“Prefiro ter amigos sem clube no lugar de clube sem amigos”
[dropcap]P[/dropcap]reservar e fazer amigos é de suma importância em sua vida. Amante daquelas grandes “barcas”, como disse, desde 7 anos, quando viu pela primeira vez um Galaxie. Foi amor à primeira vista. Disse a seu pai que um dia ainda teria o seu. Sobre sua famíla comentou:“Pertenço a uma família de classe média, filho de um pai trabalhador/batalhador — que veio com meus avos do interior de São Paulo para conquistar o que tem com muito suor, raça e coragem — e uma mãe carinhosa e diligente, filha de imigrantes portugueses. Advogado, está à frente da presidência há 7 meses. Tenho o prazer de entrevistar um novo amigo: Derec de Almeida Jorgetti, do Galaxie Clube do Brasil.
Como e quando surgiu o Galaxie Clube?
“Hoje temos em nosso quadro de associados proprietários das mais diversas marcas“
Derec – O Galaxie Clube do Brasil é resultado da união de 7 “galaxeiros” entusiastas que resolveram fundar um clube de carros antigos, mas que tivesse a atenção voltada principalmente à família Ford Galaxie (LTD, Landau, 500 ou Galaxie “standard”). Estávamos um pouco insatisfeitos com a atenção que era desferida aos Galaxies de forma geral e decidimos fundar um clube que abrigasse todo e qualquer modelo e marca de antigo, mas teria como plano de fundo o Galaxie.
Diante dessa iniciativa compartilhamos (fundadores e outros amigos que participaram do processo de criação do clube) a felicidade de sermos apresentados ao Roberto Suga que na ocasião era Presidente do Chevrolet Clube do Brasil de Carros Antigos, além de atuar na diretoria da FBVA, que nos apresentou as dificuldades e prazeres de se fundar um clube e nos conscientizou da importância de valorizarmos as amizades, independentemente do fabricante ou modelo do veículo. Aliás, a lição tem sido bem cumprida, pois além de a fundação do “GCB” ter ocorrido nas dependências do Chevrolet Clube, hoje temos em nosso quadro de associados proprietários das mais diversas marcas.
O clube foi oficialmente formalizado em junho de 2006, porém já integrávamos uma grande turma que se reunia em grandes encontros e as tratativas e preparativos para a fundação do clube iniciaram-se no fim de 2004.
Vocês realizam diversas atividades: o Encontro Mensal, “Galaxata” e o “Galaxie Night”. Nos fale sobre elas.
Derec – Todos os encontros do Galaxie Clube do Brasil são feitos para reunir os sócios, mas estão de portas abertas para receber visitantes e antigomobilistas simpatizantes com o evento.
Destaques dos classificados
Sobre o encontro da Caixa D’água, antes de ser um encontro mensal, tínhamos a Caixa D’água da Vila Mariana como ponto de encontro e partida para viagens e eventos relacionados ao antigomobilismo. Daí, de forma a não confrontar com nenhum outro evento mensal realizado em São Paulo, decidimos realizá-lo todo terceiro domingo do mês. Trata-se de um encontro de carros antigos bastante informal, onde comparecem vários modelos de carros, além dos Galaxies. No local instalamos uma churrasqueira portátil que começa a aprovisionar espetinhos de churrasco às 09:30 horas, bem como um isopor com bebidas. Quem quiser contribuir com o churrasco do próximo mês pode contribuir na “caixinha”.
A Galaxata surgiu da idéia de promover uma Carreata de Galaxies. Hoje, já não é mais só de Galaxies e sim de inúmeros modelos e marcas de diversos sócios e amigos que conquistamos ao longo dos tempos. Tem se tornado um evento tradicional no mês de novembro que aspira expectativa de muitos antigomobilistas. Sempre procuramos realizar um percurso que possibilite a participação da família e não apenas do carro e seus donos, valendo exemplificar que neste ano iniciamos o percurso na Vila Mariana e, via Rodoanel, fomos almoçar em uma excelente churrascaria na rodovia Regis Bittencourt.
Sobre o Galaxie Night, vale esclarecer que é um evento realizado em parceria com a Matel – Auto Show Collection e habitualmente ocorre no mês de março. Como o evento ocorre nas dependências do sambódromo do Anhembi, neste ano dificilmente ocorrerá no mês de março, pois provavelmente o espaço estará fechado para reforma de carnaval. Entretanto, no Galaxie Night realizamos um desfile mostrando a linha do tempo da família Galaxie (1967 à 1983), narrando as mudanças mais expressivas do Galaxie bem como os fatos históricos ocorridos durante sua preeminência.
Momentos marcantes em 2010 e que merecem destaque no clube.
