Como de hábito, casa cheia!
Driblando as previsões meteorológicas, 16ª edição lotou nos dois dias
Da simplicidade de um Volkswagen à suntuosidade de um Cadillac; da valentia de um Jeep, à delicadeza de uma Lambretta; da nostalgia de um Ford Modelo T à modernidade de um contemporâneo Mustang… cabe todo mundo nesse simpático e carismático evento que há 16 anos atrai centenas e centenas de automóveis e um número enorme de público. Não foi à toa que a Prefeitura de Juiz de Fora concedeu ao Encontro AVA de Veículos Antigos o primeiro lugar em seu Programa de Apoio a Projetos Turísticos. O reconhecimento a um evento que traz turistas e recursos e leva o nome da cidade para todo o Brasil.Essa festa aconteceu nos dias 1º e 2 de julho, como sempre no Pátio de Eventos do Carrefour, cujo espaço parece estar ficando menor a cada edição. Notamos que este ano o número de automóveis ficou acima do normal no sábado, alcançando cerca de uns 80% dos presentes no dia seguinte. Tradicionalmente, domingo a frequência é bem maior. O motivo talvez esteja no fato de a meteorologia ter previsto uma repentina virada do clima de sábado para domingo. Então, talvez na iminência de chuva no dia seguinte, muitos antigomobilistas tenham decidido antecipar a participação, já comparecendo no sábado. E realmente a frente fria chegou para valer no Sudeste na noite de sábado, trazendo frio e muita chuva. Mas a pé-quente turma da AVA-JF teve a complacência de São Pedro e, apesar do tempo fechado, a chuva não chegou à Juiz de Fora.
Esse ano houve um recorde no número de estandes no “mercado de pulgas” e o retorno certamente foi bom para os comerciantes, pois o movimento foi muito grande. Havia de tudo: as habituais peças e acessórios; placas decorativas; miniaturas tradicionais e em madeira; chaveiros e adesivos; bonés e camisetas; brinquedos e antiguidades; caricaturas e quadros feitos na hora.
A praça de alimentação ficou exclusivamente à cargo da entidade assistencial Associação dos Amigos ABAN, que deve ter ficado muito satisfeita também, já que o espaço permaneceu lotado durante a maioria do tempo. Comida boa a preço justo.
Sobre os automóveis, comecemos falando sobre os importados, segmento sempre muito admirado pelos visitantes. E veja só que timaço de americanos: o primeiro da ala um Oldsmobile Dinamic 88 1959; em seguida um trio de Cadillacs, fabricados em 1964, 1967 e 1973; em seguida Corvette 1977 e Thunderbird 1971. Quer mais? Camaro Type LT 1974, Chevrolet Styleline De Luxe 1952, Impala 1963 e Buick Century 1974. Contrastando em cores e estilos, uma dupla de Chevys da década de 1930: o preto um Master Sedan estilo original de 1939; o laranja um Coupê hot rod produzido em 1938. O ancião Ford Modelo T 1926 foi o veículo mais antigo do evento.
Muitas máquinas bacanas entre os europeus também: um raro francês Renault Caravele 1968, na mesma família desde zero km! Também difícil de ser encontrado no Brasil, o italiano Alfa Romeo Alfetta vendeu muito na Europa entre 1972 e 1987: cerca de 400 mil unidades. O de Juiz de Fora é um 1974. Já na primeira olhada o carro nos é muito familiar, pois trata-se de uma versão compacta de nosso 2300. Repare só! A alemã Mercedes Benz também se fez presente com alguns exemplares. Da BMW dois futuros clássicos conversíveis: um Cabriolet 1995 e em Z3 1998.
Destaques dos classificados
Também da Europa, mas do Leste, um carro de uma marca que foi uma das primeiras a iniciar importações para Brasil no iniciozinho dos anos 1990, em plena “Era Collor” e que começou vendendo bem, mas em seguida ficou com uma tremenda má fama. Já sabe do que estamos falando? Sim da Lada, vinda diretamente da Rússia. O carro em questão, um Laika 1990, pertence a um jovem de apenas 20 anos, que curte e entende tudo que é relacionado à antiga União Soviética. Jordan Marcos Rocha tem ainda um jipe Niva e um Samara. Segundo ele, dos três, o mais problemático é o Samara, por causa de seu motor transversal.
— Mas os carros da Lada não são ruins. Ficaram com má fama por causa de problemas com a rede de assistência técnica na época. — nos contou.
