“Através da restauração e conservação, preservamos a história e resgatamos a memória de quem a vivenciou”
“ [dropcap][/dropcap]Envolvi toda família, começando pela esposa que me acompanha em todos eventos, continuando pelo filho mais velho que tem uma pequena e bela coleção de Dodges nacionais e as filhas, que sempre que podem participam”, comenta o nosso entrevistado. Quanto ao clube que preside há 9 anos, ele diz:“no CAAT não existem ‘estrelas’. Somos todos iguais na paixão por carros antigos, independente da profissão ou posição social”. Este mês converso com o amigo Aldo de Toledo Fusco, presidente do Clube de Autos Antigos de Taubaté – SP — CAAT.
“Também assumiremos o Museu do Transporte de Taubaté, hoje sem função, renovando seu acervo, fazendo rodízio de carros de nossos associados, que ficarão expostos a visitação pública”
Vamos conhecer um pouco da história do Clube de Autos Antigos de Taubaté. Quantos membros possui?
Aldo – O Clube de Autos Antigos de Taubaté – CAAT foi fundado em Agosto de 1987 por cinco apaixonados por autos antigos: Wladimir Salim Minhoto, Benedito M. Andrade Neto, Paulo Simonetti, Mario Marchetein e Geraldo Antonio N. Mine. Hoje somos 84 associados com acervo de aproximadamente 230 carros.
“A paixão do colecionador é movida pelo interesse na história e evolução dos automóveis, pelo saudosismo e nostalgia do passado, e pelo prazer de restaurar, consertar, dirigir e colecionar essas máquinas que o século XX transformou em grande paixão de homens e mulheres”. Fale sobre essa filosofia do clube, inspirada nas palavras de Roberto Lee, o precursor do antigomobilismo no Brasil.
Aldo – É a síntese do ideal que norteia o CAAT. Temos plena consciência de que através da restauração e conservação de nossos veículos, preservamos a história, resgatamos a memória de quem a vivenciou.
Que tipo de atividades o clube realiza? E o que vem por aí…
Destaques dos classificados
Aldo – O CAAT é um clube dinâmico. Todo mês, mais precisamente no último domingo, realizamos passeio/encontro de até 100 km por cidades do Vale do Paraíba, promovendo o congraçamento entre as famílias, fortalecendo amizades. Também é uma ótima oportunidade para trocarmos experiências sobre os carros, manutenção e restauração. Este ano teremos nossa sede social, onde faremos todo expediente do clube, além de reuniões, palestras, cursos.
Também assumiremos o Museu do Transporte de Taubaté, hoje sem função, renovando seu acervo, fazendo rodízio de carros de nossos associados, que ficarão expostos a visitação pública, divulgando nosso clube, seu trabalho e propósito, mostrando a todos a história da indústria automobilística.
Como tem sido sua trajetória à frente da presidência do Clube de Autos Antigos de Taubaté? Na sua opinião quais são as maiores dificuldades enfrentadas por um presidente de clube de automóveis antigos?
“Freqüentei o Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas por muitos anos. Vi seu apogeu e jamais poderia imaginar que muitos anos depois seria convidado a fazer o levantamento do que restou de seu acervo.”
Aldo – O CAAT enfrenta os mesmos problemas que enfrentam outros clubes de autos antigos, sendo o principal, a falta de engajamento e participação de um número maior de associados em suas atividades. Salvo honrosas exceções, este problema atinge boa parte dos clubes com quem habitualmente conversamos. Quando assumi a presidência, a inadimplência era alta, por causa de um sistema de cobrança precário, pouco eficiente. Tínhamos um excelente controle de contas, mas faltava um resultado mais efetivo nas cobranças das semestralidades dos associados. Mudamos para boletos bancários, chamamos os maiores devedores, compusemos com eles varias formas de acerto e hoje nosso índice de associados em atraso não chega a 3%. Isto nos dá fôlego para planejarmos e executarmos novos projetos.
Momentos que merecem ser lembrados de conquistas para o CAAT.
Aldo – Algumas conquistas nos enchem de orgulho como por exemplo o encontro que realizamos a cada dois anos, no estacionamento de um shopping local com mais de 300 carros expostos, nosso rally por estradas vicinais da região que está em sua terceira edição e com cada vez mais carros participando, nosso site: www.antigostaubate.com.br e a página no Facebook: caat.antigostaubate. Também disponibilizamos um ônibus todo ano para os associados irem até o encontro de Águas de Lindóia, rateando o custo do fretamento, numa viagem muito gostosa. Primeiro por estar entre amigos, a convivência é agradável, segundo que no CAAT não existem “estrelas”. Somos todos iguais na paixão por carros antigos, independente da profissão ou posição social e terceiro porque o assunto — carros antigos — agrada a todos.
Qual a sua visão do antigomobilismo no Brasil? Precisamos melhorar de alguma forma? Alguma sugestão?
Aldo – Desde que conheço por gente, que gosto de carros antigos. Freqüentei o Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas do saudoso Roberto E. Lee por muitos anos. Vi seu apogeu e jamais poderia imaginar que muitos anos depois seria convidado a fazer o levantamento do que restou de seu acervo original, que foi usado para iniciar o processo de tombamento. Por três dias, fiquei na companhia de ratos, baratas, carrapatos e morcegos, fazendo o relatório do que era possível ver e examinar, nas precárias condições do galpão em que se encontravam os carros daquele que foi referência do antigomobilismo no Brasil.
