10 Perguntas ao Presidente, com Fatima Barenco Conteúdo Nossos Colunistas

JOSÉ TÉRCIO FAGUNDES CALDAS JR – Clube do Carro Antigo da Paraíba

“O carro antigo é cultura de preservação da história”

[dropcap]E[/dropcap]le fala com orgulho de sua família: “Casado com Ana Helena Guerra Caldas, duas filhas, Priscilla, 23 anos, concluinte de Comunicação Social pela UFPE; e, Ana Vitória, recém nascida, com pouco mais de um mês. Tenho ainda duas enteadas, Isabela, 17 anos, vestibulanda de direito e a pequena Beatriz, com 08 anos”.

Sua vida no antigomobilismo começou na juventude, quando aos 18 anos ganhou seu VW SP2. Advogado, nasceu no Recife e desde março de 2009 esta à frente da presidência do Clube do Carro Antigo da Paraíba. Meu bate-papo deste mês é com nosso grande amigo Tércio Fagundes Caldas Jr.

Fale um pouco sobre o Clube do Carro Antigo da Paraíba e suas conquistas?

Tércio – O Clube do Carro Antigo da Paraíba – CCAPB, foi fundado em 11 de dezembro de 2002. Foi constituído por 36 amantes de carros antigos que dispersos perceberam a paixão em comum. Logo no primeiro ano de sua fundação, foi declarado Entidade de Utilidade Pública, por Lei Municipal Nº. 9.983/03. Também por Lei Municipal Nº. 11.110/07, teve seu nome dado à hoje Praça Clube do Carro Antigo da Paraíba, em bairro nobre da Cidade. O Clube conta inscrito em seus registros 112 sócios, destes, uma média de 60 permanecem em atividade e estamos na presidência no biênio 2009/10.

Como foi a sua trajetória no antigomobilismo até chegar a presidência do clube?

Descerramento da Placa da Praça Clube do Carro Antigo da Paraíba, pelo prefeito Municipal Ricardo Coutinho e pelo vereador Geraldo Amorim, autor do Projeto Lei que conferiu o nome da praça. Foto: Ana Helena

Tércio – Pertencia ao Clube do Carro Antigo de Pernambuco – CAAPE, desde 1997, uma vez que a Paraíba não tinha clube. Por acaso, numa tarde de sábado de verão de 2003, fiquei sabendo por minha filha mais velha, que passava férias em João Pessoa, que havia “um bocado” de carros antigos na praia… Pensei: “que carros são estes?” Nunca havia visto carros antigos em João Pessoa! Fui conferir. Foi então que soube da recente fundação do CCAPB. Foi uma satisfação enorme e de pronto me filiei ao Clube, ainda dentro dos 50 títulos de “Sócio Patrimonial” disponíveis.

Participamos diretamente, por meio de um vereador amigo, do Projeto de Lei que deu nome a Praça Clube do Carro Antigo da Paraíba, enfim, sempre buscamos atuar para o engrandecimento do nosso Clube e para promoção do convívio amistoso entre seus sócios. Desta forma, participei de duas gestões anteriores e finalmente fui conduzido à presidência.

Com a nossa convivência com o clube de Pernambuco, conseguimos fazer um intercâmbio que resultou em passeios e visitação a coleções primorosas de amigos pernambucanos.

O que representa o carro antigo em sua vida e qual o seu xodó sobre rodas?

Tércio – Acredito que entrei no mundo do antigomobilismo como a maioria. Por saudosismo. Eu tive a felicidade de ganhar, aos 18 anos, de minha madrinha, Violeta, um VW SP2, ano 1976, que foi comprado de um amigo. O carro nunca mais saiu da memória. Com a aproximação dos 40 anos, lá por volta de 1998, o carro que virou meu “xodó” voltou a permear meus pensamentos e em 1999 adquiri um SP2, 1974, cor violeta pop, que por uma dessas ironias boas do destino, tinha uma cor que além de ser rara era o nome da madrinha que me presenteou com o SP2 da “minha juventude linda…” Mas, o carro antigo, para mim, além de ser um resgate de nossas próprias vidas, é cultura de preservação da história. Representa todo um aspecto sócio-econômico e político de uma época, tanto no cenário nacional como mundial. É uma atividade onde a indústria automobilística e os governos têm o dever de incentivar e patrocinar.

No mês de outubro vocês realizaram o V Encontro Nordeste de Veículos Antigos, um encontro Master do calendário oficial da Federação Brasileira de Veículos Antigos. Qual a sua avaliação sobre este grande evento em sua cidade?