Jordan possui ainda uma coleção de miniaturas de marcas como Lada (é claro!), Gaz e Volga, quase todas muito antigas, de fabricação soviética. Observa na foto, que muitas delas estavam cuidadosamente arrumadas no painel do Laika. Estudante, pensa em ano que vem fazer uma viagem de intercâmbio cultural. Adivinha que país ele escolheu?
E diretamente do Sul de nosso Continente, uma peça única no Brasil. Osvaldo Santos encontrou na Região Serrana do Rio de Janeiro uma réplica do inglês Morgan 4-4 Série 1 fabricada na Argentina. O carro reproduz o modelo customizado que participou das famosas 24 de Le Mans de 1939. Segundo seu filho, o carro original da corrida não existe mais e há poucas réplicas no Mundo. Quando foi comprado pelo atual proprietário, o bólido tinha motor Fiat 1500, mas foi substituído por um VW AP 1.8 pela facilidade de manutenção. Diversos detalhes são originais Morgan.
Como acontece em grande parte dos encontros pelo Brasil, os Fuscas foram maioria, com dezenas de exemplares. Afinal, foram produzidos mais de 20 milhões em todo o mundo e a quantidade foi enorme também no Brasil. Merecedor de destaque o Última Série 1986 cujo número de produção é o 693. Foram fabricados 850 exemplares numerados desta versão especial que marcou o fim da produção do Fusca pela primeira vez. Em 1993 ele voltaria a ser fabricado, a pedido do então Presidente Itamar Franco, que hoje falecido, era de Juiz de Fora, onde foi inclusive prefeito.
Outro VW que se destacou foi a velha e boa Kombi, modelo que se tornou cult nos últimos tempos e que em 2017 completa 60 anos do início de sua fabricação no Brasil. E a homenagem incentivou o casal Fábio e Gissa Bifano, de Muriaé-MG a terminar o restauro da Standard 1966 para participar do evento. Mas apesar da revisão mecânica completa, a “velha senhora” resolveu aprontar das suas pelo caminho. Logo no início da viagem, uma pane elétrica obrigou uma visitinha a um eletricista. Problema resolvido, a perua seguiu para Juiz de Fora, mas fez outra arte no finalzinho da viagem. E dessa vez o problema foi mais complicado. Algo relacionado à caixa de câmbio obrigou o retorno para casa no guincho. Nada que fizesse o simpático casal perder o bom humor. Afinal, quem sai de casa em um carro antigo, está sujeito a esses imprevistos.
Outro nacional em grande número foi o Opala, entre os quais destacamos o Comodoro 1979, o Diplomata 1986, o SS 1978, o Gran Luxo 1972 e a Caravan Ambulância 1977, este um exemplar autêntico que serviu a um hospital do Interior de Minas Gerais antes de se tornar um veículo de coleção.
Também em boa quantidade esteve o Galaxie. O modelo da Ford está completando 50 anos de seu lançamento no Brasil. Motivo de sobra para tira-lo da garagem. No entanto não foi programada uma comemoração oficial durante o evento. Mas o fato é que o número de exemplares foi acima da média esse ano, fazendo uma espécie de merecida homenagem informal.
E brasileiros da década de 1960 também estiveram por lá, com preciosos exemplares: FNM 2000 JK 1967, DKWs Belcar 1964 e Fissore 1965, vários Karmann Ghias, Simcas nas versões Rallye e Jangada.
Entre os utilitários, diversos Jeeps, Rurais e pick-ups Ford F75 e Chevrolet C10. A Studebaker 1950 e a hot rod Ford F100 1960 foram as mais clicadas. Ônibus e caminhões completaram o time dos mais pesados.
A noite de sábado testemunhou um dos mais animados coquetéis de confraternização das últimas edições. O evento social aconteceu mais uma vez na Associação Portuguesa. A trilha sonora ficou por conta da competente Banda Ômega 4, com destaque para o baterista que atua também como vocalista, interpretando com perfeição as canções com vozes femininas. Não deixaram ninguém ficar parado.
Mais uma vez, as grandes beneficiadas com a realização deste evento foram as entidades assistenciais de Juiz de Fora, já que as toneladas de alimentos não-perecíveis arrecadados com as inscrições são sempre destinados a elas.
Exposição Momentos & Amigos Panorâmicas
Texto: Fernando Barenco
Fotos e edição: Fátima Barenco e Fernando Barenco
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