3º Grande Encontro do Auto Esportivo Santa Matilde – Três Rios, RJ
O bom filho a casa torna
Encontro reúne entusiastas do SM 4.1 de todo o Brasil, na cidade onde o fora-de-série era produzido
[dropcap]U[/dropcap]ma indústria de vagões ferroviários que se tornou uma fabricante de automóveis fora-de-série. Assim, pode ser resumida a história da Companhia Industrial Santa Matilde, com sede no município de Três Rios, no Estado do Rio de Janeiro. O projeto de criação do Santa Matilde, ou SM 4.1, nasceu do sonho de Dr. Humberto Pimentel, que desejava fabricar o melhor esportivo brasileiro, depois de enxergar muitos defeitos em um Puma GTB que acabara de comprar.
O primeiro protótipo ficou pronto em 1977 e o primeiro carro de fato, no ano seguinte. Ao longo dos anos, o SM foi sendo cada vez mais aperfeiçoado. O primeiro modelo foi o Hatch, depois vieram o Coupê e o Conversível. A produção em maior escala se encerrou em 1988, devido a dificuldades financeiras da fábrica. Mas alguns ainda foram produzidos nos anos seguintes, sob encomenda. Ao todo, foram produzidos menos de 1.000 Santa Matildes.
Agora, um grupo de colecionadores e entusiastas do modelo decidiu se reunir para a troca de ideias e experiências. O 3º Grande Encontro do Auto Esportivo Santa Matilde aconteceu entre os dias 21 e 23 de outubro, na cidade onde ele era fabricado e contou com a participação de carros do Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais e Paraná, além da presença de pessoas de outros estados, que optaram por viajar de avião: Bahia, Piauí, Ceará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Destaques dos classificados

Foram 47 Santa Matildes presentes, das três versões. Número bastante expressivo, levando-se em conta o número de veículos fabricados. Quantos será que ainda restam hoje?

O encontro teve a alegria de ter a presença de dois profissionais que tiveram participação fundamental no desenvolvimento do Santa Matilde. Ana Lidia — filha de Humberto Pimentel e uma das responsáveis pelo projeto de criação do carro — autografou vários dos SMs presentes.

Já o engenheiro Fernando Monnerat — que trabalhou no projeto desde o desenvolvimento e lançamento do carro em 1978 — foi um dos organizadores do evento. Monnerat ainda hoje dedica sua vida aos SMs, mantendo em Três Rios uma oficina de restauração especializada no esportivo. Muitos dos automóveis presentes a esse evento nacional foram restaurados por ele.

De Brasília — distante cerca de 1.100 km — um grupo chegou a bordo quatro carros.
— Fizemos uma viagem muito tranquila. De defeito, apenas um fusível queimado — nos contou Eduardo Santana, o motorista de um dos carros. O Santa Matilde era equipado com a confiável mecânica do Chevrolet Opala. A quase totalidade com motor 4.100 de 6 cilindros. Alguns poucos foram fabricados com o de 4 cilindros. Mas não conquistaram a clientela.

O prêmio de maior colecionador presente foi dado a Benny Binhas Kubudi, do Rio de Janeiro, que levou nada menos que seis SMs. Tivemos até dificuldades para conseguir enquadrar todos os seus carros numa única foto.
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
Já o carro mais antigo foi o pertence a Itamar José Silva. O Hatch 1979 com chassi Nº 181, de João Molevade – MG.

Carlos Alberto Muscida Mendes nos apresentou seu lindíssimo conversível azul metálico fabricado em 1987. Admirando de perto o carro, é fácil entender porque o SM 4.1 era o carro nacional mais caro da época. Morador de Volta Redonda – RJ, ‘Carlinhos’ já possui o carro há cerca de 20 anos, mantendo-o sempre muito bem conservado.

Este 3º Grande Encontro foi a oportunidade também de oficializar o SM Clube, que até então era somente uma confraria de admiradores da marca, sem nenhum registro oficial. Para primeiro presidente foi eleito André Luiz Santos, de Volta Redonda – RJ. Entre as metas da nova gestão está a implementação do cadastro nacional do Santa Matilde. Aliás, André é proprietário do automóvel mais novo da festa: é de 1992, época em que O SM era somente produzido por encomenda.

Para encerrar o evento, após a cerimônia de premiação, os carros saíram em carreata pelas ruas de Três Rios, para reverem e serem vistos na terra onde ‘nasceram’.
Texto: Fernando Barenco
Fotos e edição: Fátima Barenco e Fernando Barenco
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