Onde foi parar o colorido de nossas ruas?
Nossas ruas andam muito tristes! Experimente comprar um automóvel de qualquer marca nacional hoje. As cores disponíveis são poucas e sempre naquela mesmice de tons. Se você é fã da Chevrolet e optar pelo campeão de vendas Onix pode escolher entre Preto Ouro Negro, Branco Summit, Prata Switchblade, Cinza Graphite e Vermelho Carmim. Nada de amarelo, verde, roxo, azul, marrom, laranja e outros tons mais coloridos. Mais descolado, o UP da Volkswagen dispõe de duas cores vibrantes: o Azul Lagoon e o Laranja Habanero. Já o popular Ka dispõe apenas de 4 opções e até mesmo para o top de linha da Ford não há muita variedade de cores: são apenas 8 para o Edge, que custa R$ 236 mil. E a história se repete nas demais montadoras. Para a maioria dos modelos estão disponíveis de 4 a 6 cores, seguindo a regra de preta, branca, prata, cinza e vermelha.
Dizem os especialistas que essa tendência acontece por uma questão mercadológica. Ao comprar um carro zero km o consumidor não se arrisca com cores diferentes do padrão, com medo de ter dificuldade na hora de vender. Assim, o que se vê é a ditadura das cores, onde no momento a cor da moda é o branco. Há até pouco tempo era a prata, antes a preta.
Hoje, carro é bem de consumo, um produto descartável. Comprado com a intenção de ser revendido depois de uns dois anos.
Antigamente era um objeto de desejo e poucos conseguiam comprar seu zero km. Quando alcançavam esse sonho, muitas vezes permaneciam com ele por anos a anos. Por isso a escolha da cor era bem pessoal, o que dava espaço para muitas variações.

Em 1971, por exemplo, o carro mais popular do Brasil de sua época — o Fusca — estava disponível em 14 cores. Entre as mais berrantes o Amarelo Manga, o Laranja Monza, o Azul Pavão (muito clássica) e o Verde Guarujá. E foi neste ano que a VW inaugurou sua linha de cores metálicas com as lindas Azul Atlas e Verde Amazonas, ambas para o TL.
Já a DKW-Vemag caprichava não só nas cores, mas também no nome delas. Na paleta de 1966 havia: Azul Tramandaí, Verde Petrópolis, Azul Itapuã e Bege Camboriú, entre outras.
A Chevrolet também esbanjou tons vivos para Opala e Chevette. Vermelho Saturno (1970), Amarelo Limão (1972), Verde Menta (1973), Super Verde (1975), Azul Danúbio (1977) e Vermelho Bonanza (1982) são alguns exemplos.
Destaques dos classificados
Com uma paleta um pouco mais modesta, mas não menos contrastante, a Willys dispunha de um total de 12 cores para sua linha 1964, incluindo Jeep, Rural, Pick-up Jeep, Aero, Interlagos e Gordini. Dois anos depois, a propaganda divulgava as seis cores do Aero, com duas opções de carroceria em duas cores.
Bem generosa era a Ford com seu Corcel. Em 1975, por exemplo, o cliente podia escolher entre as nada menos que 25 cores disponíveis, sendo 10 delas metálicas. E essa grande oferta permaneceu ao longo dos anos, inclusive na década de 1980, com o Corcel II. Já para a linha Galaxie a variedade não era tão grande, mas a Ford adotou um catálogo de cores exclusivo para a linha Landau, com tons mais sóbrios como Azul Clássico e a Prata Continental.
Esses são apenas alguns exemplos de cores de modelos nacionais fabricados nas décadas de 1960, 70 e 80. Se formos falar de automóveis americanos, a variedade sempre foi muito maior, sobretudo a partir da década de 1950. E as possibilidades se tornavam imensas se levássemos em conta as combinações em dois tons de carrocerias, somados aos variados padrões de interior.
Pois é… nossas ruas andam muito tristes!

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