Um clube paulista, dedicado a esse charmoso conversível
[dropcap]A[/dropcap]lmoços, viagens e a presença em diversos eventos, entre eles o tradicional Encontro Mensal do Parque da Luz, fazem parte desse clube, que não cobra mensalidades, e reúne hoje cerca de 5.000 membros. Passeios com as capotas arriadas em um belo dia de sol é sinal de pura liberdade… Este mês converso com o amigo Walter Barboza Arruda, que há 12 anos está à frente da presidência do Clube do MP Lafer do Brasil, de São Paulo.
Em primeiro lugar vamos conhecer um pouco da história do Clube do MP Lafer do Brasil. Como tudo começou? Quantos membros possuem?
Walter – O Clube do MP Lafer do Brasil surgiu em 1997 com característica mais de associação de proprietários do que propriamente de clube. Na época, eu e mais dois amigos, achávamos que um clube seria uma coisa muito complexa, com sede, funcionários, diretoria, tesouraria, etc, o que nenhum de nós tinha a intenção de encarar.
Primeiramente, começamos a divulgar e cadastrar proprietários de todas as formas possíveis, no intuito de reunir o maior número de MP Lafers possível. Em 1998, surgiu a ideia de realizarmos um passeio só de MP Lafer, quando então já contávamos com 120 veículos cadastrados. O passeio foi para Serra Negra-SP, com o comparecimento de 42 carros, o que foi considerado um sucesso, tanto é que a partir de então, os passeios foram realizados anualmente, sendo que em 2014 tivemos a edição de nº 18.
A formalização do Clube ocorreu em 1998, com a elaboração e registro do Estatuto em Cartório. Atualmente, temos cerca de 500 proprietários de MP Lafer cadastrados em todo o Brasil.
Que atividades o clube realiza?
Walter – Além do passeio anual, realizamos no fim do ano um almoço de confraternização, e sempre incluímos nosso clube nos encontros de carros antigos realizados ao longo do ano em diversos locais.
Por ser um clube de marca específica, como é o relacionamento de vocês com os clubes de MP Lafers de outros estados? Tem ideia de quantos clubes existem? E onde se concentra o maior numero de carros?
“O MP Lafer foi considerado um veículo original dada as diferenças com o MG TD.”
Walter – Clube oficial de MP Lafer regional só conhecemos do Paraná. Além dele, existem algumas associações de proprietários no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Campinas. Fora do país, existe o Clube do MP Lafer dos EUA.
Destaques dos classificados
Fale sobre momentos marcantes para o clube: alegrias, tristezas, conquistas, um passeio especial….
Walter – O momento que mais marcou nosso clube foi a expectativa do primeiro passeio que realizamos, pois não se sabia qual a dimensão que o mesmo atingiria, se seria um sucesso ou fracasso. Para nossa alegria, foi um sucesso, pois, a fila indiana de MP Lafers na estrada em direção a Serra Negra despertou a atenção de todos que passavam, muitos carros parando no acostamento para fotografar.
Também tivemos algumas tristezas, como a morte de um ‘laferista’ que vinha do Rio ao nosso passeio de São José dos Campos.
Qual a sua visão do antigomobilismo no Brasil? Precisamos melhorar de alguma forma, alguma sugestão?
Walter – Encontro de carros antigos no Brasil é coisa relativamente nova. Antes da década de 1990 ele não existia. A partir do primeiro Encontro Paulista realizado em Águas de Lindóia, houve uma explosão de Encontros de Antigos em vários locais, e hoje, praticamente não há uma cidade importante no país que não tenha em seu calendário um encontro de veículos antigos. Isto é positivo de um lado, mas, é preciso se preocupar com a qualidade, que em alguns casos é muito baixa.
Via de regra, automóveis que são réplicas de modelos originais não podem possuir placas pretas. No entanto, entre os clubes credenciados ficou estabelecido que o MP Lafer não pode ser considerado uma réplica do MG TD. Você poderia explicar a nossos leitores porque o Lafer tem o conversível inglês apenas como uma ‘fonte de inspiração’?
