Ao final de seu mandato, o Presidente da FBVA, Roberto Suga concede uma entrevista coletiva virtual ao Portal Maxicar, onde faz um balanço dos quatro anos de sua gestão
Está terminando o segundo mandato de Roberto Suga à frente da Federação Brasileira de Veículos antigos. Tendo tomado posse em 2014, foi reeleito em 2016 e sua gestão foi marcada pela maior aproximação da entidade com órgãos governamentais de trânsito e pelo número sempre crescente de clubes filiados, que passou de 114 para 203 em apenas quatro anos.
O Portal Maxicar aproveitou essa oportunidade para resgatar uma seção que fez muito sucesso há alguns anos, a ‘Roda de Amigos’ e sugeriu a Suga fazer aqui um balanço de sua gestão. Para entrevista-lo, convidamos um timaço formado por jornalistas, dirigentes de clubes e entusiastas.
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ROGÉRIO FERRARESI – Jornalista especializado, autor de livros e artigos sobre automóveis antigos
Na atualidade, devido a diversas circunstâncias (problemas psicológicos, investimentos financeiros e até mesmo lavagem de dinheiro) é notável o processo de elitização que o antigomobilismo vem sofrendo no Brasil, o que pode ser observado, em especial, pelo aumento especulativo nos preços dos carros, das peças e da mão de obra, o que limita a capacidade do entusiasta de baixo poder aquisitivo, elemento de primordial importância na preservação de muitos veículos que, ainda não sendo vistos como colecionáveis hoje, obviamente se tornarão muito raros no futuro caso, é claro, não sejam destruídos no presente por possíveis programas de inspeção veicular com falso caráter de proteção ambiental. Considerando tais fatos, o que uma entidade como a FBVA pode fazer para salvaguardar os direitos desses entusiastas de baixo poder aquisitivo (por muitos anos a base da pirâmide do antigomobilismo nacional, mesmo sendo vistos com certo preconceito nas altas esferas do movimento no Brasil), possibilitando aos mesmos manterem seus carros antigos, apesar de não contarem com a diferenciação da placa preta?
• SUGA: A situação econômica do país dificulta a manutenção de qualquer hobby, faz as pessoas viajarem menos, irem menos ao teatro, ao futebol e obviamente faz pensarem duas vezes antes de gastar com a manutenção de um veículo que não é o de uso diário. E isso passa pela cabeça de todos antigomobilistas, do mais rico ao mais pobre. Todavia a questão de preservação dos modelos não passa só pelo poder aquisitivo, o antigomobilismo tem como base maior do que qualquer valor financeiro dado ao veículo, a paixão pelos modelos e, em muitas vezes, histórias vividas pelos antigomobilistas naquelas máquinas. Prova disto é que temos no VW Sedan (popular Fusca) o veículo mais colecionado dentre todos, e isso não diz respeito ao poder aquisitivo dos colecionadores, mas sim à paixão pelo modelo que se tornou popular. É natural que no Brasil, de maneira geral, veículos que circularam em maior quantidade no passado despertem maior paixão, por isso vemos mais veículos de coleção da VW, Ford, Chevrolet e Fiat do que os da Mercedes ou Jaguar, por exemplo. Elas fizeram parte da vida da maioria das pessoas. Ninguém coleciona um Puma porque queria ter um Isotta Fraschini, mas acha caro. Ele coleciona porque ama o Puma, porque teve fascínio por ele na infância ou adolescência, porque teve histórias boas relacionadas ao carro.
A missão da FBVA é continuar prestigiando, sem qualquer distinção, desde os eventos com carros mais raros até o encontro local das menores cidades, não importando o valor de mercado do veículo, mas sim a preservação da história representada naquela máquina. A cada ano novos modelos que fizeram história entram para o hall de veículos antigos. Em 2018, por exemplo, o Gurgel BR-800, que foi um marco para a montadora nacional, faz 30 anos e integra os considerados colecionáveis. Entendo que a pergunta se refira a veículos com mais de 20 e menos de 30 que muitas vezes são perdidos por não estarem resguardados pela placa preta, todavia como ressaltei, a FBVA — ainda que não possa emplacar como veículo de coleção de acordo com a Lei — não discrimina os aficionados por esses modelos. Da mesma forma que há entusiastas de veículos dos anos 1980, certamente há muitos que são apaixonados e que colecionam Tempra, Astra e demais modelos ícones dos anos 1990, cujos colecionadores são bem quistos pelos clubes federados.