Gardner Roadstar, 1927, Prêmio The Best no 5º Encontro Nordeste

Tércio – Assumimos a presidência do CCAPB, focados neste encontro. Foi uma tarefa árdua e difícil, mas desafiante. Com parcos recursos, pouco patrocínio e sem experiência na realização destes eventos, buscou-se apoio profissional para fazermos um belo encontro. Sem pretensões, queríamos fazer algo o mais grandioso que pudéssemos. Foi assim que escolhemos o local do evento, a área verde de um hotel construído na década de 60 nas areias da belíssima Praia de Tambaú: o Tropical Hotel Tambaú. E reunimos carros de todo o Nordeste, da Bahia ao Ceará, de altíssima qualidade, a exemplo do Gardner Roadstar, 1927, originalíssimo, ganhador do Prêmio The Best. Foi um verdadeiro acontecimento na Cidade. A exposição dos carros teve uma visitação média de 2000 pessoas/dia, e contou até com a visita do governador do Estado, José Targino Maranhão. O evento teve em sua programação um baile temático, animado pela Banda Tuareg’s, conjunto seminal da década de 70 (sim somos da época do conjunto, banda eram as marciais e as fanfarras colegiais), que ainda hoje faz sucesso com o mesmo vocalista e seus filhos, aqui na nossa Região. O evento teve o apoio dos clubes do Nordeste, e do amigo Gustavo Beuttenmuller, diretor regional da FBVA, representando o presidente Henrique Thielmann. Contamos ainda com o inestimável Roberto Suga, que nos brindou e abrilhantou nosso Evento com sua experiência na condução de todo o trabalho de premiação, desde a composição e participação na comissão de vistoria dos carros até a realização da entrega dos troféus, e representou, ainda, o Chevrolet Clube do Brasil de Carros Antigos. Realizamos paralelamente o 1º EPBCAR – Encontro Paraibano de Carros Antigos.

Além do encontro anual que outras atividades o clube o realiza?

Tércio e Roberto Suga no 5º Encontro Nordeste

Tércio – O CCAPB realiza mensalmente o encontro de seus associados, que ocorre na última sexta-feira de cada mês, a partir das 19h00, na Praça Clube do Carro Antigo da Paraíba, no Bairro de Manaíra. Realiza ainda, sempre no mês de Julho, dentro do Projeto Turístico Caminhos do Frio, um Passeio de Antigos a Areia, cidade serrana localizada no Brejo Paraibano, a 623 metros de altitude em relação ao nível do mar. O Clube sempre participa de eventos oficiais nas inaugurações de logradouros e vias públicas, como também realiza uma exposição anual de seus bólidos, em parceria com a Prefeitura de João Pessoa, no aniversario da Cidade, no dia 05 de agosto, durante a festa da padroeira da cidade, Nossa Senhora das Neves.

Tem sido grande o crescimento do antigomobilismo nos estados do Nordeste. A cada dia ouve-se falar de grandes coleções e colecionadores. Gostaria de ouvir os seus comentários sobre este assunto.

Tércio – Na verdade, a cidade do Recife já tem uma tradição de carros antigos. O primeiro clube surgiu na década de 70, com alguns colecionadores e museus particulares. Fortaleza é outro centro que conta com uma história na atividade de coleção de carros antigos, inclusive com um museu muito interessante. Havia, ainda, colecionadores nas cidades de, Maceió, Natal e João Pessoa, só que de forma esparsa. Creio que o momento econômico, no final dos anos 90, ajudou o incremento do antigomobilismo e, uma maior divulgação foi fator para o crescimento dessa atividade em outras capitais do Nordeste. Isso fez com que surgissem novos clubes e novos adeptos. Reputo também esse aumento ao fato dos carros de fabricação nacional começar atingir a condição de “carro antigo”. A cada dia, melhora-se o acervo da região.

Placa Preta: O assunto mais polêmico no meio antigomobilístico. Gostaría de ouvir as suas considerações sobre o assunto.

     O carro antigo, para mim, além de ser um resgate de nossas próprias vidas, é cultura de preservação da história.

