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Vale a pena importar um veículo para restauração?

Veja na ponta do lápis o custo da operação

[dropcap]E[/dropcap]m julho de 2008 o Portal Maxicar teve a alegria de ter como seu“Colunista Convidado” o advogado e jornalista Roberto Nasser. Ele é responsável por muitos avanços no Brasil em termos de legislação, quando o assunto é veículos antigos. E entre esses, está a portaria que permite a importação de veículos com mais de 30 anos.

Pois bem, num determinado ponto do artigo-entrevista, Nasser nos lembra que é permitida a importação de veículos para restauração e não apenas daqueles impecáveis, aptos a receber placas pretas. E que além de se gerar empregos e divisas para o Brasil, a importação de veículos a restaurar é bastante vantajosa para o comprador. A explicação é simples: os impostos são calculados sobre o valor (US$) de venda do veículo. Portanto, como um veículo para restauração é bem mais barato, obviamente os impostos também serão proporcionalmente menores. E a quantia economizada poderá ser gasta aqui mesmo no Brasil, na restauração, mas sem a incidência daqueles impostos.

Por outro lado, há os chamados “custos fixos” que são cobrados independente do valor do automóvel a ser importado. Valendo US$ 10 mil ou US$ 100 mil, estes custos serão sempre iguais. Neste caso, os automóveis mais baratos levam desvantagem.

A revista Classic Show publicou em seus números 37 e 38 um utilíssimo especial sobre o assunto, com a consultoria do próprio Nasser e do despachante aduaneiro Orlando Pido Júnior, da empresa Fronteiras Comércio Exterior Ltda.

De acordo com Orlando, não existe uma fórmula exata para se calcular qual seria o custo total para a importação. Cada caso é um caso e depende de diversos fatores, como país de origem, distância do automóvel do porto de embarque e desembarque… Mas, segundo Orlando, em linhas gerais pode-se chegar a um custo final bastante aproximado, usando os seguintes critérios:

– Impostos e taxas de importação – 128% sobre o valor do bem + transporte
– Frete marítimo – cerca de US$ 800,00 (custo fixo. Independe do valor do veículo.)
– Despesas aduaneiras e portuárias, Denatran e Renavan (Brasil)– cerca de R$ 10.000 (atenção, em Reais)

Baseado nestes números, resolvi calcular quanto custaria trazer um veículo impecável e outro a restaurar, ambos da mesma marca, modelo e ano, para ver se vale mesmo a pena a importação de veículos para restauração.

Para a experiência, pesquisei na própria internet, em sites de vendas de automóveis no exterior. Acabei encontrando dois bons exemplos: o primeiro é o (caríssimo!) inglês Aston Martin DB2 1952, um super esportivo com apenas cerca de 400 exemplares produzidos (já imaginou que raridade hoje em dia?).

O segundo é o sonho de uma legião de colecionadores brasileiros, mas que não representa a melhor opção de importação, uma vez que já existem muitos exemplares no Brasil (mas isso já seria assunto para outro artigo!): o americano Mustang Conversível 1968.

Consegui encontrar dois exemplares quase idênticos de cada uma das marcas/modelos. Os Aston Martins achei em um site especializado da Inglaterra. Os Mustangs em um site americano. Os Astons tinham seus valores anunciados em Euros, mas converti para dólares para padronizar os cálculos. Na relação dolar/real usei como base a cotação de R$ 1,60.

De acordo com os anúncios dos automóveis a serem restaurados, o Aston Martin já foi todo desmontado, tendo o chassi restaurado e pintado. A carroceria já está ponta para ser preparada e pintada. A mecânica está ok. O interior precisa ser todo refeito e o carro possui todos os acabamentos: vidros, frisos, grades, painel, bancos, emblemas…

Já o Mustang está em bom estado, precisando de pintura geral, retífica de motor, revisão mecânica e novo interior. O carro é completo e original.

Então, vamos às contas!

EXEMPLO 1 – Aston Martin DB2, 1952

[one_half]Veículo pronto

Valor: US$ 219.000
+ Frete: US$ 800
X 128% = US$ 501.144
X Conversão dolar (R$ 1,60)
= Valor em real: R$ 801.830
+ Tarifas Brasil: R$ 10.000
= Custo Total: R$ 811.830[/one_half][one_half_last]Veículo a restaurar

Valor: US$ 89.000
+ Frete: US$ 800
X 128% = US$ 204.744
X Conversão dolar (R$ 1,60)
= Valor em real: R$ 327.590
+ Tarifas Brasil: R$ 10.000
= Custo Total: R$ 337.590[/one_half_last]

VALOR ECONOMIZADO: R$ 474.240,00

 

EXEMPLO 2 – Mustang Conversível, 1968

[one_half]Veículo pronto

Valor: US$ 21.500
+ Frete: US$ 800
X 128% = US$ 50.844
X Conversão dolar (R$ 1,60)
= Valor em real: R$ 81.350
+ Tarifas Brasil: R$ 10.000
= = Custo Total: R$ 91.350[/one_half][one_half_last]Veículo a restaurar

Valor: US$ 8.200
+ Frete: US$ 800
X 128% = US$ 20.520
X Conversão dolar (R$ 1,60)
= Valor em real: R$ 32.832
+ Tarifas Brasil: R$ 10.000
= = Custo Total: R$ 42.832[/one_half_last]

VALOR ECONOMIZADO: R$ 48.518,00

___________________________

Moral da história: ao se importar, por exemplo um Aston Martin DB2 para restaurar, ao inves de um carro pronto e impecável, economiza-se R$ 474.240,00. Se a opção for um Mustang Conversível, a economia é de R$ 48.518,00. Em ambos os casos, quantias muito significativas, proporcionalmente aos valores dos carros. Mas tudo depende também de se conseguir fazer uma boa compra, com um valor razoável.

Mas cuidado: o carro a ser importado deve estar dentro do valor de mercado, senão é barrado na Alfândega (mas isso também é papo para outra ocasião!).

Não sou um profissional especializado na restauração de automóveis, mas como leigo, acredito que é possível, em ambos os casos, fazer restaurações excelentes, com uma tranquila folga de caixa, usando os valores economizados. Com a palavra quem entende mesmo do assunto!

*MATÉRIA PUBLICADA ORIGINALMENTE EM 2008

 

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Fernando Barenco

É editor do Portal Maxicar. Emails para essa coluna: fernando@maxicar.com.br

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