V Passeio de Veículos Antigos a Raposo – Itaperuna, RJ
Vencendo distâncias em nome da diversão e da tranquilidade
Antigomobilistas de todo o Sudeste prestigiaram o evento no interior do Rio
[dropcap]R[/dropcap]io de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo: entusiastas dos quatro estados do Sudeste estiveram reunidos no último final de semana — de 12 a 14 de junho — no Hotel Fazenda Raposo, no pequeno distrito de mesmo nome, pertencente ao município fluminense de Itaperuna. A distância de algumas centenas de quilômetros a percorrer por muitos a bordo de automóveis com 30, 40, 50 anos de fabricação não intimidou. Quem já havia participado de edições anteriores não queria perder a oportunidade. Quem nunca tinha participado quis ver de perto o que há de tão especial nesse evento, que já se tornou muito famoso e expressivo — reunindo este ano cerca de 300 veículos durante três dias — mas que a diretoria do Clube Rio Minas de Veículos Antigos, entidade organizadora da festa — através de seus núcleos de Itaperuna-RJ e Muriaé-MG, modestamente prefere chamar simplesmente de ‘passeio’.Presença de representantes de mais de 30 clubes e grupos antigomobilistas. De São Paulo, Chevrolet Clube e Clube do Fordinho; do Espírito Santo, Veteran Car Clube – Vitória; de Minas Gerais, AVA- Juiz de Fora, Veteran Car Clube – Juiz de Fora, Antigomobilistas de Leopoldina; do Rio, Veteran Car Clube RJ, Grupo AGMH Antigomobilistas, Opala Clube RJ, Nichteroy Clube de Veículos Antigos, Amigos do MP Lafer… apenas para citar alguns.
Mais uma vez, a palavra de ordem foi “relaxar”, aproveitando os prazeres oferecidos pelo hotel: muito espaço, ar puro, excelentes instalações, comida farta e deliciosa. E ainda a companhia e o bate-papo gostoso com os amigos, cujas conversas invariavelmente giraram em torno do mesmo assunto: adivinhe qual?
O passeio pelo comércio local é programa obrigatório principalmente para mulheres, já que Raposo é famosa pelas lojas e barracas especializadas em roupas de cama, mesa, banho, pijamas e lingerie. A variedade e os preços baixos atraem inclusive excursões de revendedores.
A programação oficial teve início na noite de sexta-feira, 12, com o coquetel de boas vindas aos visitantes, que este ano teve um clima todo peculiar: o romantismo tomou conta dos casais, já que era o Dia dos Namorados. A atmosfera ficou realmente especial, com muita dança de rostinho colado, ao som de hits atuais e flash-backs.
Destaques dos classificados
Como em edições anteriores a exposição dos automóveis antigos nas dependências do hotel foi aberta ao público e deste as primeiras horas da manhã de sábado o movimento de visitantes locais e de turistas já era grande. A cerimônia da benção das chaves foi presidida pelo pároco local, Padre Rodrigo Henrique Mello, que em sua preleção falou sobre “O Servir”.
Este ano o evento contou com a presença do presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos, Roberto Suga, que proferiu uma palestra aberta a todos os antigomobilistas, na tarde do mesmo dia. Cerca de 70 pessoas ficaram por dentro das últimas ações da FBVA. Os temas giraram em torno de placas pretas, importação de veículos de coleção, regulamentação de automóveis personalizados, filiação de novos clubes e a intervenção da entidade junto ao Denatran, na defesa dos interesses dos clubes filiados.
Enquanto corria a palestra, acontecia também um bingo com lanche da tarde, destinado exclusivamente às mulheres. Além de prêmios à vencedoras, houve também sorteio de brindes.
A qualidade dos veículos participantes mais uma vez não decepcionou. Entre os mais antigos, um Chevrolet Ramona Roadster 1931 e um Ford Modelo A 1929 da mesma versão a ser restaurado, mas ainda assim em pleno funcionamento. O mais antigo de todos foi outro Chevrolet, um 1928, versão ainda com rodas de madeira. Veio da vizinha Patrocínio do Muriaé.