Walter – Para discutir os critérios de concessão de Placas Pretas em todo o país, Presidentes de Veteran Car Club de todos os Estados promoveram reuniões sob a coordenação da Federação Brasileira de Veículos Antigos. O MP Lafer foi considerado um veículo original dada as diferenças com o MG TD. O MP não possui portas suicidas, tem vidros nas portas, possui motor traseiro, bancos individuais, rodas de liga leve, lanternas exclusivas, e outros detalhes que o diferenciam do inglês. Dessa forma, o MP Lafer apenas foi inspirado no MG TD. Também, o fato da Lafer ser considerada uma indústria automobilística, pois, montava o carro a partir do chassi e toda a mecânica nova recebidos diretamente da Volkswagen, contribuiu muito para a decisão. Curiosamente, o sucesso do MP foi tão grande que após o encerramento de sua fabricação, em 1988, teve muitas cópias montadas a partir de chassis reaproveitados de carros sinistrados ou abandonados.
Estive vendo no site do clube que não há nenhum tipo cobrança de mensalidades de seus associados. Como vocês administram os eventos e passeios realizados? O que é preciso para fazer parte do clube?
Walter – Desde o início, optamos por não cobrar qualquer tipo de mensalidade ou taxa de inscrição, pois, além da complexidade do controle, isto limitaria muito a participação nos eventos, que é claro, seria restrito somente aos pagantes. As despesas do Clube são custeadas pela venda de camisetas, bonés, adesivos e de ações entre amigos que fazemos por ocasião dos passeios. Para fazer parte do Clube é necessário ter um MP Lafer e enviar os dados pessoais e do carro para cadastro.
Como e quando surgiu sua paixão pelos carros antigos? O MP Lafer é o seu único xodó ou dá para dividir a paixão com outras marcas?
Walter – Acho que a gente já nasce com ferrugem na veia. Desde criança, eu gostava de sentar ao volante de um carro, e fazer de conta que estava dirigindo. Hoje, eu divido meu tempo com mais três carros antigos.
O MP Lafer atingiu hoje o status de um automóvel ‘cult’, conquistando a cada dia um maior número de fãs e consequentemente valores de mercado bastante elevados. Será que o Sr. Percival Lafer imaginou lá nos idos dos anos 1970 que seu despretensioso projeto iria alcançar esse patamar, tantos anos depois?
Walter – O MP Lafer sempre foi considerado um carro atraente pelas suas formas, tanto é que vários artistas o possuíram. Lá fora, também ele fez muito sucesso, pois, das 4.300 unidades fabricadas entre 1974 e 1988, cerca de 1.500 foram exportadas para a Europa, EUA, Japão e Oriente Médio. Hoje, com a maior escalada na preservação dos antigos, vários exemplares de MP ressurgiram nas ruas. Pessoas que não tinham poder aquisitivo para possuir um MP em sua época de jovem, hoje, conseguem adquirir um e restaurá-lo, fato que elevou muito o nível de qualidade dos exemplares atualmente. Acredito que o Sr. Percival Lafer, que tem acompanhado nossos eventos e tem passado muito conhecimento a respeito do veículo que criou, em seu íntimo, deve estar muito orgulhoso dos exemplares que construiu, pois, o carro virou um ícone da indústria automobilística nacional.
“Acredito que o Sr. Percival Lafer, em seu íntimo, deve estar muito orgulhoso dos exemplares que construiu, pois o carro virou um ícone da indústria automobilística nacional.“
Nossa entrevista está terminando e deixo aqui com a palavra para suas considerações finais, o amigo e presidente Walter Barboza Arruda, a quem agradeço imensamente pela grande colaboração ao Portal Maxicar e a todos os antigomobilistas que nos prestigiam com sua visita, para que possam conhecer um pouco dos clubes pelo Brasil.
Walter – Agradeço a oportunidade de falar um pouco do nosso carro, ressaltando que a preservação de carros antigos faz parte da história e da cultura de um país, e quanto maior ela for, maior será a evolução do povo.
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