Derec –Infelizmente preciso começar destacando um fato negativo que marcou muito o início de 2010 que foi a perda no nosso grande amigo Ricardo Ortiz, do Auto Show. O “Urso”, como nós o chamávamos, exerceu papel chave na fundação do clube e abriu muitas portas para nós. Aliás, esta aproximação nos tornou muito amigos, ele era muito bem quisto por todos e tivemos a honra de homenageá-lo no Galaxie Night de 2010.
Em seguida, destaca-se positivamente a doação por um grande sócio do clube de uma sede que já está em construção na cidade de Santo André.
Além disso, tivemos muito sucesso na realização dos eventos acima elencados e, principalmente, na realização do 2° Encontro Nacional de Galaxies ocorrido em Campinas, no mês de junho e concretizado pelo Galaxie Clube do Brasil, pelos Amigos do Galaxie e pelo V8 & Cia, de Campinas.
Ainda tivemos a honra de receber um convite especial do Clube de Veículos Antigos de São Roque que neste ano homenageará o Ford Galaxie, com o qual pudemos estabelecer uma parceria pra lá de positiva e que surtirá grandes frutos.
Ademais, este ano que passou serviu para o Galaxie Clube do Brasil estreitar laços com clubes que são referência em nosso meio, tais como o Clube do Fordinho, o Chevrolet Clube, o Clube de Automóveis Antigos de Santos, o V8 & Cia, Jundiaí, etc.
Quais são as principais metas para 2011?
Derec – Nossos principais alvos continuam abalizados em agregar sócios participativos e não apenas números. Para isso pretendemos melhorar todos os eventos que patrocinamos, oferecer maior comodidade e atenção aos sócios. Vou destacar ainda que nossa diretoria tem trabalhado exaustivamente em favor do clube com o escopo de atender seus sócios e sem qualquer contra prestação, o pretendemos manter e até ampliar em 2011. Para fomentar isso, continuaremos focados na construção e liberação de processos burocráticos em favor de nossa sede, bem como investir em infra-estrutura nos eventos para receber nossos sócios.
Outra meta importante é continuar premiando nossos associados por meio de sorteio com inscrições e viagens à eventos de expressão.
Vamos falar um pouco sobre o seu xodó sobre rodas. Como e quando ele entrou na sua vida?
Derec – Quando eu tinha aproximadamente uns 7 anos de idade, no banco de trás de uma Brasília Verde 1979 que meu pai tinha, ao parar em um semáforo parou ao nosso lado uma enorme barca que me causou um impacto visual indescritível. Espantado, perguntei ao meu pai que carro era aquele e ele me respondeu: aquele é um Galaxie! Pronto, aquilo fixou em minha cabeça. Galaxie! Daí falei para meu pai que quando eu crescesse compraria um Galaxie e ele de pronto respondeu que quando eu tivesse idade para ter um carro haveriam outros carros mais bonitos e melhores… Mas eu não esqueci e não sosseguei enquanto não comprei meu primeiro Galaxie. Meu pai errou em sua previsão de que “quando eu tivesse idade para ter um carro haveriam outros carros mais bonitos e melhores”, pois do fim do Galaxie pra cá a indústria automobilística nacional só me causou decepção com seus econoboxes fazendo moda a preço de luxo… O Galaxie era caro, mas, verdadeiramente, tratava-se de um carro de luxo..
Uma nova expressão foi muito bem colocada por nosso amigo Ervin Moretti em seu artigo publicado aqui no Portal Maxicar e que esta fazendo muito sucesso. Por isso, peço licença a ele para usar aqui: “Amigomobilistas” que você conheceu nesta sua trajetória de antigomobilista e que gostaria de deixar alguma mensagem…
Derec – Alguns vão querer me matar, mas não serei hipócrita (risos). Tenho dificuldades de me julgar “antigomobilista”, sempre falo que sou “Galaxeiro” e não antigomobilista. E muito pelo contrário do que alguns pensarão, não porque eu considere o Galaxie melhor do que os outros, até mesmo por tratar-se de gosto, pois também admiro outros modelos de outras montadoras. Ocorre que entendo que antigomobilista é aquele que conhece ou estuda, aprofunda e se interessa em adquirir conhecimento da industria automobilística antiga, em suas diversas montadoras e modelos. Não é meu caso. Adoro modelos da Ford, da Dodge, da Chevrolet, Buick, Pontiac, Lincoln, Cadillac, etc, mas só entendo — e nem tanto assim — de Galaxie.
