MARCOS VINÍCIUS MEDURI – Veteran Car Club do Brasil – São Paulo
Após 20 anos, o renascimento de um dos mais tradicionais clubes brasileiros
[dropcap]E[/dropcap]le esta ressurgindo depois de 20 anos adormecido, com novas propostas, mas sem perder a sua identidade. À frente da presidência deste clube, há apenas 8 meses, um antigomobilista cheio de sensibilidade, que fala com muito orgulho de sua família: “Sou casado pela segunda vez, com a Roseli, tenho 4 filhas: Beatriz (24) Juliana (24), Carolina (12) e Camila (9). Temos uma vida familiar normal. Nossos passatempos são viagens, encontros de carros antigos, teatro e shows em geral. Sou músico, canto, toco violão e gaita e a Carolina é uma ótima violinista. Tanto a Carolina como a Camila são eximias dançarinas de dança do ventre e ballet.”
Tenho a honra de conversar com o engenheiro, fã dos clássicos das primeiras décadas da história do automóvel, restaurador e presidente do Veteran Car Clube do Brasil em São Paulo, Dr. Marcos Vinicius Meduri.
Sabemos que o Veteran Car Club do Brasil em São Paulo, estava desativado desde a década de 1980. Como surgiu a idéia de reativação do clube?
“As diversas tribos e tendências se isolaram, os vintages e clássicos passaram a ficar escondidos nas garagens“
Dr. Marcos Vinícius – Um estado como o de São Paulo, com tantos colecionadores e carros maravilhosos (talvez a maior frota em qualidade e quantidade do pais) não poderia permanecer sem um Veteran Car Club, ainda mais por ter sido o segundo mais antigo clube de carros antigos do Brasil (apenas um dia mais novo que o do RJ).
Outro problema é a atual segmentação dos clubes de carros antigos em São Paulo: há o Clube do Fordinho, do Chevrolet, do Fusca…enfim, não há um clube que congregue a essência do antigomobilismo, um clube que traga de volta a beleza e elegância dos automóveis vintage (automóveis fabricados entre 1919 e 1930, de acordo com a classificação da FIVA).
Destaques dos classificados
Como é ser o primeiro presidente desta nova fase?
Dr. Marcos Vinícius – Conforme eu disse, atualmente há uma segmentação muito grande. As diversas tribos e tendências se isolaram, os vintages e clássicos passaram a ficar escondidos nas garagens e estas maravilhas foram sendo esquecidas. Tanto que, mesmo nos encontros mais tradicionais, com exceção de Araxá, carros clássicos e vintages estão se tornando cada vez mais raros. Por outro lado não podemos discriminar outros tipos de carros, de forma que a abrangência do atual Veteran não é mais a mesma de 20, 30 anos atrás.
A nova fase é desafiadora, a maioria do pessoal que tem carro antigo já é, via de regra, filiada a outros clubes, que por sua vez, ocuparam e lotearam o espaço que era do Veteran. A conquista do espaço tem que ser gradativa. Num primeiro momento pretendemos comunicar a todos que estamos vivos novamente e tentar este ano organizar pelo menos um evento.
Nos fale sobre as novas propostas para o clube.
Dr. Marcos Vinícius – O sonho do museu do automóvel não morreu. Gostaríamos de estar juntos à frente deste empreendimento. Para chegar lá temos um longo caminho:
– Juntar a memória do antigo Veteran, recolhendo documentos e troféus;
– Buscar novos sócios, primando pela qualidade humana, sobretudo. Numero é secundário. É o desafio da busca do ser e não do ter…;
– Organizar pelo menos um evento em 2011.
Qual a sua opinião sobre o grande crescimento do número de eventos no Brasil?
“Sou a favor de impostos e taxas, mas as mesmas devem ser justas. Nossos políticos pensam em preço, mas não em custo“
Dr. Marcos Vinícius – Se, por um lado, estamos divulgando a cultura do antigomobilismo, ajudando a fazer amigos e preservar a frota internada no Brasil, temos o contraponto da perda da qualidade. Com o passar do tempo haverá uma natural depuração dos eventos de onde teremos como resultado uma frota de veículos e colecionadores de qualidade muito acima da atual, o que será bastante positivo para todos.
Os colecionadores de um modo geral citam como duas grandes barreiras para a importação de automóveis antigos, a burocracia e os altos custos dos impostos e taxas. Gostaria de saber a sua opinião sobre esse assunto.
