Agradáveis momentos, belas histórias
Um Fordinho com o mesmo dono há 58 anos, uma viagem de ônibus e outras coisas interessantes…
Fazer a cobertura de um encontro de automóveis antigos é sempre uma grande satisfação. Primeiro porque temos a oportunidade de rever os amigos e colocar o papo em dia. Depois porque, além de poder admirar as máquinas em exposição, temos a oportunidade de ouvir deliciosas histórias e conhecer (e às vezes até participar!) de situações pitorescas.Nessa 5ª edição do Encontro de Veículos Antigos de Paraíba do Sul, por exemplo, nós do Portal Maxicar — que somos de Petrópolis — recebemos o convite da turma do Passat Clube do Rio de Janeiro para irmos de ônibus. É que André Simas — morador de nossa cidade e um dos diretores do clube — é também um apaixonado por ônibus e proprietário de um Caio Amélia 1987. Mas não vamos entrar em detalhes agora, porque isso já é assunto para uma reportagem que irá ao ar nos próximos dias. Mas o fato é que fomos ao evento de ‘buzum’!
O empresário Luiz Valle nos apresentou seu Ford A 1929. O modelo vendeu muito em nosso país, então não é raro encontrarmos alguns deles nos encontros de autos antigos de hoje. Mas o exemplar de Valle tem duas particularidades. Nos chamou a atenção o fato de ele ser da rara versão Sport Coupê, que é muito semelhante à famosa Roadster — apelidada de ‘baratinha’ — mas que possui portas fechadas até em cima e com vidros nas portas e também na traseira. A propaganda da época dizia: “Combina a velocidade e o estilo de um Roadster, com as vantagens de um carro fechado”. Custava US$ 530 em 1929, enquanto o Roadster normal não chegava aos US$ 400. Por isso vendeu menos e se tornou raro. O segundo detalhe que torna esse conversível de Valle especial é o fato dele ser o proprietário do carro desde 1959! Isso mesmo, o ganhou do pai quando frequentava a faculdade e nos contou que nos anos 1970 ia muito ao Rio de Janeiro passear com ele pela orla da Zona Sul. Agora o carro foi restaurado, mas no passado já foi usado até como veículo de carga em sua empresa.
A história desse Impala Sport Sedan 1962 da foto, já contamos aqui em 2014, mas é tão incrível que vale a pena ler de novo. Em 1962, Antonio Carlos Pinto, então com 15 anos, vivia com sua família nos Estados Unidos. Um dia, já de malas prontas para retornar ao Brasil ele foi com seu pai adquirir um Impala, que acabou sendo trazido para cá, e depois vendido. Apaixonado pelo carro, Antonio Carlos nunca perdeu a esperança de reencontra-lo. Depois de muitas pesquisas, com a ajuda de amigos, o reencontro aconteceu em 2014, durante o encontro anual do Veteran Car Clube de Juiz de Fora. O carro continua original e em perfeito estado e foi reconhecido graças ao adesivo da concessionária Loving Chevrolet, ainda hoje colada no parachoque traseiro. Outro fato incrível: na ocasião o carro pertencia a Antonio Pinto de Souza, que faleceu no ano passado. Repare como os nomes são parecidos… Hoje o Impala pertence a seu filho.
Já Geraldo Mussel, de Petrópolis-RJ, é proprietário de uma bela Ford F1 1951 Street Rod. A pick-up foi comprada em estado bastante precário e para deixa-la do jeito que está hoje, ele teve que usar um certo truque. A restauração já estava tratada com a oficina há algum tempo, mas estava demorando bastante para que o serviço finalmente fosse iniciado, o que foi aumentando a sua ansiedade. Um dia Mussel decidiu tomar uma atitude radical. Colocou um cheque de R$ 5 mil no porta-luvas e simplesmente largou a F1 na porta da oficina. Quando chegou em casa ligou para o restaurador e perguntou: “Ei aí, encontrou o cheque no porta-luvas? Então pode começar o serviço!”. Está aí uma boa dica para os ansiosos antigomobilistas.