“Do fim do Galaxie pra cá a indústria automobilística nacional só me causou decepção“
Mas voltando ao mérito da questão, quando li o artigo do Ervin de cara me identifiquei com o texto. Recentemente, após algumas pequenas brigas ocorridas entre amigos e algumas discordâncias entre a diretoria do clube, cheguei a pronunciar que o clube não estava ali para fomentar desentendimentos e que renunciaria à presidência do mesmo se fosse para colecionar dissabores e inimizades, pois prefiro ter amigos sem clube no lugar de clube sem amigos. A amizade que reuni ao longo dos anos são imensuráveis e os carros, em que pese nosso apreço por eles, não podem provocar vaidades são bens materiais aos quais temos apego e nos dedicamos, mas, definitivamente, não devemos utilizá-lo com ferramenta de vaidade. Assim, conheci grandes pessoas que se tornaram grandes amigos e que com toda franqueza podem ser chamados de “amigomobilistas”. Todavia, prefiro mantê-los no anonimato pois tenho medo de esquecer de alguém e cometer injustiças…
Galaxie, o eterno “top de linha” brasileiro. Fale-nos um pouco sobre a importância desse modelo e de sua “familia” (LTD e Landau) para a história da indústria automobilística nacional.
Derec – Difícil falar sobre isso sem maiores delongas, mas desde seu início o Ford Galaxie se mostrou um veículo único, com várias opções, versões e detalhes proporcionados durante sua produção, mostrando-se um carro sofisticado em todas suas versões, das mais básicas às mais requintadas.
O Galaxie teve origem americana no final da década de 50. Ao longo de sua fabricação nos Estados Unidos o Galaxie americano cuida de uma versão mais moderna do brasileiro, pois possuía não só o sedan de 4 portas, bem como o coupé, perua, esportivo e a versão sem colunas. Em 1966 o Galaxie americano serve de inspiração para sua versão brasileira utilizando a carroceria Sedan e motor V8 272, que já era usado por aqui nos caminhões da marca.
A partir de 1967, primeiro ano de fabricação do Galaxie no Brasil, o carro tornou-se referência nacional do segmento de alto luxo automobilístico. Tinha em sua identidade a modernidade, o espaço, a confiabilidade e, principalmente a imponência aliada à elegância. Durante toda sua etapa produtiva, mostrou-se o sonho de consumo de todos os que almejavam sucesso. O Galaxie ostentava cromados em todas as partes possíveis sem perder o bom gosto.
De se atentar que a Ford, com a introdução do Galaxie no mercado nacional valeu-se da perda do Itamaraty, da Willys Overland do Brasil, que foi absorvida pela Ford em 1967.
O Galaxie, apesar de obter um bom desempenho, jamais teve a intenção de ser identificado como carro esportivo, pois sua vocação era a de proporcionar conforto a quem estivesse dentro e beleza aos olhos de quem estivesse fora.
Lembrando que em 67 e 68 a Ford poduziu somente o Galaxie 500, no ano de 1969, além do 500, foi lançado o Galaxie LTD, mais luxuoso que o 500 em vários aspectos, além de poder ser equipado com direção assistida (69/70), transmissão automática e V8 292 de 190 cavalos, motor que passou a equipar toda a linha Galaxie a partir do próximo ano até 1976. De se destacar que o Galaxie foi o primeiro carro nacional com cambio automático. Em 70 o LTD ganhou ar-condicionado de série – antes somente como opcional. Hoje, os Galaxies fabricados nos anos de 1969 e 1970 hoje são dos mais difíceis de se encontrar, penso que por reflexo econômico do AI-5 ocorrido no fim de 1968.
Sempre inovando, a Ford trouxe ao Galaxie em 1972 freios dianteiros à disco. Em 1973 a grade dianteira e traseira foram redesenhadas, além de ostentar novas calotas e frisos redesenhados. Em 74 e 75 as mudanças foram muito pouco expressivas, entretanto foram muito bons comercialmente para o Galaxie.
Em 76 surgiram grande mudanças com faróis deixando as linhas verticais para horizontais, ganhando três lanternas de cada lado na traseira, ganhou um motor bastante diferente dos antigos “y blocks” passando a ser impulsionado pelo 302 (os mesmos que equipavam os Mavericks V8 – alguns dizem de origem canadense – mas há controvérsias), ganhando quase 200 cavalos. Nesse ano o modelo LTD-Landau deu lugar à duas versões, a LTD e o Landau, mantendo-se em linha também a versão 500. O Carpete era o mesmo utilizado no Lincoln Continental e as calotas ficaram lisas. Em 1979 o modelo “500” saiu de linha, ficando apenas o LTD e o Landau, entretanto, neste ano fora entregue a primeira versão a álcool, tornando o Galaxie o primeiro veículo movido a álcool apresentado no Brasil. Em 1981 o LTD também saiu de linha e permaneceu apenas o Landau.
Em Fevereiro de 1983 o último Ford Galaxie Landau deixou a linha de montagem marcando o fim de uma era. O Opala absorveu boa parte dos possuidores de Galaxie, mas uma parte considerável que estava com bom padrão de vida voltou a importar os Mercedes.
