7º Encontro do Clube de Autos Antigos de Congonhas, MG
Sob o olhar do Profeta Isaías
Segundo dia de evento lotou o pátio da Romaria
[dropcap]I[/dropcap]saías. Esse foi o Profeta escolhido pela diretoria do Clube de Autos Antigos de Congonhas para representar a sétima edição de seu evento anual, que aconteceu nos dias 4 e 5 de junho, na Romaria, uma das principais atrações turísticas da cidade. Um dos 12 Profetas retratados pelo Mestre Aleijadinho no pátio da Basílica Senhor Bom Jesus, Isaias foi reproduzido no troféu de participação, esculpido em pedra sabão. Faz parte da coleção criada pelo clube para os antigomobilistas.
A obra pública que acontecia nas imediações, interrompendo o acesso ao portão principal do pátio do evento, não atrapalhou na participação do público e menos ainda na quantidade de veículos em exposição, que na manhã de domingo(5) já ocupavam todos os espaços disponíveis.
Pela primeira vez Congonhas contou com a participação do presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA), Roberto Suga, que proferiu uma palestra aberta a todos os expositores e público em geral. Recém reeleito, Suga contou um pouco da história da entidade criada em 1986 e fez um pequeno balanço de seu primeiro mandato, que teve início em outubro de 2014. Explicou que a legislação para os chamados Veículos de Coleção (placas pretas), surgiu em 1998, pela necessidade de preservar a originalidade, diante de uma legislação que desde o ano anterior exigia que todo automóvel no Brasil fosse equipado com encosto de cabeça, cinto de três pontos, retrovisor do lado direito e break-light.
A explanação a respeito das alterações feitas no texto da Carta de São Paulo há um ano e meio, através de um workshop da FBVA — com a participação de antigomobilistas de todo o Brasil — despertou bastante interesse. Pois esse documento trata, entre outros assuntos, sobre os critérios para vistoria de veículos candidatos à placas pretas.
Destaques dos classificados
As novas placas do Mercosul — a serem implantadas a partir do ano que vem —, as restrições de circulação de veículos antigos em países europeus e um perfil do antigomobilismo no Brasil também foram temas da palestra. De acordo com ele, os números são os seguintes: 400 clubes de antigomobilismo, 18 mil veículos com placas pretas, 150 mil colecionadores, 800 eventos anuais com um público estimado em 1 milhão de pessoas.
Mais do meras máquinas, alguns automóveis têm um significado realmente único e especial para certos antigomobilistas. Histórias de companheirismo e cumplicidade que transcendem a simples relação do ser humano com um mero meio de transporte. É o caso do simpaticíssimo casal Gilda & Alfredo Martinez Vazquez, que possuem um Fusca 1983 desde que o carro era novo. Até aí, nada demais! O detalhe é que desde aquela época os três companheiros fazem viagens constantes pelos quatro cantos do Brasil e por países da América do Sul. Já estiveram na Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai. E tem mais: sempre que possível, o casal dorme dentro do carro!
Outro caso de amor que atravessa décadas é o do militar aposentado e hoje vice-presidente da Sociedade do Carro Antigo de Barbacena, Ernandes Ramos. Seu amigo de fé Opel Kapitan 1951 dorme em sua garagem há 47 anos, dividindo o espaço com uma Variant. Sempre que pode, Ramos comparece aos eventos a bordo de seu automóvel GM Alemão. E vai rodando, é claro! Você possivelmente já deva ter lido essa história aqui Portal Maxicar. Já a contamos mesmo. Talvez até mais de uma vez. É que fatos como esse merecem mesmo ser narrados muitas vezes…
Uma das maiores sensações este ano ficou por conta do americano Ford Thunderbird 1956, do amigo Eder Gomes. Opa, só que não! Não conte para ninguém, mas o conversível em questão — bem mais raro que o próprio Thunder original — é uma réplica produzida em 1984 pela Glaspac. A empresa apresentou esse protótipo no Salão do Automóvel e pretendia comercializa-lo no Brasil e no exterior. Mas por dificuldades comerciais acabou encerrando suas atividades três anos depois e o Thunder Brasileiro jamais entrou em produção. Restou então esse exemplar, absolutamente fiel ao original com inúmeras peças de acabamento originais. Possivelmente a única réplica do modelo em todo o mundo.
