Constelação
Mais sofisticado evento do gênero no país esteve acima da média em 2018. Só Ferraris foram mais de 30!
Uma exposição onde automóveis do naipe de um Chevrolet Bel Air Conversível 1957, um Ford Thunderbird, Mercedes-Benz e Cadillacs dos anos 1960 podem até ter seus brilhos de certa forma ofuscados (se é que isso é possível!), tamanha a quantidade de modelos exclusivíssimos (e caríssimos) que se apresentam. Assim é o Brazil Classics, ou ‘Encontro de Araxá’, como é popularmente conhecido e que esse ano estava especialmente caprichado. Parece até que o adiamento fez com que a organização tivesse mais tempo disponível para garimpar o que de melhor existe no Brasil sobre quatro rodas — ele acontece tradicionalmente durante o feriado de Corpus Christi, mas teve que ser transferido por causa da greve dos caminhoneiros.A F40, à direita na primeira foto, foi destaque entre três dezenas de Ferraris
Então, veja só: Ferraris foram cerca de 3 dezenas! Incluindo a F40, o carro de corrida feito para as ruas, preferido pela maioria dos ferraristas, último modelo da era Enzo (que morreu no ano seguinte a seu lançamento), criado em homenagem aos 40 anos da marca italiana — daí seu nome.
Em sentido horário: Lamborghini Miura, Maseratis, Porsche 356 e Aston Martin DB6
Hein? Não gosta muito de Ferrari? Então, na linha dos velozes superesportivos tinha também Maseratti, Lamborghini — incluindo um Miura —, Porsche em vários modelos (que tal um legítimo 356 1951?), e até a máquina que sucedeu a preferida do agente secreto James Bond, o inglês Aston Martin DB6 1967.
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Na outra ponta, aqueles modelos de uma época em que o Mundo andava mais devagar (inclusive os carros), fabricados lá atrás no início do Século XX, e sempre tão presentes em Araxá. O mais antigo um Schacht 1902, uma verdadeira carruagem sem cavalos. Há poucas informações sobre a extinta companhia americana com sede em Ohio. Fabricou somente 8 mil automóveis entre 1901 a 1914, depois especializou-se na produção de caminhões de bombeiros, o que durou até 1940.
Schacht 1902 e Stanley Steamer 1910 a vapor: entre os mais antigos
Destaques dos classificados
Já o Stanley Steamer é um pouco mais moderno — fabricado em 1910 — embora com tecnologia mais antiga: ao invés de motor a explosão, é movido a vapor e foi até possível vê-lo funcionando por lá. O apresentador americano Jay Leno possui um exemplar similar em sua coleção.
O revolucionário Ford Modelo T esteve presente com exemplares fabricados em 1908 (ano do lançamento), 1917 e 1923. Assim foi possível ver a evolução do modelo, que ao contrário do que se pensa, mudou um bocado ao longo das décadas.
Jardineira Fiat, Lincoln e Moon: três veiculos do antigo acervo de Og Pozzoli
Morto em novembro do ano passado, Og Pozzoli, mais famoso colecionador brasileiro, esteve presente em Araxá através de alguns de seus veículos. Sua coleção mudou de mãos e agora pertence à Fundação Lia Maria Aguiar e comporá um museu em Campos do Jordão, SP. Para o evento foram levados cinco veículos de Og: o Chrysler Imperial Phaeton L80 Traveler Le Baron 1928 — conversível que transportou em suas visitas ao Brasil a Princesa Michiko do Japão em 1978 e o Papa João Paulo II em 1980; as jardineiras Fiat 15 1912 e 1914; o Lincoln Model K Touring 1938 com carroceria Willoughby, que pertenceu ao Governo do Estado de São Paulo e transportou Getúlio Vargas, Charles Degaulle e a Rainha Elizabeth; e por fim o Moon (lua, em Português) Model 6-66 Victory Touring 1919, único exemplar existente deste modelo em todo o Mundo!
Ainda falando sobre Pozzoli, este ano foi instituído um prêmio especial que leva o seu nome, e o automóvel que teve a honra de ser o primeiro contemplado foi o Cadillac Coupê 1927. O troféu é dado a exemplares ‘sobreviventes’, originais de fábrica, sem restauração.
Ainda da era vintage tinha Alburn, Austin, DeSoto, Chevrolet, Buick, Isotta Fraschini e Packard. Aliás, foi o Packard Standard Eight Roadster 1931 que levou o Prêmio Roberto Lee de melhor do evento. Sensacional o Cadillac Town Car 1929.
Em sentido horário: Cadillac Town Car, Cord 812, Bristol 400 e Chrysler Town & Country
Das três décadas seguintes, quatro carros incríveis: Cord 812 Phaeton e Daimler (anos 1930); Chrysler Town & Country (anos 1940) e Briston 400 Sallon (década de 1950).
A marca alemã Mercedes Benz teve grande visibilidade no evento, com exemplares das mais variadas épocas e modelos. Claro que a sensação foi a dupla de SL300 Gullwing da década de 1950, as famosas “asas de gaivota”, nas cores vermelha e verde (foto principal). De quebra, uma SL300 Roadster na cor prata. Esse é um dos raros casos em que a versão hardtop supera a popularidade da conversível.
O esportivo americano Corvette marcou território com carros de várias fases, inclusive uma dupla da primeiríssima, produzida em 1954 (um ano após o lançamento), ambos na cor branca, que se não é a mais cobiçada, é a mais rara. É o único Corvette com motor de apenas 6 cilindros, fato que não empolgou muito a clientela da época. Havia também um 1963 preto, único ano com a inconfundível vigia traseira bi-partida.
Traseiras: os belos Chevrolets e o nada discreto Mercury
Na linha americana mais popular, uma trinca de Chevrolets Bel Air conversíveis de 1956, 1957 e 1958. Desse mesmo ano, um para lá de exagerado Mercury Montclair e seu Kit Continental, que o deixa com aspecto ainda mais pesadão. E ainda Plymouth Fury 1959, carro que ficou famoso por “Christine, o carro assassino”, mas no caso do filme de Stephen King, era um 1957.
Os nacionais também brilharam
Mas é claro que os carros nacionais também fizeram bonito. Nosso FNM 2000 JK brilhou entre os Alfa-Romeos italianos. Opalas, Mavericks, Dodges e Galaxies representaram o que de mais potente havia no Brasil nos anos 1970. Entre os modelos Volkswagens, dois modelos que atualmente fazem sucesso internacional: a Kombi e o SP2. E ainda um singelo Fiat 147 1982 da raríssima série 500.000, que certamente não passou despercebido pelos fãs.
Patrocinadora oficial do evento pela primeira vez, a francesa Renault exibiu em Araxá diversos modelos da marca que está completando 120 anos, desde uma réplica do Voiturette Type A, criado pelo jovem Louis Renault 1898, até ultra modernos carros elétricos, passando por 4CV ‘Rabo Quente’; modelos brasileiros fabricados em parceria com a Willys, como Gordini e Interlagos; Megane e Twingo, que estão entre os primeiros modelos fabricados pela Renault nacional, a partir da década de 1990, além da minivan Scénic, a primeira unidade fabricada no Brasil e que permanece guardada até hoje na fábrica.
Texto e edição: Fernando Barenco
Fotos: Odair Ferraz
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