Na cerimônia que iniciou o processo de tombamento, já com os carros que sobraram, limpos, guardados e expostos em local melhor, mais adequado ao seu valor histórico e econômico, tive o prazer de conhecer outro pioneiro no antigomobilismo e que editou a talvez primeira publicação mensal voltada exclusivamente para este assunto que é o Sr. Malcom Forest, que por muito tempo me abasteceu, através de suas publicações, com informações sobre tudo relacionado ao mundo dos antigos sobre rodas. Ia sempre a loja “Jardineira” em São Paulo, só para admirar o que estava exposto. Era paixão pura.
Hoje vejo o antigomobilismo em processo inevitável de mudança, com a presença cada vez maior de carros nacionais, antes desprezados e hoje, merecidamente, preservados e valorizados. Depois, com o advento da Internet, muitas barreiras que dificultavam a restauração foram quebradas. Quem já restaurou um carro há mais de vinte anos sabe a dificuldade que era para se conseguir peças e partes para manutenção ou restauro. Poucas eram as oficinas especializadas, sendo que a mais famosa da época, a Magneto, fazia um trabalho impecável.
Hoje é bem mais fácil ser um colecionador. Há clubes em profusão, mono ou multi marcas, o quê é bom pela maior divulgação do antigomobilismo, mas por outro lado preocupa o escopo de alguns poucos no tocante a seus propósitos combinando com uma certa facilidade na concessão de Certificados de Originalidade, para carros desqualificados para tal. Se nada for feito e rápido, corremos o risco de ter as Placas Pretas totalmente desmoralizadas, jogando por terra o trabalho iniciado por Roberto Nasser.
“O que torna um carro clássico são suas formas, sua qualidade, sua origem e sua marca. Um clássico não é comum, nem pode ser. Não se vê toda hora. Tem seu encanto peculiar.”
Hoje basta acessar um site de busca que encontramos praticamente tudo que precisamos, aqui ou no exterior, sendo uma questão do valor ser justo para comprarmos e sorte para encontrar mão de obra qualificada.
O envolvimento com carros antigos sempre está ligado a algum fato marcante na vida das pessoas que o admiram. O que o levou a ser um antigomobilista? A família já está contaminada pelo vírus da ferrugem?
Aldo – Como já disse na resposta anterior, desde que me entendo por gente que gosto de carros antigos, de ônibus e motos também. Era inevitável que este gosto virasse uma paixão até hoje. E o pior é que envolvi toda família, começando pela esposa que me acompanha em todos eventos, continuando pelo filho mais velho que tem uma pequena e bela coleção de Dodges nacionais, e as filhas, que sempre que podem participam.
Quais os seus “xodós” sobre rodas? Fale um pouco sobre eles. Algum fato marcante a bordo de algum deles?
Aldo – O fato de hoje eu ser presidente do CAAT se deve a um carro que me acompanha desde 1986, um Dodge Dart cupê 1978. Foi por causa dele que conheci os hoje companheiros de clube. Passei por períodos de grande dificuldade para conseguir peças em mão de obra para sua manutenção, sendo que várias vezes comprei varias peças ou partes usadas para poder fazer uma. Por exemplo, uma ocasião comprei 3 carburadores para fazer um. De tropeço em tropeço, passamos por aquele período de turbulência, quando além da dificuldade já falada, a desvalorização era enorme e o desprezo dos mecânicos era total. Quando poderia imaginar que um dia acharia quase todas as peças que preciso, por uma simples procura na Internet. Novos tempos, bons tempos. Pelo menos neste aspecto. Estamos envelhecendo juntos. Hoje só queremos calmaria. Nada de arroubos ou desafios. Este tempo já passou.
Depois de anos com o Dodge, outro “moleque” apareceu como quem não quer nada e foi ficando, ficando e hoje já tem um lugar no coração. Pequeno, carismático e muito simpático, há uns 4 anos, fui apresentado a um MP Lafer TI e o que seria um namoro rápido, passageiro se transformou em compromisso sério. Hoje é meu companheiro mais usual, seja pelo prazer de dirigir, pela simpatia e facilidade de manutenção. Não bastasse um, agora são dois MPs , sendo que o mais novo foi salvo na hora “h” de ser transformado em hot. Carrega algumas marcas, que um bom profissional eliminará. Questão de tempo e capricho.
Faço parte do simpático e receptivo Clube MP Lafer de S. Paulo.
Tem sido cada vez maior a participação dos chamados “novos clássicos” nos encontros. São os automóveis fabricados nos anos 1980, 90 e até 2000. Como dirigente de clube de automóveis antigos como você vê a participação desses veículos mais modernos?
Aldo – O que torna um carro clássico são suas formas, sua qualidade, sua origem e sua marca. Um clássico não é comum, nem pode ser. Não se vê toda hora. Tem seu encanto peculiar. Ele se destaca e se distingue. Ao contrário de outras épocas, em que os automóveis eram para poucos, a quantidade de carros produzidos nas últimas duas décadas, popularizou-os, não tendo, a maioria, o glamour da raridade, com exceção de alguns mais caros e de pouca produção.
Nossa entrevista está chegando ao fim e deixamos aqui com a palavra o amigo e presidente Aldo D. de Toledo Fusco, para que deixe uma mensagem aos antigomobilistas que prestigiam o Portal Maxicar. E agradeço imensamente por podermos mostrar a cada mês um pouco sobre cada clube pelo Brasil.
Aldo – Agradeço a oportunidade a esta equipe que tanto tem feito pelo antigomobilismo, divulgando os eventos, aproximando vendedores e compradores, realizando o sonho de muitos e que nos proporcionou poder divulgar o Clube de Autos Antigos de Taubaté – CAAT.
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