CLÁUDIO LARANGEIRA – Fotógrafo automotivo
Destaques dos classificados
De uns anos para cá, o restauro e interesse pelos carros antigos brasileiros aumentou muito. Nos EUA se você quiser qualquer peça de mecânica ou lataria de um Mustang ou Corvette de qualquer ano, acha em lojas especializadas. No Brasil, por exemplo, não é possível encontrar um paralama novo para um Passat. Em que a FBVA poderia ajudar para que pequenas fábricas produzissem peças para veículos nacionais?
• SUGA: Temos buscado demonstrar como o mercado do antigomobilismo tem crescido no Brasil e isso tem sido compreendido por algumas empresas como a Rodas Scorro, que com apoio institucional da FBVA, relançou em 2016 o modelo Cruz de Malta para Opala. No entanto, ações como essas ainda têm de se tornar populares e perenes.
Penso que nos Estados Unidos a facilidade de obtenção de peças de reposição se deve ao fato de que lá existe uma indústria de restauração muito forte e eles têm um acervo muito grande e número imenso de aficionados.
No Brasil está crescendo! hoje você começa a ver indústrias de restauração e de reposição de capas de veículos nacionais, de laterais de portas com costura eletrônica. De lataria, eu acho mais complicado, porque isso demanda um investimento maior, não é tão artesanal. Mas se a indústria automobilística percebe que existe uma demanda…
Aumentando o público colecionador, aumentamos a demanda e isso pode sensibilizar as indústrias e os artesãos a começarem a produzir peças de reposição para esses veículos.
SANDRO ZGUR – Professor de Administração de Empresas, fundador e presidente da Associação Miura Clube de Janeiro
De que forma, durante sua gestão, a FBVA trabalhou junto ao DENATRAN para a regulamentação da suspensão e cassação do certificado de originalidade (C.O.) indevidamente concedido ou que não atenda mais a finalidade do instrumento, principalmente no que tange o inciso II do artigo 1º da Resolução no 56, de 21 de maio de 1998 – CONTRAN: “conservar suas características originais de fabricação”?
• SUGA: Um veículo que não mantém suas características originais não é merecedor de manter o Certificado de Originalidade e esse é um entendimento que temos em comum: FBVA e DENATRAN. A concessão indevida ou de maneira fraudulenta já tem sido denunciada às autoridades policiais e se tratam de veículos rodando de maneira ilegal, sob risco de apreensão, embora a fiscalização seja algo muito complexo, pois as autoridades de trânsito não têm a competência para analisar originalidade dos veículos, assim como fazem com a procedência via número do chassi. É um exercício e uma luta diária junto aos DETRANs dos estados brasileiros. Já delimitamos um período de validade dos Certificados de Originalidade justamente para impedir que veículos modificados após a emissão do Certificado de Originalidade mantenham-se com documentação em dia com veículo irregular. Têm sido estudadas junto ao DENATRAN, CONTRAN e DETRANs de vários estados maneiras mais eficientes de fiscalizar, pois esse é o principal ponto para acabar com essas aberrações que vemos.
Quanto às modificações de suspensão, isso já é um outro assunto. Quando você trata de Veículo de Coleção ele passa da espécie ‘Passageiros’, para a espécie ‘Coleção’. A legislação que determina a regulamentação de suspensão, diz respeito ao veículo da espécie ‘Passageiros’. Por isso, esse assunto não tem a ver diretamente com Veículos de Coleção.
TIAGO SONGA – Organizador do Pé na Tábua – Corrida de Calhambeques
Uma das marcas da sua administração é a CNA (Carteira Nacional de Antigomobilista). Considerando a proposta de criação da mesma, o que deu certo e o que não deu?
