O antigomobilismo, esse desconhecido!
*Tiago Songa
[dropcap]N[/dropcap]ossa. Então foram os primeiros? Não!Mesmo que não se lembre de quando começou a gostar de carros antigos, uma coisa é certa, nessa época já existia um clube de carros antigos. No Brasil o primeiro clube nasceu no Rio de Janeiro, em abril de 1967 e existe até hoje. Os Estados Unidos começaram a se organizar mais de 30 anos antes quando, em 1935, nascia o Antique Automobile Club of America.
Em suma, há mais de 80 anos o automóvel antigo acendeu sua luz da preservação mundial e hoje, só no Brasil, mais de 400 grupos de antigomobilismo se organizam
A Inglaterra (sempre ela) se organizou em 1927 para uma corrida com carros fabricados até 1904 (que existe até hoje) e, em 1930, fundou o primeiro clube de antigomobilismo do mundo. O Veteran Car Club.
Em suma, há mais de 80 anos o automóvel antigo acendeu sua luz da preservação mundial e hoje, só no Brasil, mais de 400 grupos de antigomobilismo se organizam para manter de pé nosso patrimônio histórico-cultural sobre rodas.
Cada clássico tem sua época
Via de regra, o termo clássico é destinado apenas a automóveis específicos, que obedecem a alguns critérios e que foram fabricados desde a metade da década de 20 até o final da II Guerra Mundial. Aqui no Brasil tal conceito nunca funcionou muito bem na utilização do termo “clássico”, mas pelo menos boa parte dos colecionadores brasileiros têm conhecimento sobre a classificação internacional de Veículos Antigos.
Destaques dos classificados
Afinal, se para o resto do mundo os modelos após 1960 não oferecem interesse considerável, aqui no Brasil nossos ‘antigos’ começam justamente nesse período.
É claro que, assim como nos EUA — onde a distância se mede em milhas, os tamanhos em polegadas e os líquidos em galão —, quanto que na Inglaterra — onde eles trabalham na base do “quilômetro / metro / litro” — é obvio também que cada país tenha ao seu modo uma classificação para os carros antigos.
O modelo inglês é adotado pela FIVA — Federação Internacional de Veículos Antigos — e aqui no Brasil seguimos essa classificação por consenso geral. Assim temos seis categorias: Veterans; Eduardianos, Vintage, Pós-Vintage, Pós-Guerra e Modernos.
Veterans: veículos fabricados até dezembro de 1904. — Esse período (que no Brasil muitos clubes classificam como “Antigos”) compreende desde os tempos da criação do automóvel, onde o veículo era a novidade mundial, um brinquedo de rico, e vai até a época onde ele passa a ser considerado algo realmente útil e de formato padrão.
Eduardianos: Fabricados entre 1905 e 1918. — Chamado nos Estados Unidos de “era do bronze” e aqui no Brasil como “Veteranos” é o período que compreende a fase da Belle Époque que nasceu no reinado do Rei Eduardo VII (na Inglaterra) e vai até o final da I Guerra Mundial.
Vintage: Fabricados entre 1919 e 1930. — Já nesse período, todos os grupos se entendem e o mundo todo chama de Vintage. Percorrem desde o final da I Guerra Mundial, onde o mundo industrializado conhecia suas linhas de produção, chegando até os excessos de investimento na Bolsa de Valores e, em consequência, se finda na Grande Depressão de 1929.
Pós-Vintage: Fabricados entre 1931 e 1945. — Alguns países denominam esse período como “Pré-2ª Guerra”. Enquadram-se aqui os veículos fabricados nos tempos difíceis do pós-crise de 1929 e vai até a recuperação econômica, coincidindo com o final da II Guerra Mundial. Considerando que depois da Guerra a indústria automobilística levou algum tempo para lançar seus novos produtos, é comum que alguns grupos considerem os veículos fabricados até 1948 como também integrantes dessa categoria.
Pós-Guerra: Fabricados entre 1946 e 1960. — A era “Ponton” é inaugurada. Após a Guerra, a indústria automotiva mudou radicalmente suas linhas. O estribo e os para-lamas passaram a ser incorporados nas carrocerias. É verdade que algumas marcas até arriscaram suas unidades artesanais antes desse período, mas a produção em massa mesmo nasceu no pós-guerra. Esperta foi a Mercedes que nomeou seus modelos entre 1953 a 1962 com o termo Ponton e acabou ficando com a fama.
Era Moderna: Fabricados após 1961. — Para a Europa e Estados Unidos o automóvel antigo fabricado após 1960 só entra na esfera de interesse em casos de pequenas unidades de esportivos como Ferraris, Aston Martin, Alfas, etc., e raríssimos outros casos de modelos.
No Brasil, os eventos que utilizam de premiação em sua programação separaram esse período de pós 1960 em duas categorias: Contemporâneos I (1961 a 1970) e Contemporâneos II (1971 até 1983).
Existe uma classificação para os nacionais?
Não! Mas seria bom que existisse. Afinal, se para o resto do mundo os modelos após 1960 não oferecem interesse considerável, aqui no Brasil nossos “antigos” começam justamente nesse período.
Aos modelos importados, que obedeçamos a classificação estrangeira, porém, aos nossos nacionais, que mal faríamos se criássemos uma classificação tupiniquim para eles?
Assim, poderíamos ter a nossa forma de Categoria “Antigos” (nacionais fabricados até 1960), “Bossa Nova” (1961 a 1966), “Milagre Brasileiro” (1967 a 1973), “Era Disco” (1974 a 1983), que tal?
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*Tiago Songa é editor do jornal “O Pistão”, publicação especializada em antigomobilismo, dirigida aos sócios de clubes de carros antigos e realiza anualmente em Franca-SP o “Pé na Tábua — Corrida de Calhambeques”.
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