí, RS
Ola Edenise. Pra nós é uma honra poder estar participando dessa entrevista com alguém que tanto temos carinho e admiração. Um dos momentos mais marcantes pra mim, em que estava ao seu lado, foi durante o evento de Araxá em 2010, onde a vi contar a sua história como antigomobilista ao lado de seu marido Nilson. O modo emocionante como nos contava nos contagiou e quando falava do carinho pelo evento de Águas de Lindóia o qual tão bem o organizam, vimos lágrimas em seus olhos. Enquanto muitos homens tentam convencer as suas esposas de que carro antigo não é carro velho, você ao lado de seu marido, dividindo uma mesma paixão e nos brindando com o maior evento antigomobilista da América Latina… O que move essa paixão mutua do casal? Isso já vem de longe?
EDENISE CARRATU – Atos, obrigada pela lembrança. Realmente é uma paixão antiga. Vamos dizer que chega perto de 45 anos. É muito, você não acha? Já dá para conhecer alguma coisa sobre carros antigos e pessoas que nos envolvem. Desde que conheci o Nilson foi dupla paixão, por ele e pelos maravilhosos carros. Outubro de 1961: um belo rapaz dirigindo uma Nash 1951. Foi ai que começou nossa grande história. Sempre fomos companheiros em todos os momentos e porque não seguir esse hobby onde poderíamos fazer com que todos pudessem nos acompanhar e ver crescer num ambiente saudável, nossas filhas e hoje nossos netos? Com o Encontro Paulista pudemos mostrar o que é realmente o mundo do antigomobilista. Penso que com todo esse carinho eu consigo transmitir confiança e isso trás novos colecionadores e seus familiares. Você não acha que todas essas lembranças dariam um livro? Um grande abraço, nos vemos em Águas de Lindóia.
Portuga Tavares – Editor de textos do programa Auto Esporte, colaborador de revistas especializadas – São Paulo, SP
Edenise, em primeiro lugar, parabéns por tudo que tem feito ao antigomobilismo brasileiro. Começamos com nossos antigos por pura paixão, aos poucos ganhamos maturidade em antigomobilismo e hoje somos um movimento cultural que aumenta a cada dia. Lembro-me do primeiro Encontro Paulista, ainda em Águas de São Pedro, eu era o menino sem carro e sem pai colecionador, mas sempre fui muito bem acolhido por você e o Nilson. Se hoje o Brasil tem o reconhecimento merecido em automóveis antigos, boa parte do mérito é do Casal Carratu e seu “Águas de Lindóia”. Conte-nos, por favor, um pouco dos primórdios do evento e como deu-se a evolução do maior encontro de automóveis antigos da América Latina.
Aproveito a oportunidade para fazer outra pergunta: tenho uma teoria que é “onde mulher põe a mão tudo evolui e se consolida”. Vejo esposas de colecionadores que dizem: “O único evento onde vou é Águas de Lindóia…”. Acredito que esse sucesso é porque além do encontro de carros, existe também o encontro de amigos, famílias e principalmente a área social, com festas temáticas, show, jantares, chá das damas, tarde do boteco, enfim diversos eventos paralelos que unem as famílias. Conta para a gente de onde você tirou essa ideia de gênio.
EDENISE CARRATU – Amigo Portuga, veja como os anos passam: estamos há 16 anos juntos nessa evolução do antigomobilismo. Fico muito feliz por você lembrar do movimento cultural nesta luta pela preservação do automóvel antigo. O Encontro Paulista nasceu da ideia de unirmos clubes irmãos, uma democracia, sem marca, onde os clubes poderiam ter seu espaço para divulgação do mesmo. Sou do seguinte pensamento: tudo o quê você começa sólido só pode com o tempo se consolidar, ou seja, crescer, crescer, sempre com o cuidado para um tijolinho não deixar esse arranha-céu ruir, esse é o grande segredo. Talvez toda esse evolução se deva a nunca pensarmos em chegar a esse sucesso com o intuito de surgirmos em midia, revistas, jornais etc, etc… mas sim de união, de podermos preservar a historia do automóvel antigo e acho que estamos conseguindo. Bem, vamos falar sobre as minhas meninas. Portuga, pense comigo: você é casado, vai a um evento e sua esposa fica ao seu lado sem ter o que fazer. Nem você, nem ela vão aproveitar esse passeio! Como sou uma pessoa muito observadora, tinha que achar uma solução. Foi quando surgiu a SFAA e junto uma programação onde a família se envolveria de tal forma que cada vez mais aumentaria o número de participantes e colecionadores. Idéia genial não foi? Obrigada pelo apoio!
