O Twingo do Boechat

Modelo da Renault fabricado em 2001 era carro de uso diário do jornalista. Virou até assunto em seu programa de rádio, sempre envolvido em histórias divertidas

Uma das características do jornalista Ricardo Boechat — que morreu hoje vítima de um acidente de helicóptero em São Paulo — era a simplicidade. A despeito de modismos ou preocupação com status, tinha como carro de uso diário um Renault Twingo prata fabricado em 2001. Foi seu companheiro cotidiano durante anos e Boechat sempre o reverenciava: “Ele me empresta uma colaboração insubstituível e eu rendo a ele esse reconhecimento de mérito”, declarou a uma revista em 2013.

O Renaultzinho entrou em sua vida por acaso. Quando mudou-se do Rio para São Paulo em 2006, para trabalhar na Band, ocupou um apartamento emprestado por um amigo. E o carro fazia parte do ‘pacote’, estando à sua disposição na garagem do prédio. Então achou por bem começar a usá-lo. Não demorou muito para o ‘relacionamento’ virar paixão.

Em 2014, o artista plástico desmachou o carro e o transformou em vários objetos, inclusive uma cadeira

Boechat até contava em seu programa matinal na Rádio Bandeirantes alguns ‘causos’ envolvendo seu Twingo, como a ocasião em quase o perdeu por não se lembrar onde o tinha estacionado. O havia deixado no estacionamento do Aeroporto de Congonhas e só lembrou disso três dias depois. Muitos ouvintes não acreditavam que ele tinha mesmo um Twingo e ficavam surpresos quando o viam com o carro pelas ruas da Capital Paulista.

Em 2014, o carro — que já não estava lá essas coisas — sofreu um acidente e ficou bem amassado. O jornalista decidiu então doa-lo ao artista plástico Alê Jordão, que o desmanchou e transformou tudo na exposição Spectrum, que percorreu algumas capitais brasileiras.

Mas Boechat não conseguiu ficar muito tempo longe de um Twingo. Dois anos depois comprou outro, do mesmo ano. Dessa vez num lindo tom de azul metálico.