• SUGA: Darei um exemplo de cada sobre os efeitos da CNA. Como fator positivo, atendemos à uma convenção da FIVA e da FIA em relação aos pilotos de rally. A CNA identifica os pilotos de rallys de regularidade como pilotos amadores, os distinguindo dos pilotos profissionais que, no Brasil, ficam a cargo da CBA.
Já um exemplo de um item que ainda não evoluiu como esperado são as parcerias com estabelecimentos comerciais, ainda que, por exemplo, a Motul ofereça 10% de desconto em seus produtos para quem possui a CNA. Vamos formalizar parceria com a Baterias Cral. Estamos acertando também com alguma companhia de seguros que vai ser parceira da FBVA.
Aos organizadores de eventos de clubes federados, temos sugerindo apresentar uma vantagem de desconto para aqueles portadores da CNA que participam, na hora de fazerem as suas inscrições.
E decidimos criar a Diretoria de Parcerias Comerciais, que está a cargo de Diogo Martins Boos e começou a trabalhar nesse sentido e ficamos esperançosos de que em breve teremos bons resultados. O grande desafio é termos mais benefícios para os portadores.
GE FERREIRA – Correspondente internacional da Classic Show Magazine. Califórnia, EUA
Primeiramente parabéns pelo empenho e dedicação ao longo desse tempo há frente da FBVA. Minha pergunta parece um clichê, mas não posso deixar de perguntar. Pessoalmente, qual você considera sua maior conquista ou o seu maior feito como Presidente da FBVA?
• SUGA: Não há exatamente uma conquista ou feito em especial, tampouco é fruto do trabalho do Presidente da FBVA. Os méritos do reconhecimento devem ser divididos com toda a equipe que foi formada. Ainda se quiser que aponte um ato em específico, diria que a ampliação das Diretorias Regionais, que aumentou o alcance da FBVA a locais antes distantes. Colaboradores voluntários, assim como eu, sem qualquer renumeração.
O grande desafio para mim foi o de motivar essas pessoas a trabalharem em prol de toda a comunidade antigomobilista, que nós estimamos em algo de mais de 50 mil pessoas ligadas diretamente a clubes de carros antigos.
Federamos o primeiro clube no Norte do Brasil, por exemplo. Em um país de dimensões continentais, uma Federação de âmbito nacional tem de estar representada na maior variedade de locais possíveis. Essa é uma conquista das quais mais valorizo também.
LYDIA MENCINGER – Antigomobilista, atuou no Auto Show Collection e Encontro Paulista de Autos Antigos
Já há vários anos tenho acompanhado a crescente venda de alguns ícones da indústria brasileira para os mercados norte-americanos e principalmente europeus, destacando-se a Kombi. Como a FBVA vê esse comportamento do mercado de antigos?
• SUGA: Temos um acervo riquíssimo que era em parte desconhecido de boa parte do mundo. Quando promovemos a inédita vinda do Presidente da FIVA, Patrick Rollet, ao Encontro Brasileiro de Autos Antigos em 2016, ele ficou estupefato com modelos por ele nunca visto, como o VW SP2, por exemplo. Apesar de o Brasil ser um atrativo turístico, o antigomobilismo brasileiro vem sendo redescoberto pelo mercado europeu e isso acaba estimulando o desejo desses colecionadores em obter esses modelos, que lá se tornam raríssimos. Da mesma forma que nos interessamos por ícones do exterior é normal e salutar que se interessem pelos nossos, isso leva a história da indústria automotiva brasileira para outros continentes.
Fui profissional de comércio exterior e vejo que o comércio internacional é de duas mãos, tanto de importação quanto de exportação. Hoje nós podemos importar, graças à Portaria 370 do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, que permite que colecionadores, pessoas físicas, possam adquirir carros antigos lá fora. Então, estamos também exportando carros que estão sendo significativos para o antigomobilismo mundial. Kombi, SP2, Brasília, Pumas VW e DKW, GT Malzoni…
A gente não pode privar pessoas que queiram, por exemplo, comprar aqui uma Kombi em estado de conservação muito deplorável, que no mercado nacional seria de valor insignificante, já que existe hoje uma demanda no mercado internacional que está pagando melhor. Porque nós vamos privar esse proprietário de ser melhor remunerado?