O Landau fez muito sucesso, sendo o carro oficial da presidência, embaixadas, consulados e o carro dos ricos.
Tudo isso para demonstrar o quanto o Galaxie significou e inovou na indústria automobilística nacional e que mesmo “oficialmente” substituído pelo Del Rey, também luxuoso e confortável e mais próximo do mercado da década de 80, em estilo e paixão, os Galaxies deixaram um grande buraco na indústria automobilística.
Em maio de 2011 acontecerá o 8º Encontro de Carros Antigos de São Roque, que a cada ano presta homenagem a uma marca, e neste ano será o Galaxie. Uma grande expectativa para o clube?
“Ajudem-nos a manter a história do Galaxie, fazendo parte de nosso cadastro“
Derec – Sim, a ansiedade já toma conta. Isso porque o 8º Encontro de Carros Antigos de São Roque tem tudo para ser o maior sucesso. O Clube de Automóveis Antigos de São Roque, o Galaxie Clube do Brasil e a Secretaria de Turismo de São Roque estão empenhados na organização do encontro e as diretorias já têm se reunido desde o fim de 2010. Além disso São Roque é tradicional por recepcionar bem seus visitantes e como já presenciei nos encontros passados, neste ano não será diferente. Por tudo isso o clube já está trabalhando na divulgação do evento perante todos “galaxeiros” que certamente não faltarão.
Aproveitando, peço a todos os “galaxeiros” que não recebem os comunicados do clube, que ajudem-nos a manter a história do Galaxie, fazendo parte de nosso cadastro, entrando em contato por meio dos emails contato@galaxieclube.com.br, derec@galaxieclube.com.br ou pelo site www.galaxieclube.com.br.
Como fazer parte do Clube?
Derec – Nosso principal objetivo é agregar sócios que, acima de tudo, façam parte de uma família já existente. Portanto, quando um antigomobilista procura o clube interessado em se tornar sócio, sempre orientamos para que o mesmo, antes de qualquer coisa, frequente alguns eventos do clube e conheça as pessoas que dele fazem parte. Assim, se o interessado ficar à vontade em nosso ambiente, ficará sócio e será participativo, deixando de ser apenas mais um número no clube. Se o estilo do clube e seus integrantes não agradarem o interessado, ele deixa de desperdiçar seu dinheiro e não colecionará arrependimento e mágoas.
Acima de tudo, buscamos sócios que não tenham interesses financeiros ou que não estejam em busca de grandes vantagens financeiras por conta de seus carros e este procedimento acaba por afastar pessoas interessadas somente em obter a placa preta, afinal, vale repetir que queremos amigos que possamos reunir nossas famílias e carros em churrascos, festas e eventos.
Superada essa etapa, nada obstante, perdoem a delonga, cobramos de nossos sócios anuidade de R$ 150,00 que pode ser quitada em até 3 vezes, além de taxa de inscrição no valor de R$ 30,00 sendo que na matrícula o sócio recebe carteirinha, camiseta e adesivo. Além disso, possuímos membros em outros estados e cidades, portanto, possibilitamos, nesses casos, a inscrição de forma eletrônica (internet).
O interessado poderá nos conhecer nos encontros mensais que promovemos na Caixa D’água da Vila Mariana, em São Paulo ou por meio de nossas Diretorias Regionais existentes em Brasília, Rio de Janeiro, Campinas, Jundiaí e Região de Capivari e Grande ABC. O contato virtual pode ser realizado por meio do site do clube www.galaxieclube.com.br ou do email contato@galaxieclube.com.br.
Nossa entrevista está chegando ao fim e deixamos aqui com a palavra o amigo e presidente Derec de Almeida Jorgetti, a quem agradecemos imensamente pela grande colaboração ao Portal Maxicar.
Derec – Como falei anteriormente, nossos carros devem nos propiciar grandes amizades, além do prazer que nos proporcionam. Muito me orgulho dos amigos que alcancei por causa do meu Galaxie. Conquistei amigos em todos os cantos do Brasil e até mesmo do exterior e em quase todas as viagens que faço a trabalho ou passeio, sempre tenho um amigo para visitar graças ao antigomobilismo. Portanto, sempre digo que não importa a qual clube você pertença, qual marca e modelo mais prefere, mas sim as felicidades que seu antigo pode proporcionar.
[box type=”shadow” ]Fátima Barenco é administradora do Portal Maxicar e traz a cada edição uma entrevista com 10 perguntas ao presidente de um clube de automóveis antigos do Brasil. E-mails para esta seção: fatima@maxicar.com.br[/box]CADASTRE SEU WHATSAPP PARA RECEBER.
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