Sizenando Coutinho – Colecionador. Vice-presidente do Veteran Car Clube de Vitória – Vitória, ES
Primeiramente quero parabenizá-la por conseguir reunir em Lindóia em torno dos carros antigos, as famílias. Como, desde 1999 temos ido regularmente ao Encontro Paulista, observamos que as programações estão cada vez mais voltadas em agrupar as famílias. Isto é de propósito? Há um objetivo maior nisso?
EDENISE CARRATU – Caro amigo Sizenando, prazer em falar com você. Não vamos dizer de propósito, mas sim que essa é a finalidade: reunir as famílias num evento que se tornou o ponto de encontro de amigos distantes. Nosso objetivo é, através da vasta programação, cativar ainda mais os participantes. Tenho um cuidado muito grande para que em cada detalhe da programação eu consiga demonstrar o carinho enorme que tenho pelos meus amigos participantes e claro da presença da parte feminina que ornamenta ainda mais esse grandioso evento. A premiação, ponto culminante do evento, vejo como uma passarela onde os melhores modelos irão desfilar numa noite brilhante, um colírio para os olhos dos colecionadores. Enfim Sizenando, meu objetivo maior é tocar os corações com muita emoção para todos que apreciam esse hobby maravilhoso.
José Rezende Mahar – Jornalista especializado – Rio de Janeiro, RJ
Fale um pouco sobre os automóveis de sua coleção particular. Como e quando começou o “vírus”?
EDENISE CARRATU – Estimado Mahar, sobre minha coleção tenho muito o que falar, mas vamos resumir um pouco. O Nilson, meu marido, sempre diz que ele já nasceu com um pouco de ferrugem no sangue. Meu sogro sempre entendeu de mecânica e isso ajudou muito na recuperação de alguns dos nossos veículos. Diferente de muitas coleções, a nossa foi feita com dedicação e um pouco de sacrifício o que talvez nos fez dar maior valor. Tudo começou com um Chevrolet Baby Grand 1917 que meu sogro comprou quando o Nilson tinha 9 anos de idade (há 61 anos atrás). O Rolls Royce Presidencial que você bem conhece a historia, que conseguimos num leilão da Receita Federal, esse momento foi esperado durante 10 anos e quando aconteceu não tínhamos condições financeiras, mas conseguimos arrematar o tão esperado sonho. A MG 1953 preta com estofamento vermelho (uma graça!), fomos a eventos com ela com minhas filhas ainda pequenas. Eu ia dirigindo com as meninas e o Nilson ia com outro, geralmente com o Chevrolet 1917. A Cadillac Limousine 1947 do falecido amigo Roberto Miranda dispensa comentários: é uma peça maravilhosa. Agora vamos ao meu sonho, a Pagodinha!!! Está comigo há 20 anos, presente de Bodas de Prata, não é lindo? E assim outros, que estão na garagem sempre com alguma lembrança, sem discriminação. Todos muito bem cuidados. Mahar, na época dos Concursos de Elegância, fomos premiados com uma Lancia Lambida 1924. Foi muita emoção! Bons tempos, em 1974. Como você esta vendo, somos veteranos no meio do antigomobilismo. Em 1957, o Nilson participou do seu primeiro encontro de carros antigos na TV Tupi com um Ford 1922, e na inauguração da Ponte Rio Niterói estivemos presentes com uma Cadillac 1954, junto com o saudoso Roberto Lee. Chega, hein, Mahar!!! Senão nossa conversa não vai ter fim. Um grande abraço.
Glenys Bessler – Presidente do Clube Elas de Veículos Antigos – Curitiba, PR
Edenise, como você vê a presença feminina neste espaço que era destinado exclusivamente para os homens? Como você lida com as meninas que fazem parte do seu clube, pois existem dificuldades em preservar a amizade quando se tem uma líder, pois nem sempre somos entendidas nas nossas atitudes e decisões?