DINO DRAGONE – Cineasta, diretor do filme “NUTZ”, escritor e comerciante de autos antigos
Caro Roberto, como observador interessado no peculiar comportamento dos antigomobilistas, percebi no brasileiro em geral a vontade de apenas possuir e manter o seu automóvel, não atentando para outros aspectos mais fundamentais da cultura automobilística. Me parece que o status, a busca do poder, a disputa, a distinção, importam mais que a expansão das mentes, a produção de conhecimento, a salvação da história, a valorização da preservação da memória e outros aspectos que deveriam ser mais caros aos colecionadores e entusiastas. Como você analisa este aspecto e quais seriam suas sugestões para uma mudança de comportamento?
• SUGA: Apesar de também notar que há quem leve o antigomobilismo por esse lado, prefiro valorizar antigomobilista que zela pelo valor histórico cultural dos veículos, procura expandir e compartilhar conhecimento, além de usar o meio para a boa relação de amizade com os demais colecionadores.
Destaco projetos como o do Clube do Carro Antigo em São Paulo, que possui o projeto Escola de Restauração. Ali, além de formar novos profissionais para o já escasso mercado de restauração de veículos, ele promove uma ação social oferecendo bolsas para jovens de baixa renda.
Nós temos hoje no Brasil uma editora, com bons escritores, que tem se dedicado muito a lançamentos sobre veículos da indústria automobilística não só nacional, mas também de ícones do acervo brasileiro. Esses livros têm sido publicados porque já existe um grupo, uma comunidade que está realmente preocupada com a preservação da história, em preservar e resgatar a memória da indústria automobilística.
Temos que sensibilizar o poder público, mostrando que os eventos de carros antigos são culturais, para que possamos ter os vários incentivos fiscais que já existem na área da cultura. O Ministério da Cultura, as secretárias de cultura infelizmente ainda não reconhecem as atividades do antigomobilismo como atividades culturais. Como um dos 64 países membros da FIVA, tivemos junto à UNESCO o reconhecimento de que o automóvel antigo é um Patrimônio Cultural da Humanidade. Foi a primeira vez que a UNESCO — órgão das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura — reconhece algo que se move como Patrimônio Cultural da Humanidade.
ERVIN MORETTI – Presidente do Fusca Clube do Brasil- SP
Parabenizando-o pela sua atuação à frente da FBVA, gostaria de saber a sua opinião sobre uma possível inclusão no CTB, da obrigação de revistoria para a revalidação do Certificado de Originalidade, e consequente manutenção da Placa Preta. Os absurdos encontrados nos veículos com Placa Preta desabonam a FBVA e os Clubes.
• SUGA: A FBVA conquistou nos últimos quatro anos uma considerável representação e reconhecimento perante às autoridades de trânsito federais, e recentemente conquistamos um canal aberto com a nova presidência do DENATRAN e do CONTRAN. Compartilhamos a preocupação com as fraudes recorrentes que acompanhamos em processos de placa preta de algumas entidades credenciadas ao DENATRAN e o órgão está trabalhando para estudar como resolver essa questão da maneira menos onerosa possível. Já protocolamos oficialmente junto ao DENATRAN uma proposta de revistoria que será estudada pelo órgão. Em suma, é um assunto delicado que merece um pensamento amplo e cuidadoso para resolvermos definitivamente esse problema sem acabar criando outro.
ROGÉRIO DE SIMONE – Autor de vários livros sobre automóveis antigos
Prezado Suga, quando iniciei minhas atividades editoriais (anos 1990) no antigomobilismo, o carro nacional era totalmente marginalizado, não tinha nenhum valor financeiro e nem sentimental. Como o senhor avalia uma mudança tão radical nos dias de hoje? Onde, felizmente, o antigo nacional está em alta?
