Desfile performático de automóveis foi a grande novidade desse ano
Hotel Fazenda Raposo recebeu mais de 400 veículos durante o final de semana
Inovação é a palavra-chave de qualquer atividade. E não poderia ser diferente quando o assunto é encontro de carros antigos. Afinal, o número de eventos vem crescendo ano a ano, o que força os organizadores a estarem sempre inventando novidades para atrair a atenção dos antigomobilistas. Talvez esteja justamente aí o segredo do sucesso do Passeio de Veículos Antigos em Raposo. Ele começou modestamente em 2010, reunindo praticamente apenas os sócios do clube organizador. Sete anos depois, está grande confraternização que aconteceu entre os dias 02 de 04 de junho, já reuniu mais de 400 veículos vindos não apenas do Estado do Rio de Janeiro, mas também Minas Gerais e Espírito Santo.Não podemos afirmar que se trata de ineditismo, mas o fato é que esse evento tem características bastante únicas: tudo acontece dentro de um hotel fazenda, onde hospedes e antigomobilistas em geral expõe seus carros; no sábado à noite, ao invés de um tradicional jantar, uma grande festa junina; a abertura oficial acontece com uma benção das chaves. E vamos falar mais sobre tudo isso, mais adiante…
Esse ano mais uma novidade que agradou em cheio e promete novas emoções nas próximas edições. Estamos falando do desfile de veículos, que aconteceu durante o coquetel de boas-vindas na noite de sexta-feira (2). Mas não se tratou da mera passagem dos automóveis de um lado ao outro do salão. Foi algo bem performático e que exigiu todo um roteiro e produção, pois os ocupantes estavam vestidos com as roupas que remetiam à época do carro e faziam apresentações ao som de trilhas musicais, para delírio das centenas de pessoas que assistiam.
O casal Fernando e Sandra Aiub, de Cachoeiro do Itapemirim – ES, por exemplo, convidou Geronço Braçança, de Vitória, para ser o motorista do Impala SS 1963 durante a brincadeira. Já Michel e Dário, de Nova Friburgo – RJ, voltaram aos tempos da Guerra da Coreia a bordo do Jeep M38 1951. A apresentação teve alto grau de dramaticidade, com som de bombardeio e direito até a ferimento, rastejo pelo chão e pedido de S.O.S pelo rádio. Foi um dos mais aplaudidos. Já Wandelli e Ana Maria curtiram muito os embalos de sábado à noite, ao som das Frenéricas com o Mercedes Benz 1984. Foram ao todo 13 automóveis e 1 bicicleta em desfile. Se você gostou da brincadeira, vai preparando seu traje e ensaiando para 2018!
Este desfile foi idealizado no início dos anos 2000 por Reinaldo Moreira, que o realizava todos os anos durante o encontro anual de Itaperuna — um evento que já há alguns anos não mais acontece. Por isso, a turma do Rio Minas Clube de Veículos Antigos — que organiza essa festa de Raposo — o convidou para ser o mestre de cerimônias.
Destaques dos classificados
O Encontro Regional de Pumas foi um dos eventos paralelos e que teve grande êxito, já que reuniu cerca de 30 exemplares do Rio, Minas Gerais e Espírito Santo, deste que foi o mais vendido fora-de-série brasileiro nos anos 1970 e 80 e que hoje possui uma crescente legião de fãs.
Entre os mais antigos exemplares, o bastante raro GTS Spyder 1972, de Fernando Menezes, presidente do Veteran Car Clube de Vitória – ES. O modelo foi a primeira versão do Puma Conversível e tem algumas caraterísticas únicas, como o desenho vincado da tampa do porta-malas (dianteiro).
— Parei num sinal de trânsito em vitória com meu Dodge Dart. Ao meu lado parou um amigo com esse Puma. Ele me propôs a troca e eu topei na hora. Isso aconteceu há 35 anos! — nos contou Menezes.
Havia Pumas das mais variadas versões, inclusive das últimas unidades, já produzidas pela Alfa Metais (Paraná). Estamos falando do Conversível AM4 1987 — que tem carroceria bem diferente dos GTS e é equipado com Motor VW AP 1.8 refrigerado a água — e do AMV 1989, que é uma nova versão do GTB — e assim como esse, tem motor Chevrolet 6 cilindros 4.1S instalado na dianteira. Uma curiosidade: a sigla “AM” no nome de ambos, significa justamente Alfa Metais.
Outra mostra paralela foi a de pick-ups com modelos raramente vistos em outros eventos, como as americanas Dodge Job Rated 1954, Chevrolet Apache 1959, Chevrolet Cameo 1957 e International KB1 1948. Entre as nacionais, Chevrolets C10 e Fords F75, este um modelo derivado da antiga Willys Rural. A mostra foi organizada pelo Pick-ups Group, um recém-criado grupo de informal de amantes de caminhonetes antigas, com membros em todo o Brasil.
Ainda falando dos pesados, mais uma vez a participação de Joaquim Carlette e seu Mercedes Benz LP 331 cabine-leito de 1958, que recebeu um ‘upgrade’ mecânico e diversos itens de conforto, como bancos de couro, direção hidráulica e ar condicionado. Tudo para fazer com tranquilidade (e muito estilo!) qualquer viagem, não importando a distância. Sobre a plataforma, dois Mercedes Benz Unimog 4X4, um Fiat 147 e um Karmann Ghia.