EDENISE CARRATU – Olá Glenys, que bom falar com você! Há 17 anos, quando nasceu a Sociedade Feminina de Autos Antigos (SFAA) foi realmente uma surpresa para muitos clubes e escutei o seguinte comentário: “Não dou 6 meses para esse Clube acabar, não vai dar em nada”.
Mas com o tempo, eles viram que a realidade era outra. Não estávamos entrando no espaço deles e sim nos unindo para que os eventos se tornassem um hobby familiar e foi isso o que conseguimos: uma grande família antigomobilista, da qual eu me orgulho. As meninas também foi um trabalho de formiguinha, você entende? Mas deu certo. Adoro minhas companheiras, tenho muito carinho por todas. Para conseguirmos chegar aonde estamos, precisei de muita determinação, persistência e visão. Em tudo tem que haver um líder. Para os bons e maus momentos, alguém tem que por a cara para quebrar, concorda? Sucesso para você! Nunca desista de seus sonhos, um grande beijo.
Renato Bellote – Colunista e fotógrafo especializado em automóveis. Mantenedor do site “Garagem do Bellote”. São Paulo, SP
Antes de mais nada quero parabenizá-la pelo trabalho em prol dos veículos antigos. Quanto você começou, encontrou resistência de alguns colecionadores machistas?
EDENISE CARRATU – Obrigada Renato por elogiar meu trabalho. Realmente encontrei sim certa resistência do lado masculino, mas isso era de se esperar. Há 16 anos atrás vem uma mulher e aos poucos toma conta duma fatia que era vista como somente de homens. Porém, com o tempo, consegui passar para eles que eu não estava tomando conta do espaço, mas sim trazendo suas companheiras. Parecia difícil para muitos, mas consegui. Hoje a maioria dos eventos com uma programação em paralelo para as mulheres e com isso um maior volume de expositores. Isso é o crescimento da família no antigomobilismo.
Tércio Fagundes Caldas – Presidente do Clube do Carro Antigo da Paraíba – João Pessoa, PB
Cara Edenise, sabemos que pela característica própria da mulher, de organização, perfeição e dedicação a uma causa, um evento da magnitude do Encontro Paulista de Autos Antigos, só poderia ser o sucesso que é. Afirmo sempre que Águas de Lindóia é a Meca do antigomobilista brasileiro. No entanto, o que nos faz mais surpreso e admirado, é o fato do evento ser de um universo predominante masculino, o automóvel antigo. Minha esposa, assim como muitas mulheres, participa ativamente deste movimento, inclusive com seu próprio carro antigo. Como você observa o crescimento e a perspectiva da participação das nossas companheiras, e mesmo da mulher por iniciativa própria, nesta cultura de preservação e de colecionar carros antigos?
EDENISE CARRATU – Tércio, um grande abraço e parabéns pela sua companheira. Realmente com minha dedicação por essa causa que é trazer ao mundo masculino a presença da mulher, devo ao exemplo que estou conseguindo passar dos anos que tenho de vivencia no meio dos carros antigos, junto com minha família. A SFAA veio justamente para que as mulheres passem a estar presentes ao lado de seus companheiros. Esse sempre foi meu lema: “União”. Com esse trabalho vejo a aproximação cada vez maior de mulheres nos eventos, ajudando a preservar a cultura do automóvel antigo e muitas já com seus carros de coleção, não é maravilhoso? Tenho certeza que com a presença de sua companheira nos eventos a união entre vocês esta mais forte, acertei? Nos vemos em Águas de Lindóia e faço questão de dar um abraço em vocês pessoalmente.
Ariel Gusmão – Presidente do Automóvel Clube do Brasil – São Paulo, SP
Nós bem sabemos das dificuldades para a realização de um evento de âmbito nacional, por esse motivo, primeiramente a parabenizo por seu empenho em prol do antigomobilismo no Brasil, já que você é um exemplo de força e determinação. Nesse nosso universo, os homens normalmente são os principais responsáveis pela organização de eventos e encontros de antigomobilistas. Não tenho notícias, nem mesmo em outros países, de uma mulher à frente de um evento similar ao de Águas de Lindóia, que se consolidou como o maior encontro de antigomobilismo do nosso país. Sendo assim, como você se sente por tal proeza e qual a sua inspiração para realizá-lo?