• SUGA: A resposta está na paixão pelo carro nacional que foi crescendo conforme a frota de veículos nacionais foi aumentando. Nessa época a população que podia ter um veículo era bem reduzida se comparada aos dias atuais. Aquela família que antes mal podia ter um veículo para uso cotidiano, hoje pode ter dois, três e ainda um desses ser um antigo.
O que acontece é que vão chegando novas gerações e a geração que está na faixa dos 50 anos ou menos, que é o grande público do antigomobilismo hoje, é a que viveu toda a evolução da indústria nacional. Eu me lembro que em 1997/98, quando nós falávamos em certificado de originalidade — da Resolução nº 56, da placa preta — nós estávamos falando de carros anteriores a 1968. Hoje, estamos falando de carros anteriores a 1988. Então, você imagina nesses 20 anos, o que aconteceu? Você tem uma massa de veículos nacionais. Toda a evolução no desenvolvimento de design, de tecnologia, de marcas e modelos. E acessórios também. Uma indústria que se desenvolveu durante todo esse período. O que entendo é que hoje está em alta, porque o público que está aí é o que tem saudosismo da indústria nacional e que viveu como sonhos de consumo os ícones da indústria brasileira de sua época.
EMÍLIO CAMANZI – Jornalista, ex-apresentador do Vrum, atualmente editor do “Carros com Camanzi”
O que se tem feito para a preservação dos veículos e da história da indústria automobilística brasileira?
• SUGA: Apoiar eventos antigomobilistas por si só já é preservar a história da indústria automobilística e, considerando isso, clubes federados em todo o Brasil fazem isso a cada final de semana.
Eu estou envolvido com antigomobilismo desde 1981, quando os concursos de elegância eram para os automóveis pré-Guerra de grandes grifes internacionais. Mas hoje os eventos têm uma participação muito forte de veículos nacionais. Por exemplo, tivemos mais recentemente em São Paulo edições do ‘Clássicos Brasil’, um evento específico de exposição de veículos brasileiros, que nós entendemos como sendo o concurso de elegância dos nacionais. Isso é algo inédito!
Todavia a preservação não para aí, devemos considerar a abertura de vários museus que ajudam a preservar a história antigomobilista não só brasileira como mundial. Mais recentemente tivemos a reabertura do Museu Roberto Lee, em Caçapava-SP, que tem como Coordenador do Acervo o Diretor Regional da FBVA, Luiz Gustavo Cabett, por exemplo. É um começo! Ações como essa precisam crescer com o apoio das autoridades civis ao redor do país e nossas diretorias regionais têm trabalhado para conquistar isso.
PEDRO BERGARO – Associado do Clube do Chevrolet E ex-diretor da FBVA
A FBVA passa dos trinta anos em 2018, e é indiscutível o avanço que tivemos, principalmente nos últimos quatro anos, saltando de 114 clubes filiados para 203 clubes. o trabalho realizado por você e toda sua equipe, foi perfeito não só no crescimento quantitativo dos clubes filiados, mas muito mais no crescimento a nível de reconhecimento da FBVA como entidade de respeito e seriedade em todo território nacional e também internacional.
Mesmo com todo esse trabalho, realizado nos últimos anos, ainda ouvimos alguns clubes ou confrarias perguntarem, porque deveriam se filiar À FBVA. O que você poderia nos dizer nesse momento sobre esse questionamento?
• SUGA: Ainda que tenhamos um crescimento de quase 100% em relação ao período e que assumimos a FBVA, ainda há muito o que ser conquistado. É normal que muitos vejam a FBVA com a ótica de prestadora de serviços. Pagam uma trimestralidade e querem algo material em troca, mas uma das nossas maiores preocupações é que passem a enxergar a entidade como órgão representativo, pois essa é sua natureza. Vale ressaltar que a existência da Placa Preta é uma conquista da FBVA, assim como têm sido as lutas pela importação de antigos, pela regularização dos veículos de placa amarela, para excepcionar os veículos de coleção nas restrições de circulação, na questão com a emissão de poluentes e demais outras pautas que só uma entidade organizada consegue ter peso para ser ouvida pelas autoridades. Sem estar filiados à FBVA, dificilmente é possível fazer parte de enfrentamentos como esses e zelar pelo antigomobilismo nacional.
