Um amigo chamado Fusca
*Beto Giglio
[dropcap]F[/dropcap]usca. Um dos carros mais importantes da história do automóvel no Brasil. Eu poderia escrever vários dados técnicos e numéricos, mas isso você já conhece bem. Hoje vou falar um pouco sobre a visão de um entusiasta desse carrinho famoso. E com certeza você poderá se identificar com esse texto.
De Popular à Colecionável
Estamos comemorando 50 anos de vida do Fusca no Brasil. Mas de vida? Se ele já não é mais produzido hoje em dia, então como comemorar esta data?
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Acontece que este simpático carrinho, está tão presente nas ruas, que a Volkswagen do Brasil está comemorando os seus 50 anos, e lançou recentemente juntamente com os Correios, um selo comemorativo em homenagem ao Fusca. O evento aconteceu na Volkswagen Haus em São Paulo, eu estava lá e pude presenciar este momento marcante para os apaixonados pelo fusca. Um carro que chegou para ser popular, e o seu primeiro proprietário no Brasil foi nada menos que a família Matarazzo, tradicional em São Paulo.
Você já reparou que o Fusca é o único carro que quando você olha pra ele, ele está sorrindo pra você. Ele é admirável! Pois todos podem ver aquela beleza passando nas ruas e decorando as avenidas. Hoje em dia, parece que só existem duas cores, preto e prata. Mas na década de 60 e 70 os Fuscas — com suas cores uma mais bonita que a outra — decoravam ruas e avenidas e o Brasil era mais colorido. Um carro que tanto original ou esportivo feito por você mesmo, tinha o seu valor e beleza, em uma época em que não existiam tantas variedades de esportividade, e o que mandava era a criatividade dentro de um padrão mais original — o que chamavam de “envenenado”. Os “tunados” que me desculpem, mas os envenenados eram mais bacanas.
Destaques dos classificados
Quem nunca teve um Fusca? Poucos não tiveram este prazer. Claro alguns não gostavam, e gostavam de outros carros maiores com motores potentes, mas eu já vi na paulicéia, muito Fusca dando pau em Dodges e Opalas. Mesmo aquela pessoa que não gostava do nosso querido Fusca, admirava sua versatilidade no trânsito. Ele já foi artista de cinema com o Herbie e em vários filmes nacionais como “O beijo no asfalto”. No momento estão sendo gravadas cenas do novo filme “Boca do lixo”, que tem o Fusca como o carro principal. Vamos apoiar o cinema nacional!
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Voltando ao assunto, ele também já foi viatura de polícia, carro de corrida, táxi, baja, de serviço (empresas), o primeiro carro da família e hoje, de popular para colecionável. Com o fim da sua produção e quem tem não vende, e quem não tem quer comprar, estão sendo resgatados muitos carros do ferro velho e sendo restaurados com a máxima de originalidade. Tanto que o seu preço subiu e o comércio de peças originais ou até pararelas, acabou se tornando um bom negócio. Aqui mesmo no Maxicar, você pode comprar a peça que falta ou o seu Fusca! Eu acho isso o máximo! A internet está ajudando muito o entusiasta do Fusca. Hoje você pode comprar uma peça e receber em casa, mesmo estando muito longe. No passado era preciso ir pessoalmente. Quer dizer, o seu Fusca com certeza virou um familiar e aposto que quando você compra uma peça pra ele, vai correndo contar para o seu Fusca. Eu sei, você acredita que ele te escuta, eu também acredito, pois vou todos os dias na garagem do meu prédio, falar com ele, algo como — Tudo bem com você? Está frio hoje né! E é claro que ele tem uma flanela gigante e depois a capa, afinal ele não pode passar frio e nem ser arranhado. Nem pense nisso!
Todo fusca tem nome, mesmo que seja a cor. Se ele não tem o nome próprio, sempre é chamado com carinho como: Verdinho, Azulão, Branquinho e assim vai. Tem gente que leva anos para reformar um Fusca, mas desistir, jamais. O fusca é mais que um carro na família, o Fusca é da família. Pergunte para alguém que já teve um Fusca no passado e teve que vender. A resposta vai ser saudosa com certeza.
O Fusca já foi o carro do Presidente da Nação, naquela foto conhecida com o conversível saindo da fábrica da VW do Brasil em São Bernardo do Campo/SP. O Fusca onde até eu sei, foi o único carro brasileiro a reunir um recorde no autódromo de interlagos. É o carro que mais tem clubes pelo mundo. Tem a cidade de Cunha no Estado de SP, que é considerada a cidade do Fusca. Você encontra desde chaveiros, camisetas, miniaturas, tapetes uma infinidade de detalhes em formato de Fusca. As crianças adoram os Fuscas! Já ouvi dizer várias vezes que o divertimento das crianças é contar quantos Fuscas tem na rua e competem por isso.
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Dizem que cachorro gosta de passear de carro, mas o meu querido Lobão, gostava só de andar de Fusca, era eu ligar o carro e lá vinha ele como um raio para entrar e passear, e tinha outros carros na minha casa e ele nem ligava.
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O barulho do Fusca é inconfundível, e eu sempre olho quando escuto um. Quando você passeia com o seu Fusca e cruza outro, buzina se cumprimentando e nem sabe quem é que passou, mas não importa: ele tem um Fusca, então ele é seu amigo. Venho notando também que o público feminino tem crescido na participação em eventos e também como proprietárias. É o que eu digo: o Fusca é da família. Vou encerrar o meu papo com você, pois poderia ficar semanas escrevendo sobre o Fusca! Um agradecimento ao Fernando Barenco, deste site, o Maxicar, que deu esse espaço para que a gente pudesse homenagear o Fusca neste mês que se comemora o Dia Mundial, com um papo de um entusiasta como você. Espero que você tenha se identificado com o texto e abaixo tem um pouquinho da minha história, com esse carrinho chamado de FUSCA!
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Hoje eu tenho o Cridê que é um 1969 que eu transformei visualmente para 1961 saia e blusa, e o “Tijolinho”, um autêntico 1963 de placa preta. Minha paixão por este carro, começou aos 5 anos de idade em 1970, onde meu tio tinha um 1962 azul pastel, no qual eu adorava passear no chiqueirinho (porta malas interno). Daí pra frente, comecei a desenhar contornos de carros ovais e chamar de “Fuca”. Com a chegada do 1º filme do Herbie, ainda criança, fui totalmente contaminado por esta paixão sem fim, que hoje continua.
Comprei o meu primeiro fusca com 18 anos, o “Azulão”, um 1963 azul escuro, a cor não era original mas o carrinho era bacana! Tive que vendê-lo, mas 10 meses depois consegui comprar outro Fusca, esse sim é o Cridê, que há 24 anos está comigo e com muitas, muitas histórias juntos e contadas no site www.fuscacride.com.br. E por causa dele deixei minha profissão de publicitário, e hoje me dedico somente à customização de Fuscas antigos. A Volkswagen do Brasil viu, gostou e me deu autorização para realizar este trabalho de resgate da história.
E agora corra, e leve o seu Fusca para passear!
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*Beto Giglio é paulistano, publicitário, “Fuscamaníaco” de carteirinha e produz a customização de miniaturas temáticas do Fusca e de outros modelos da “Família VW a ar”.
ACESSE: www.fuscacride.com.br
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