EDENISE CARRATU – Prezado Ariel, sou uma pessoa muito determinada e sonhadora. Não estamos aqui neste mundo por acaso, cada um de nós tem um trabalho, uma meta a cumprir e o meu é de não deixar morrer a preservação do automóvel antigo, unindo as pessoas num evento com muita alegria, numa programação para todas as idades. Minha inspiração é a bagagem que trago por todos esses anos no meio do antigomobilismo, a confiança que transmito em meus atos me traz a força para dar continuidade a esse evento que hoje já esta consagrado, ou seja, credibilidade. Minha maior alegria é poder ajudar as pessoas a realizarem outros eventos. Quero deixar muitas sementes por esse mundo afora. Só assim vou me sentir uma pessoa realmente realizada. Desejo sucesso a você, um grande abraço.
Roberto Ruschi – Presidente do Veteran Car Clube do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro, RJ
Sua excelência Edenise, conhecedor dos trabalhos realizados à frente da Sociedade Feminina de Autos Antigos e do magnífico Encontro Paulista de Águas de Lindóia, é com grande honra e satisfação que dirijo a palavra. Há anos frequento o Encontro em Águas de Lindóia e sinto uma enorme corrente crescente e positiva muito forte de diversos segmentos do antigomobilismo, principalmente no que diz respeito a peças antigas. Qual sua opinião quanto ao futuro dos carros e peças antigas? Focando a grande parte da nova geração que curte carros antigos, não curtiu e não vivenciou principalmente os importados lindos, maravilhosos e às vezes até exóticos, de décadas inferiores a 80.
EDENISE CARRATU – Roberto obrigada pelas gentis palavras. Sei da existência de muitos colecionadores que têm em suas garagens veículos maravilhosos, décadas de 20 em diante totalmente preservados de uma maneira impecável. São carros que carregam uma história a espera de um museu onde estariam eternamente vivos, coisa que no Brasil ainda não conseguimos, pois não temos cultura para isso, que é uma pena. Um sonho (meu e do Nilson) que ainda não conseguimos realizar: um museu a altura dos veículos que estão escondidos por esse pais a fora. Várias décadas para todas as idades, seria maravilhoso mais um sonho a se realizar. Quanto às peças, temos um mundo a parte em quantidade, tanto que muitos colecionadores hoje encontram suas peças aqui mesmo no Brasil. Roberto, espero ver crescer cada vez mais esse movimento positivo. Um grande abraço.
Fernando Barenco – Administrador do Portal Maxicar de Veículos Antigos – Petrópolis, RJ
Num passado não muito distante, o antigomobilismo era tido como um hobby voltado somente à elite. Nos últimos anos, por razões que vão do crescimento da internet à merecida valorização dos automóveis antigos nacionais — antes encarados como “carros velhos”, sem valor histórico — o antigomobilismo tornou-se um movimento popular, que cria clubes, mobiliza pessoas, incentiva o turismo, gera empregos e envolve muito dinheiro também. Como você vê toda essa efervescência?
EDENISE CARRATU – Fernando, pelo tempo que tenho de antigomobilista, passei pelo hobby da elite e hoje nos deparamos com uma época onde nascem todos os dias colecionadores de veículos antigos. Minha maior alegria é ver as pessoas chegando em seus carrões orgulhosos, expondo seus preciosos carros prontos para serem premiados ou não, trazendo junto seus familiares que vão estar num ambiente saudável. Não vejo tudo isso como um movimento popular, mas sim uma forma de gerar empregos e preservar a cultura do automóvel antigo. Você já fez o cálculo de quantas pessoas trabalham na restauração de um veiculo antigo? Claro que alguns abusam um pouco em valores na restauração dos mesmos, para isso temos a pesquisa de mercado. O crescimento de clubes acho que esta um pouco além da necessidade. Aí vem a falta de união. Teríamos que ser mais unidos, com menos clubes para assim, não termos tantos eventos, que dividem demais as pessoas. Menos clubes, mais união, com as mesmas pessoas, certo Fernando?
Me ponho à disposição para qualquer duvida que por algum motivo não tenha ficado claro. Aproveito para agradecer a oportunidade de expor minhas ideias e um pouco da minha história e a todos que gentilmente fizeram parte dessa entrevista. Meu agradecimento especial ao meu companheiro Nilson que muito me ajudou a chegar a concretizar meus sonhos. Um grande abraço a todos os colecionadores!
Organização, texto introdutório e edição: Fernando Barenco
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