O colecionador José Candido Murici percorreu os 330 quilômetros desde o Rio de Janeiro a bordo de seu Cadillac 1941. Além de um dos mais antigos automóveis do evento, seu Conversível foi sem dúvida um dos mais especiais também, rivalizando com o Corvette 1978 e a Dodge Job Rated 1954. Pertencente ao colecionador de pick-ups Cláudio Boechat, de Cataguases – MG, o utilitário norte-americano foi adquirido em Juiz de Fora – MG e pertencia ao acervo de um conhecido colecionador da região, já falecido. Apesar de estar em ótimas condições, a Dodge de raro modelo passou por um completo processo de restauração, que consumiu muitos meses e exigiu a importação de peças. Estava ‘estreando’ em Raposo e segundo Boechat, “ainda faltam alguns detalhes”. Colecionador exigente, sabe como é…
Já o Corvette é da série especial Pace Car das 500 Milhas de Indianápolis de 1978, o que o torna especialíssimo. Além disso, a série comemorou também os 25 anos do lançamento do Corvette. Com exclusiva pintura em preto e prata com grafismo alusivo ao evento, foram produzidas 6.200 unidades vendidas na época por cerca de US$ 13.500, valor 35% maior que os Corvettes normais daquele ano.
De Cachoeiro do Itapemirim – ES vieram os dois belos Chevrolets vermelhos retratados na imagem principal dessa reportagem. O hardtop é um Impala SS 1963 e o conversível um Chevelle 1971. Outro americano muito clicado foi o também Chevrolet vermelho Camaro Type LT 1974, de Paulo Affonso Salvini, vindo de Petrópolis – RJ.
Da Alemanha, dois belos exemplares Mercedes Benz da série W114, ambas fabricadas em 1972. A azul, em primeiro plano, uma sedan 230, e a dourada uma 250 C (de coupê). As séries W114 e W115 (a diferença está na motorização, de 6 cc e 4 cc) são consideradas as primeiras verdadeiramente novas entre os modelos pós II Guerra Mundial. Foram produzidas entre 1968 e 1976, com os modelos 200, 220, 230, 240, 250 e 280.
Entre os nacionais, clássicos dos anos 1960 como Simca Chambord Tufão 1965, Gordini 1967, Aero Willys 1966 e 1968, e Rural 1969; dos anos 1970 como belos exemplares da ‘família Galaxie’, inúmeros Opalas, com destaque para o De Luxo 1970, Especial 1972 e SS também 1972; Karmann Ghias Coupê e TC; dois conservadíssimos VWs 1600 — vulgo ‘Zé do Caixão’ —, fabricados em 1969 e 1970; MP Lafers, Passats e Corcéis. Na entrada da alameda que leva ao hotel, os simpáticos Fuscas ‘davam as boas-vindas’.
Presença marcante dos chamados ‘novos clássicos’ dos anos 1980 e 90 como Mazda Miata SX5 1994, Kadett GSI Conversível 1995, Gol Star 1989 e Fiat Coupê 1996.
Colecionador de nacionais fabricados neste período, o jovem Fabrício Pessanha nos apresentou seu Fiat Uno 1.5R 1989 recém restaurado. Um trabalho realmente primoroso nos mínimos detalhes. Parece até que o carro acaba de sair de uma concessionária.
O ponto alto do final de semana foi a aguardada festa junina de sábado a noite. O concorrido ‘arraiá’ teve muitas barracas de comidas e bebidas típicas e, é claro, a quadrilha, que teve a adesão de muitos casais de dançarinos, a maioria ‘elegantemente’ trajados de caipiras. Alguns clubes prestaram homenagens aos organizadores.
Domingo pela manhã. Fim de semana acabando, hora de arrumar ar malas e ir embora, já que muitos hóspedes estavam bem longe de casa. Os que tinham um pouco mais de tempo disponível ainda almoçaram por ali. Depois, pé na estrada. Afinal, quem viaja de carro antigo, em geral não pode ter pressa para chegar ao destino. Até a próxima!
Texto: Fernando Barenco
Fotos e edição: Fátima Barenco e Fernando Barenco
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