Outros americanos de destaque — Esses legítimos — foram o Camaro Type LT 1974 de Paulo Afonso Salvini, de Petrópolis – RJ; o Impala 1959 de Cláudio Campos, de Barbacena – MG; o Mustang Hardtop 1966; o Chevrolet Feetline 1948.
Entre os modelos nacionais, excelentes exemplares da linha clássica Volkswagen, aquela que deu origem à marca, com o bom e velho motor boxer refrigerado a ar: de Juiz de Fora – MG, o Karmann Ghia 1969 do veterano antigomobilista José Fróes. De Conselheiro Lafaiete – MG, a Kombi Clipper 1976 de Caio Mário Batista, na família desde zero km. Também de Conselheiro Lafaiete – MG o Fusca 1500 1972 de Vicente Magalhães, que possui na garagem outros 5 Volkswagens. De Congonhas – MG o SP2 do ex-prefeito Altair Souza. Ainda de Congonhas – MG o Fusca 1500 1972 de Luiz Carlos Miranda, na rara cor Laranja Monza. Para fechar, diretamente da Alemanha, o Fusca versão de luxo 1951 de Lacyr Ernesto da Paixão, de Belo Horizonte – MG.
Concorrente direta da Volkswagen desde a década de 1970, a Fiat esteve representada por vários exemplares da linha 147. Nos chamou a atenção três de seus derivados, todos bastante raros atualmente: Pick-up 147 City 1987, Oggi CS 1984 e Panorama 1983.
Da extinta Willys a linha completa, com Aero 1962 (com design ‘Bolinha’ americano), Aero 1965, Rural 1971, Itamaraty 1971 e F75 1976 (os três últimos já com o selo Ford), além de vários Jeeps.
Da Chevrolet diversos Opalas e Caravans e um quinteto de pick-ups C10/14, incluindo uma fabricada em 1973 jamais restaurada. Por falar em ‘jamais restaurado’ um Dodginho Polara deixava claro que a última vez que viu tinta foi em medos dos anos 1970, quando saiu da linha de montagem. Autênticos como eles têm seu charme e valor histórico…
Havia ainda Galaxies, um belo Miura Sport da primeira geração, uma dupla de Corcéis 1971/72 — um deles GT, Simca Chambord, Mavericks, Chevettes e Escorts — que começam a despontar nos encontros ao lado dos VWs ‘quadrados’ (Gol, Voyage e seus derivados).
Este ano a festa de confraternização de sábado(4) a noite esteve em novo endereço. Bem pertinho da Romaria, em pleno centro histórico, o Restaurante Casa da Ladeira propiciou aos antigomobilistas e seus convidados uma atmosfera de descontração e congraçamento.
A cerimônia de encerramento, que aconteceu domingo(5) por volta do meio dia, homenageou os representantes dos diversos clubes presentes e algumas figuras de destaque no antigomobilismo de Congonhas, além de autoridades e representantes de entidades:
- Dermerval e Lucimara Junqueira – Filhos do antigomobilista Luciano Junqueira
- Lourdes e Léa Barbosa – Irmãs que possuem um Fusca desde zero km
- Luiz Cláudio Pires Nogueira – Concessionária VW Auto Lafaiete
- Miriam Palhares – Secretária de Cultura de Congonhas
- Altair Souza – Ex-prefeito de Congonhas e antigomobilista (citado na reportagem)
- Gilda e Alfredo Vazquez – Membros do Carioca Volks (citados na reportagem)
- Antonio do Monte Furtado Filho – Presidente da Associação Mineira de Antigomobilismo
- Roberto Suga – Presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos
- José de Freitas Cordeiro – Atual prefeito de Congonhas
- Marcos Pestana – Deputado Federal (PSDB)
- Júlio César – Assessor Parlamentar
Toda a arrecadação de alimentos doados e valores das inscrições foram doados à APAE local, que também esteve presente com estande na praça de alimentação, juntamente com a Paróquia São José Operário e o Rotary Clube.
EXPOSIÇÃO MOMENTOS & AMIGOS ABERTURA
PALESTRA CONFRATERNIZAÇÃO HOMENAGENS
Texto: Fernando Barenco
Fotos e edição: Fátima e Fernando Barenco
Agradecimento: Aerobull Filmagens Aéreas
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