Este ano, o espaço para a exposição dos veículos foi bastante ampliado, com algumas obras de reforma realizadas pelo Hotel Fazenda Raposo. Assim, o evento ficou ainda mais organizado. Mas… surpreendentemente todos os espaços foram ocupados. Talvez seja o caso de pensar em nova ampliação para o ano que vem…
Como em edições anteriores, a maioria dos automóveis importados ocupou o gramado em frente à recepção do Hotel. Um dos mais fotografados foi o Corvette Pace Car 500 Milhas de Indianapolis. Para a corrida que dá nome ao carro foram produzidos somente três exemplares. Mas ele fez tanto sucesso, que a Chevrolet fabricou outros 6.502 deles, um para cada uma de suas concessionárias. Hoje é uma versão muito cultuada pelos colecionadores.
Outro a roubar suspiros foi o chamativo Pontiac Grand Prix 1976 de Renildo Alves, de Teresópolis – RJ. O modelo teve vida longa, sendo produzido entre 1962 e 2008. Este é da terceira geração. Pertencente à General Motors, a marca Pontiac foi extinta em 2010.
O Austin Healey 1969 de Alan March, morador de Búzios – RJ tem uma linda história, como só os carros antigos podem propiciar. Nascido na Inglaterra, Alan comprou o gracioso Conversível em 1979. Em 2002, ele se mudou para os Estados Unidos, levando o carro com ele. Permaneceu no Texas até 2013, quando se mudou para o Brasil. E o Healey — que possui o volante do lado direito —, é claro, veio junto.
Outro inglês a despertar a curiosidade foi o Jaguar XJ12 fabricado em 1974. Além das linhas clássicas que o identificam, o capô estrategicamente aberto mostrava seu potente e incomum motor V12. De acordo com seu proprietário, o consumo de combustível é até comedido, se você não tiver “pé-de-chumbo”: 5km/litro. Quando adotou esse motor, a Jaguar pensava mais na suavidade ao rodar do que no desempenho.
Atração à parte foi a participação dos Fordinhos Modelo A, que roubam sorrisos por onde quer que passem. Este ano ele também tiveram um espaço só para eles.
De Conselheiro Lafaiete-MG, Caio Mário Pereira nos apresentou o mais novo membro da coleção. O Opala Diplomata 1986 é um exemplar top de linha, com ar condicionado, direção hidráulica, motor 4100 e câmbio automático. O carro foi adquirido zero km pela 3M e serviu como carro de um de seus executivos durante quatro anos. Em 1990 este funcionário se aposentou e ganhou o carro de presente da multinacional. Foi preservado durante todos esses anos, passando agora às mãos de Caio. Um verdadeiro achado!
Por falar em Opalas, o modelo disputou com o Fusca, da Volkswagen, o título de mais numeroso do evento de Raposo. Somente o Clube do Opala do Espírito Santo levou oito. Sócio do mesmo clube, Márcio Galardi dessa vez foi de Willys Itamaraty 1969. O motivo da compra do carro, ano passado, foi muito nobre.
— Meus pais se casaram em 1966 e minha mãe foi levada à igreja num Itamaraty. Ano passado, eles completaram 50 anos de casamento e quis fazer uma homenagem, a levando para a festa de Bodas de Ouro neste carro. — nos explicou.
Por algum motivo a festa acabou não acontecendo, mas a admiração de Márcio por esse modelo de luxo da extinta Willys só fez aumentar. E não ouse chamar o carro dele de Aero Willys…
— É como chamar um Capitão de Tenente! — se diverte.
Outro orgulhoso antigomobilista presente em Raposo este ano (aliás, ele não perde uma edição!) foi o jovem Fabrício Pessanha. Sua garagem em Campos dos Goitacazes-RJ conta com cerca de 20 automóveis, e tem um perfil bem específico: quase todos são de modelos esportivos ou de séries especiais dos anos 1980 e 90. Gol GTi, Passat GTS Pointer e Escort XR3 estão entre eles. Este ano, ele levou uma VW Saveiro Summer. Fabricio Pessanha Collection é o nome de sua garagem que tem até um fã-clube informal, basta ver essa foto que ele tirou com os amigos.
A abertura oficial começou por volta das 11 horas da manhã de sábado (03) com a já tradicional e emocionante cerimônia da benção das chaves, proferida pelo pároco local, Padre Rodrigo Henrique Mello. É sempre um momento de muita reflexão.
A Tarde das Damas, somente para elas (é claro), teve sorteio de brindes e lanches. À tarde também uma divertida gincana, com perguntas sobre o mundo dos automóveis, evidentemente!
E como acontece todos os anos, a noite foi reservada para a Festa Junina. Trajes típicos, quitutes da época, cerveja gelada, muitos sorrisos e a impagável dança da quadrilha que contou com a participação de boa parte dos convidados. Diversão da melhor qualidade!
Manhã de domingo. Para vários dos que estavam ali hospedados, é hora de voltar para casa. Afinal, são muitos quilômetros de distância. Para os estavam um pouco mais perto, ainda dava tempo de esperar a hora do almoço e curtir um pouco mais a festa. Enquanto alguns iam, outros estavam chegando para aproveitar até o finalzinho, lá pelas 5 da tarde…
ÁLBUNS DE IMAGENS
Exposição Momentos & Amigos Coquetel Benção Tarde das Damas Festa Junina
Texto e videos: Fernando Barenco
Fotos e edição: Fátima Barenco e Fernando Barenco
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