Dr. Marcos Vinícius – O que falta é critério e vontade política. Sou a favor de impostos e taxas, mas as mesmas devem ser justas. Nossos políticos pensam em preço, mas não em custo… A entrada de mais carros antigos geraria muitos empregos diretos e indiretos, de forma que a arrecadação em impostos gerados por estes com certeza seria muito maior do que o que se arrecada com a importação propriamente dita. Em resumo, eles enxergam a árvore, mas não a floresta…
Como colecionador, considera importante possuir automóveis com placa pretas? Como você vê a proliferação de placas pretas irregulares?
Dr. Marcos Vinícius – Uma vez, na faculdade, ouvi uma frase que me marcou: “… quem guardará os guardiões…?”. O problema é que isto virou, salvo entidades muito serias que dão as mesmas, um comércio lamentável. É comum se ver em eventos carros totalmente desfigurados portando placas pretas. No meu entendimento deveríamos limitar as entidades que podem conceder estas placas e ter um órgão fiscalizador das mesmas. Uma idéia simples seria o interessado procurar inicialmente a Federação e esta indicaria quem iria fazer a inspeção (no caso duas entidades, sendo uma para inspecionar – aquela que fosse a mais indicada, por exemplo, Fordinho pelo Clube do Fordinho, e a outra para fiscalizar, que seria indicada por sorteio, por exemplo, ou pelo Veteran do Estado…).
Pessoas a quem gostaria de deixar alguma mensagem especial.
“O importante é que, em todos meus carros, somente o óleo, a água e o combustível não são originais.”
Dr. Marcos Vinícius – Se há uma pessoa a quem eu devo deixar uma mensagem especial é meu pai – João Antonio Meduri – com certeza o melhor mecânico em carros antigos do Brasil e quem me ensinou a apreciar os carros antigos. Se não fosse por ele eu não teria a frota de carros maravilhosos que tenho.
Dr. Marcos Vinícius – Como meus carros são literalmente reformados por mim e meu pai, temos um grande apego aos mesmos, ou seja, em um determinado instante de nossas vidas, cada um deles foi o mais importante. Via de regra, o carro que eu mais gosto é sempre o próximo que vou comprar ou restaurar, o desafio é meu combustível. Tenho varias raridades: Maxwell 1917; Huppmobile 1923; Erskine 1927 e 1928; Graham Paige 1927; alguns Buick: Limousine 1929, Sedan 1929 e Touring 1927; Marmon 1928; Marmon Club Sedan 1929; Dodge Senior 1928 e 1932; Limousine Huson Supersix 1922; Packard 1937; alguns Ford A; outros Ford T; enfim. tenho 36 carros. Contradizendo o que faleianteriormente, atualmente tenho dois favoritos: o Maxwell 1917 que vai a Lindoia este ano e a Limousine Fiat 1925 que vou levar a Araxá no ano que vem…
Vamos falar um pouco sobre o antigomobilismo em sua vida. Como e quando ele surgiu? Dentre as suas raridades alguma que tenha uma história e um valor sentimental especial?
Em minha coleção tenho como exceções: um Chrysler Windsor 1954, que dei para minha mulher, um Fiat 600 de 1962 que dei para a Beatriz, um JEEP Willys 1968 que dei para a Juliana e um Packard 1951 Patricia que pertenceu ao presidente João Goulart, do qual sou o segundo dono.
O importante é que, em todos meus carros, somente o óleo, a água e o combustível não são originais. Essa historia de caixa de direção de Rural, freio hidráulico adaptado… não se aplica aos meus carros.
Para quem quiser se filiar ao Veteran Car Club do Brasil – SP , como deve proceder?
Dr. Marcos Vinícius – Basta enviar um email para diretoria@drmacustica.com.br ou pelo telefone (11) 9975-4103, que teremos o máxima prazer em conversar.
Nossa entrevista está terminando e deixo aqui com a palavra o mais novo amigo e presidente Marco Vinícius Meduri a quem agradeço imensamente pela grande colaboração ao Portal Maxicar e a todos os antigomobilistas que nos prestigiam com sua visita.
Dr. Marcos Vinícius – Uma coisa bastante importante a ressaltar é que o VCCB-SP não tem nenhum interesse em substituir ou se sobrepor aos clubes existentes que preencheram a lacuna deixada por nós, desde o fechamento do clube. Nosso interesse é servir como elo de ligação entre os diversos clubes e segmentos, estreitando os laços que nos únem como verdadeiros clubes irmãos. Colocando-nos à disposição de todos e certos que a recíproca também será verdadeira. Nos vemos em Lindóia!
[box type=”shadow” ]Fátima Barenco é administradora do Portal Maxicar e traz a cada edição uma entrevista com 10 perguntas ao presidente de um clube de automóveis antigos do Brasil. E-mails para esta seção: fatima@maxicar.com.br[/box]
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