Iniciativa do Maxicar traça um perfil do antigomobilista brasileiro. Clubes, eventos, placa preta, compra de veículos antigos foram alguns dos temas abordados pelo estudo
Em fevereiro convocamos os antigomobilistas a participarem de nossa pesquisa de opinião “O Antigomobilismo no Brasil”. Diante de um cenário de grande crescimento dessa fascinante atividade (ou seria estilo de vida) em nosso país nos últimos anos — o número de clubes se multiplicou, a quantidade de eventos idem e todos os indicadores relacionados ao assunto são favoráveis — o Portal Maxicar quis saber quem é você, entusiasta brasileiro dos carros antigos.Até onde sabemos, trata-se de um estudo inédito, já que desde que iniciamos nossas atividades, em 2005, não tivemos conhecimento de nada publicado a respeito no Brasil, seja na internet, na TV ou nos meios de comunicação impressos. Esse é um instantâneo do movimento antigomobilista brasileiro em 2019.
Nossa pesquisa de opinião foi composta de 32 duas perguntas, com temas que abrangem perfil do antigomobilista, eventos, clubes, família, placa preta, compra e manutenção de veículos antigos… Atenderam à nossa convocação 624 antigomobilistas.
Antes de conferir com os resultados, sugerimos que leia o box a seguir, onde fazemos alguns esclarecimentos sobre a metodologia da Pesquisa Antigomobilismo no Brasil.
Esclarecimentos sobre o método de pesquisa
Este projeto recebeu críticas de alguns participantes por dois motivos. Alguns avaliaram que certas questões poderiam ter mais de uma resposta. Você vai perceber que procuramos elaborar questões em que se perguntava qual o comportamento do entrevistado na maioria das situações e não na totalidade delas. Como por exemplo: “Como costuma adquirir seus veículos antigos?”. Em outras questões queríamos saber em um leque de opções, qual a preferida do antigomobilista, embora ele também pudesse se enquadrar em outras respostas. Dois exemplos: “O que mais lhe influenciou a gostar de carros antigos?”, ou “O que mais lhe atrai nos veículos antigos?”. Nosso questionário não permitiu mais de uma resposta para que 100% das respostas, correspondessem a 100% dos participantes. Ou seja: com exceção de duas perguntas relacionadas a clubes, cujas respostas dependiam da resposta anterior, todas tiveram 624 respostas, o mesmo número de colaboradores. De outra forma, isso não seria possível.
A outra crítica que recebemos foi em relação ao fato de as questões serem na maioria das vezes voltadas para os que possuem pelo menos um veículo antigo. De fato, entendemos que Antigomobilista não é necessariamente aquele que possui um veículo antigo. Antigomobilismo tem mais a ver com estilo de vida, sentimentos, desejos e preferências do que com a posse de um bem, no caso o carro antigo. Mas seria impossível elaborar uma pesquisa com 32 questões pensadas no antigomobilista não motorizado. Sinceramente, não saberíamos como fazer isso.
[/mks_toggle]Queremos agradecer a participação dessas 624 pessoas que nos deram a satisfação de atender à nossa convocação, abrindo mão de alguns minutinhos para nos mandar as suas respostas.
Destaques dos classificados
Agora, vamos aos resultados da Pesquisa Antigomobilismo no Brasil e uma breve análise sobre eles. Todos os gráficos são ampliáveis.
Perfil pessoal
Começamos com quatro perguntas bem pessoais: gênero, região do Brasil onde vive, faixa etária e profissão. Nossa pesquisa foi respondida quase que em sua totalidade por homens, com nada menos que 99% de participação. Tivemos a colaboração de apenas 6 mulheres!
73% dos participantes estão na faixa entre os 40 e os 69 anos. Já os mais jovens, entre 18 e 29 anos, tiveram o menor índice: apenas 3,7%.
Nas regiões geográficas, nenhuma surpresa: 73,2% são da Região Sudeste, enquanto apenas 0,8% é do Norte. Isso reflete bem o que acontece em relação à distribuição de clubes de carros antigos pelo Brasil, embora se esperasse um índice maior no Sul, que foi de somente 17,1%. Essa região é conhecida por reunir muitos colecionadores e realizar excelentes eventos.
O item ‘Ocupação’ também teve os resultados esperados: 1/4 dos participantes são empresários, seguidos de assalariados e aposentados. Na lanterna, os desempregados (1,4%) e os estudantes (1%), esses refletindo o baixo índice de respostas dos mais jovens, conforme comentamos anteriormente.
Os clubes
56,1% dos que responderam à nossa pesquisa são sócios de algum clube de veículos antigos. 350 antigomobilistas, sendo que 250 deles (54,1%) são de clubes filiados à Federação Brasileira de Veículos Antigos.
Mas sendo eles filiados ou não à FBVA, a participação desses sócios nos rumos de seus clubes não é muito alta: só 40,1% costumam participar de reuniões e das tomadas de decisões, o que é uma pena.
Os eventos e o uso do carro antigo
Antigomobilista brasileiro gosta de de participar dos encontros. 11,7% responderam ir semanalmente, mas a maior parcela (32,9%) vai mesmo uma vez por mês. Só 2,9% afirmaram não frequentar os eventos.
37,5% só vão em eventos em sua própria cidade ou distante no máximo 100 quilômetros. Por outro lado, 17% disseram ir mesmo naqueles distantes mais de 500 quilômetros. Os que viajam em comboio são minoria.