Tércio – Aqui tratamos de um assunto, de fato polêmico e melindroso. Entendo que a FBVA tem papel importantíssimo na regulação e fiscalização da concessão da licença. Independente de méritos pessoais na conquista da institucionalização desse direito, o que se resulta é numa legislação que a todos obriga. O que se deve ter em mente é a disciplina que deve ocorrer em torno da concessão. Não se pode deixar a banalização, a vulgarização e especialmente, a fraude, dominar uma permissão especial sob pena de se por em risco um direito conquistado. Já ouvi a alegação, que o indivíduo tem o direito a requer a placa preta, sem passar pela chancela da Federação ou passar por clubes não filiados ao sistema federativo. Entendo e advogo a idéia, que não deve haver a necessidade do cidadão, ser associado a clube ou este filiado a Federação, para o requerimento e aquisição da licença especial. Mas, entendo, também, e igualmente advogo a idéia que a fiscalização deve recair sobre a maior autoridade no assunto, e nesse caso, é a FBVA. Assim, aceitar-se-ia qualquer colecionador requerer a sua placa preta, o que se faria só e somente só junto a qualquer clube filiado a Federação, independente de ser o requerente associado ou não, mas cumprindo todas as exigências legais e estatutárias de cada clube e da Federação, que poderia prever, por exemplo, uma taxação maior para os não-sócios.

Antigomobilismo em família: Como é essa relação de ter a sua esposa Helena fazendo parte da diretoria do clube.

Tércio e Ana Helena

Tércio – Quando comprei o puma GT, 1974, tinha duas razões. Além de ser um belo carro esporte nacional, era também o concorrente comercial direto do SP2. No entanto, para não arrumar uma concorrência para minha amada, Ana Helena, o carro que acaba de ser restaurado foi dado de presente a Ela. O resultado foi ótimo: tornou-se a primeira sócia do nosso Clube e diretora em duas gestões. Na verdade a Ana sempre gostou de carro e de dirigir (por sinal, amigos machistas, dirige muitíssimo bem!) e se integrou perfeitamente ao “esporte”. Adora ir aos encontros de Gravatá/PE e de Águas de Lindóia. Isso tem um lado muito bom, curtimos com muito prazer as viagens de carro antigo.

A maioria dos clubes de automóveis antigos do Brasil está localizada nas regiões Sudeste e Sul. Como é o relacionamento de seu clube e dos clubes nordestinos em geral, com os clubes dessas outras regiões e também com a Federação Brasileira de Veículos Antigos?

    Placa Preta: não se pode deixar a banalização, a vulgarização e especialmente, a fraude, dominar uma permissão especial sob pena de se por em risco um direito conquistado.

Tércio – Não poderia ser melhor. É claro que pela distância dificulta um pouco o relacionamento. Na nossa região existem de fato poucos clubes e isto faz com que sejamos unidos e integrados com os mais próximos. Mas a relação com os clubes das outras regiões, a cada ano tem se estreitado e são muitos os sócios dos clubes nordestinos que consolidam essa amizade com antigomobilistas dos estados do Sul, Sudeste e Centro-oeste. Com os novos clubes e sua conseqüente filiação a FBVA, as diretorias e sócios tem ido mais aos encontros, isso proporciona um maior conhecimento por parte dos colecionadores das regiões mais distantes do surgimento de colecionadores e encontros nordestinos. Pessoalmente já tivemos oportunidade de confraternizar com o pessoal do Clube do Puma de São Paulo, com o Galaxie Clube do Brasil em São Paulo, o Veteran Car Club de Brasília, e, o Veteran Car Club do Rio G. do Sul. Como o nordeste é um destino turístico muito almejado, especialmente no verão, esperamos que a cada ano também aumente o fluxo de visitantes dessas regiões nos nossos encontros, aumentando assim essa integração.

  Nossa entrevista está chegando ao fim e com a palavra o amigo e presidente Tércio Fagundes Caldas, para que deixe uma mensagem aos antigomobilistas que prestigiam o Portal Maxicar e agradeço por podermos mostrar a cada mês um pouco sobre cada clube pelo Brasil.

Tércio – A vocês, Fátima e Fernando Barenco, pela oportunidade de falarmos um pouco do CCAPB, do antigomobilismo na Paraíba e no Nordeste, nossos sinceros agradecimentos. E a todos os leitores do Portal Maxicar, desejamos um Feliz Natal, um Próspero Ano de 2010, com muita Saúde e Paz e muito sucesso em tudo. Esperamos também, no 2º EPBCAR – Encontro Paraibano de Carros Antigos, de 09 a 12 de outubro de 2010, a presença e a participação de colecionadores de todo o Brasil, e quem sabe uma caravana com alguns exemplares a serem expostos aqui no Nordeste. Um forte abraço a todos e muito obrigado!

 

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