Coberturas

XV Encontro de Veículos Antigos de Campos dos Goytacazes, RJ

A tarde de sábado foi ensolarada

Quem disse que antigomobilista tem medo de chuva?

Os que apostaram no Sol fizeram a escolha certa! O Sábado amanheceu com chuva, mas ela logo passou, permitindo lotar o estacionamento do Boulevard Shopping

O sábado amanheceu com o clima bastante feio: nuvens negras no horizonte fizeram com que uma chuva bem pesada não tardasse a chegar. Situação que preocupa principalmente os organizadores dos encontros de carros antigos, que planejam aquele momento durante um ano inteirinho.

Mas quem disse que isso tirou a animação dos antigomobilistas? Os primeiros chegaram ensopados. Caravanas com vários automóveis que vieram de longe, rodando 100, 200, 300 quilômetros. Caso dos abnegados amigos Leandro Fardin — proprietário de um Ford Modelo A Phaeton 1929 — e Norman Ferreira — dono de um Modelo B, também da Ford, ano 1932 — que, vindos do Espírito Santo, rodaram cerca de 250 km. Ambos automóveis são conversíveis e tem velocidade média de 70 km/h. Imagine uma viagem dessas na chuva!

Já o entusiasta Marcelo Braz, de Cachoeiro do Itapemirim, também no Espírito Santo, nos confidenciou: “É a primeira vez que ele pega chuva em 15 anos”. ‘Ele’ no caso é VW TL 1973, da rara versão de 4 portas na cor Azul Niágara.

Mas, para a alegria geral, como por um milagre, o sol começou a surgir por volta do meio dia, no justo momento da abertura oficial do evento, que contou com a benção das chaves ministrada pelo Bispo D. Fernando Rifan e que contou com a presença do Prefeito de Campos dos Goytacazes, Rafael Diniz.

Cerimônia da Benção das chaves

Realizado nos dias 28 e 29 de outubro, foi a primeira vez que o evento aconteceu no Boulevard Shopping, que além do amplo estacionamento, proporcionou aos expositores e visitantes os confortos e comodidades que este tipo espaço pode propiciar: banheiros limpos, praça de alimentação, lojas nos mais variados segmentos (para a alegria das esposas) e até o supermercado para a compra dos produtos não-perecíveis que foram doados no ato da inscrição do veículo. E mais: o confortável Hotel Tulip Inn distante apenas poucos passos do local da exposição, o que fez com que fosse a opção de hospedagem da grande maioria dos que vieram de outras cidades.

Se não bastasse, o evento contou com a participação de diversos food trucks, além da tradicionalíssima feira de peças, acessórios e outros produtos, que fazem a felicidade dos colecionadores. Aconteceram vários shows musicais.

Já no saguão principal do shopping, aproveitando o clima nostálgico do evento um DeLorean DM-12 1981 paramentado exatamente como o carro original da famosa trilogia “De Volta Para o Futuro”, com o capacitador de fluxo e tudo mais. Nem mesmo Marty Mc Fly e Dr. Emmett Brown iriam notar diferenças…

Enquanto isso, no estacionamento lotado de outras ‘máquinas do tempo’, o público visitante se deliciava com muitos carros nacionais e importados.

Entre os americanos, um Bel Air 1956, que com sua pitoresca cor num tom rosado combinado com bege, foi sem dúvida um dos belos exemplares do evento. E brilhou ao lado de outros Chevrolets: o Styleline De Luxe 1952 e os Impalas 1963 e 1964. Havia ainda um Chevrolet Sedan 1938 — que serviu de ‘garoto-propaganda’ no cartaz oficial do evento e que ficou em destaque bem na entrada do Shopping, próximo ao bólido de Stock Car do piloto Allam Kodair.

Plymouths foram três: Touring Sedan 1939 e 1940, e Cranbrook 1951, versão ‘street rod’. Este Último foi comercializado no Brasil como Dodge Kingsway com mínimas diferenças para a versão Plymouth. Junto com uma rara pick-up International D2 1939  — e ao lado dos Fordinhos  e do Chevrolet já citados — estes foram os veículos mais antigos em exposição.

Ford Taunus 1951

Entre os carros da Europa, destaque para o Ford Taunus 1951, modelo fabricado durante décadas na Alemanha e por isso muito popular por lá, mas muito raro de se ver nos encontros de autos antigos aqui do Brasil. Outro compacto europeu, mas esse fabricado na França, é o Peugeot 203 1953, que aliás disputava mercado com o Taunus. Foi o primeiro modelo Peugeot pós II Guerra Mundial e foi produzido até 1960.