Não tão antigo quando os demais, o Opala Comodoro 1988 de Roni Petterson Moreira Brum, de Engenheiro Paulo de Frontin, também tem algo bem legal envolvendo a sua compra, que aconteceu há cerca de 2 anos. Ele foi adquirido através de um leilão no Rio de Janeiro. O carro que hoje tem somente 32 mil quilômetros rodados e se mantém original de fábrica, pertencia ao Governo Federal, lotado no Ministério da Saúde. Dentro de seu porta-luvas Roni encontrou diversos documentos oficiais referentes ao carro, inclusive um oficio assinado pelo então Ministro da Saúde, José Serra, onde requere o veículo para o serviço.
Até mesmo a Kombi que ilustra o cartaz do evento desde ano tem um histórico de família. A Standard 1974 foi comprada zero km por Álvaro Coelho, que era um representante comercial, vendendo linguiças e doces nos armazéns da região. Seu filho Aurélio depois começou a trabalhar com ele e aprendeu a dirigir na Kombi. Quando se aposentou, Seu Álvaro manteve a perua como veículo de uso por algum tempo e depois a aposentou também. Mas o carro ficou guardado pela família.
— Em janeiro escolhemos ela para ilustrar o nosso cartaz desse ano. Uma semana depois, liguei para o Aurélio para combinarmos o dia de tirar as fotos. Então ele me disse que mandou dar uma geral na Kombi, com pintura nova e tudo o mais. — no contou Daniel Netto, presidente da AVA-PS, clube organizador do evento.
Destaques dos classificados
Um dos carros mais admirados deste ano foi o Hudson Super Six 1950, de Antonio de Souza Teixeira, morador de Três Rios, cidade vizinha a Paraíba do Sul. O enorme conversível de linhas fluidas e aerodinâmicas impressiona sobretudo pela lateral, com paralamas que cobrem completamente as rodas traseiras. Segundo ele, este é o único exemplar deste modelo em todo o Brasil. E realmente não conhecemos outro.
Outro modelo também raro no Brasil debutou neste evento, que aconteceu nos dias 27 e 28 de maio. O Buick Century Sedan pertencente ao colecionador Paulo Affonso Salvini, é um típico americano de sua época, como motor V8 350 e linhas avantajadas, com conforto e espaço de sobra para os passageiros. Ele pertence à segunda geração do modelo, fabricado entre 1973 e 1977.
Outros importados de destaque foram: Cadillac Deville 1973, Chevrolets Fleetmaster 1948 e Fleetline 1952, Mercedes Benz 280S 1974, Chevrolet Biscayne 1963, Camaro 1968, Mercury Sport Sedan 1951, Ford Modelo T 1926 (o mais antigo presente), entre outros.
A maioria dos automóveis era nacional, com grande número de Fuscas e Opalas. Gordini, Passat, Karmann Ghia, Galaxie, Maverick, Dodges Dart e Charger, Aero Willys, Escort, Del Rey e Fiat 147, foram alguns dos diversos outros modelos.
Os MP Lafers enfeitaram a alameda principal do Parque das Águas Salutaris, com suas cores vivas e nostálgico design. Como em edições anteriores, foi grande o número de veículos off-road, principalmente os da linha Willys: Jeep, F75 e Rural.
Representativo o número de clubes e grupos monomarcas participantes, cada um deles com vários automóveis: Serra Bugs de Petrópolis, Chevetteiros de Volta Redonda, Imperial Jeep Clube (veículos militares), Amigos do MP Lafer, Passat Clube do Rio de Janeiro e Opala Clube de Petrópolis. Este último brindou os visitantes com um show da recém-criada COP Band, a banda oficial do clube, formada por três de seus membros. No repertório, principalmente aqueles clássicos do Rock dos anos 1960, 70 e 80.
O fim de semana de muito sol e temperatura amena, típica dessa época do ano, combinado com o exuberante verde do Parque das Águas, ajudou a criar uma atmosfera especial para mais uma edição desde que é um dos mais agradáveis e simpáticos encontros de carros antigos do Estado do Rio de Janeiro.
ÁLBUNS DE IMAGENS
Exposição Momentos & Amigos Panorâmicas Feira de Peças
Texto: Fernando Barenco
Fotos e Edição: Fátima Barenco e Fernando Barenco
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