DR. OTÁVIO PINTO DE CARVALHO – Presidente do Instituto Cultural Veteran Car MG
Quais você considera os pontos altos da FBVA durante a sua administração?
• SUGA: Sem sombra de dúvida a ação mais importante dentre todas foi o II Workshop Nacional, que gerou a Carta de São Paulo 2014, o instrumento que colocou rumo nas atividades da FBVA e que representa a voz de antigomobilistas de norte a sul do país. Foi o ponto de partida da expansão da FBVA em tamanho e credibilidade, fez com que antigomobilistas e autoridades passassem a nos ver com outros olhos, reconhecendo o profissionalismo desta gestão. Incluo nesses pontos todo o movimento de representação junto às autoridades de trânsito em diferentes âmbitos, que resultou em avanços significativos no respeito à voz dos proprietários de veículos de coleção junto a esses órgãos, além do reconhecimento no âmbito cultural, inclusive pela Representação da UNESCO no Brasil e, por fim, também destaco a inédita visita do presidente da FIVA, Sr. Patrick Rollet, que nada mais foi do que fruto de todo o trabalho desta equipe despertando interesse da autoridade máxima do antigomobilismo mundial.
CÉSAR CANCELIER – Antigomobilista e Presidente do Veteran Car Sul Catarinense
Presidente Roberto Suga, qual é o legado que você quer deixar para os antigomobilistas lembrarem de você?
• SUGA: Quero que lembrem de mim apenas como quem iniciou um novo modo de pensar o antigomobilismo nacional, mas não como uma fase que começou e terminou. O legado que creio deixar, junto de toda Diretoria nesses últimos quatro anos, é o do profissionalismo, de levar a sério o antigomobilismo. Como uma das primeiras ações promovemos o II Workshop Nacional em 2014 justamente para oficializar essa nova era, essa é a mensagem e a linha que espero que seja sempre seguida e aprimorada.
MÁRDEL PARANHOS CARVALHO – Presidente do Clube do Veículo Antigo de Goiás – GO
Roberto Suga, sua gestão à frente da FBVA mudou o meio do antigomobilismo para melhor. Quanto crescimento e união entre os antigomobilistas e clubes federados! O que você espera do novo presidente a ser empossado?
• SUGA: O atual Vice-Presidente Financeiro e futuro Presidente da FBVA, Altair Manoel, tem toda a capacidade esperada para exercer o próximo mandato de forma primorosa. Ele esteve comigo desde o começo e encarou a árdua tarefa de sanear as contas da FBVA. Espero, na condição de futuro Conselheiro Consultivo, que ele mantenha o nível de exigência e compromisso que sempre teve desde o primeiro dia de serviços prestados à FBVA, pois assim continuaremos a evoluir como entidade e, consequentemente, todo o antigomobilismo brasileiro.
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PALAVRAS FINAIS
“Fernando Barenco, muito obrigado pela oportunidade de participar da ‘Roda de Amigos’. Agradeço muito por poder externar as minhas colocações junto a esses 14 amigos que fizeram perguntas ao presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos. Que eu possa levar as respostas ao conhecimento de toda a comunidade de antigomobilistas, que é o que eu acredito que é o anseio e o desafio que todos os antigomobilistas esperam e que nossa entidade máxima possa estar defendendo sempre os interesses de todos nós dedicados ao hobby de preservar o carro antigo.
Muito grato pela oportunidade, sempre estarei à disposição e parabéns pelo trabalho de vocês e pela iniciativa inovadora, de a gente poder, num bate-papo, levar o conhecimento a todos os antigomobilistas do Brasil.
Um abraço,”
Roberto Suga
Organização e edição: Fernando Barenco
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