Austin Healey

Uma formosura o Austin Healey Sprite MK IV 1969 do inglês radicado no Brasil Alan March e que o acompanha pelo Mundo deste 1979, quando foi comprado, lá na Inglaterra. Em 2002 ele mudou-se para os Estados Unidos o levando com ele. O mesmo aconteceu em sua mudança para o Brasil, em 2013. Isso é que é paixão por um automóvel!

Alguns sócios do Clube do Automóvel Antigo de Campos, o organizador do evento, alugaram barracas para abrigar suas coleções. Caso de Fabricio Pessanha, que entre outros, expos seu magnífico Dodge Charger R/T 1975. Motocicleta Honda CB 450 e Ford Escort XR3: esses dois ícones de esportividade e sonhos de consumo da juventude dos anos 1980 foram atrações na tenda de Leonardo Souza, atual vice-presidente do Clube.

Mário César: faltou espaço

Mas na tenda do novo presidente acabou até faltando espaço. É que Mário César Venâncio já possui 15 modelos em sua coleção iniciada há 10 anos. Batizada de AV, em homenagem ao pai Aluízio, ela tem como foco os nacionais com baixa quilometragem, de preferência os não restaurados. Tem Opala 1969, Itamaraty 1967, Voyage 1984, Jeep 1969, Rural 1975,  Dodge Le Baron 1981, entre outros.

Ainda tratando de nacionais, tivemos a oportunidade de ver alguns modelos e versões bem raras, mas que podem passar despercebidos para o grande público.  O Opala Gran Luxo 1974 tem como item fora do comum sua bonita cor Rosa Pantera, que não teve muita saída na época talvez por razões machistas. Esse tom também foi usado no Chevette daquele ano.

Falando em Chevette, lembra do Ouro Preto? Pois é… ela existiu e há anos não víamos nenhum. Foi uma série especial de 1981/82 disponível apenas nas cores dourada ou preta, com detalhes esportivos como os da versão S/R e rodas douradas. Não vendeu muito e hoje restam pouquíssimos.

Já o aficionado por Fiats — especialmente os da linha 147 — Luiz Fernando Grain extrapolou em termos de modelos exclusivos e levou ao evento logo dois. O primeiro um esportivo produzido há mais de duas décadas e que nasceu para ser veloz, descambando Vectra GSi, Escort XR3 e Gol GTi nos testes da Revista Quatro Rodas de 1994. Adivinhou? Estamos falando do Uno Turbo. Segundo Luiz Fernando, foram fabricados apenas 1.800 dessas maravilhas.

O segundo é ainda mais exclusivo. Trata-se do Fiat Oggi (lembra?) — aquele três volumes sucessor do 147 — mas na versão CSS 1985, a esportiva com produção de meros 300 carros. Sempre na cor preta, com motor 1.4, saia dianteira, aerofólio traseiro, rodas de liga leve, volante e bancos especiais, foi produzido para a homologação do modelo nas pistas de corrida.

Julião: apaixonado pelos Gurgel

O último em nossa lista é o Gurgel XEF 1984, que nos foi apresentado por seu proprietário, um fã da extinta marca criada pelo engenheiro de nome comprido: João Augusto Conrado do Amaral Gurgel. Proprietário também de um Super Mini, Julião Gomes nos mostrou com orgulho o banner com os dados técnicos do XEF: foram fabricados somente 145 unidades entre 1981 e 1985. E além do seu, Julião só conhece outro em todo o Estado do Rio de Janeiro, um de Itaipu, em Niterói.

Claro que a lista de outros nacionais foi grande: DKW Belcar, Gordini, Maverick, Gol, Parati, Fusca, Pick-ups Chevrolet Brasil e C10/D20, Variant, Brasília, Galaxie, SP2, Karmann Ghia, Del Rey, Corcel, Kombi… apenas para citar alguns.

Na noite de sábado aconteceu uma festa de confraternização com jantar para expositores e seus convidados. Na ocasião tomou posse a nova diretoria do Clube do Automóvel Antigo de Campos, para o biênio 2017/2019, sendo Mário César Venâncio o novo presidente, em substituição a Roberto Rangel.

Domingo. No dia seguinte o evento prosseguiu, mas dessa vez com um dia ensolarado. Os de cidades mais distantes foram partindo, enquanto outros iam chegando…


<em>Álbum de Fotografias</em>


Texto: Fernando Barenco
Fotos e edição: Fátima Barenco e Fernando Barenco

 

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