E o que é legal: 80,1% vai de carro antigo mesmo, não importando a distância. Os que optam pelo carro moderno são poucos (18,6%). E alguns afirmaram ir de avião, ônibus e até motorhome.
E embora os preços dos combustíveis estejam pela hora da morte, o que mais pesa no bolso em uma viagem é a hospedagem para a maioria: 47,1%
Não é à toa que sempre nos deparamos com carros antigos rodando por ai, mesmo em dias de semana, em pequenas e grandes cidades. É que 10,9% dos antigomobilistas são a favor daquela máxima de que carro foi feito para rodar e usam seus antiguinhos diariamente. E o índice dos que tiram eles da garagem pelo menos uma vez por semana também é enorme: 39,6%. Já o número dos que mantém o carro antigo sempre guardado é bem baixo: só 3,4%.
Em família
Olha só que legal: 59,5% afirmaram que a família também curte os carros antigos e só 17,3 dos familiares não acompanham os antigomobilistas aos encontros. Esses dados são facilmente comprováveis. Basta ver a quantidade de famílias inteiras que encontramos nos eventos. E esse é principais dos fatores da preservação dos veículos antigos: um hobby que vai passando de geração em geração.
Carro antigo, meu amor!
Como suspeitávamos, antigomobilismo é paixão de longa data. Enquanto apenas 4,2% declararam curtir carros antigos a no máximo 5 anos, e os que fazem isso de berço são 46% . E o que mais influência é os encontros de carros antigos (28,8%) e a família (22,4%). Apesar da força da mídia, internet e TV têm pouca influência, apesar da enxurrada de programas sobre carros antigos que temos hoje nas TVs por assinatura.
Sobre o que mais atrai o entusiasta nos autos antigos, uma surpresa: a opção “suas linhas retrô” foi a preferência de somente 9,5%. Em primeiro lugar vem “as recordações que eles trazem” (34%), seguido de “o prazer de dirigi-los” (28%). Isso explica o grande número dos que usam o carro antigo com bastante frequência, como visto anteriormente.
De olho na Internet
A internet mostra a sua força no desenvolvimento do antigomobilismo. Para 62,6% dos participantes, as redes sociais e os sites especializados como o Portal Maxicar são as principais fontes de informação sobre os eventos. Aliás, entre os que deram uma resposta espontânea (“Outros”), muitos responderam que consultam sempre o nosso Calendário de Eventos.
E nada menos que 72,8% declaram fazer parte de algum grupo ou fórum nas redes sociais ou Whatsapp.
Carro antigo, a razão de tudo isso
De acordo com nossa pesquisa, ao fazermos a combinação de três gráficos com o perfil do automóvel preferido, chegamos ao seguinte resultado: sedan ou coupê nacional, fabricado dos anos 1970. Opala, Dodge Dart, Maverick, Corcel?… quem sabe! Esse conjunto de informações confirma em gráficos anteriores, a combinação de “faixa etária” (29% entre 50 e 59 anos) e “O que mais lhe atrai…” (onde 34% responderam “as recordações que eles trazem”).
A mesma lógica se aplica a outro perfil, de forma inversa. Só 8,1% dos participantes gostam mais dos automóveis fabricados entre as décadas de 1920 e 40. Não por coincidência, tivemos apenas 8,2% de participantes com mais de 70 anos.
Em resumo: o estilo, ano e modelo de carro reflete as lembranças que o antigomobilista tem de sua infância e adolescência. É o que mostram os números.
Quando o assunto é quantidade, nada menos que 75,1% dos pesquisados declararam ter até 5 veículos antigos em sua garagem. Na outra ponta estão aqueles colecionadores com mais de 21 exemplares, mas esses são poucos, só 2,9%, 18 pessoas num universo de 624 participantes. E um número significativo declarou não ter nenhum automóvel antigo no momento: 6,9%
A controversa placa preta
Embora ande bem desmoralizada e sem aquele status do passado — por causa do grande número de irregularidades — a placa preta ainda é um detalhe importante em se tratando de carro antigo para 50,3% dos participantes. A outra metade é indiferente ou não acha importante. E a proporção dos que possuem ou não ‘veículo de coleção’ também é a mesma.
Hora da compra
Na hora de comprar, o antigomobilista é de modo geral precavido. Apesar de estar sempre ligado à internet, prefere o método tradicional de conhecer o veículo de perto e fechar negócio olho no olho. “Escolho e compro pessoalmente” foi a opção de metade de nossos participantes. Outros 33,3% até escolhem pela internet, mas preferem fechar negócio ao vivo. Melhor não arriscar!
Outro dado interessante deste gráfico: apenas 0,8% respondeu que adquire através de leilão. Índice menor dos que preferem importar, com 1,4%. Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos e Europa, leilão de veículo antigo é uma atividade embrionária no Brasil e ainda acontecem com pouca frequência. Então, talvez falte oportunidade de compra.
Perguntados sobre o que mais levam em conta na hora da compra, houve praticamente um empate técnico entre as três principais respostas. 20,7% preferem os veículos originais de fábrica, sem restauração. Já 24% gostam mais dos restaurados, em estado impecável. E outros 22,6% procuram mais aqueles que tem documentação antiga, manual do proprietário e um histórico bacana. O fator preço foi considerado o mais importante para somente 9,3%.
Hora da manutenção
Nos dois primeiros gráficos da última parte de nossa pesquisa, nenhuma surpresa. No primeiro, 70,4% dizem ter dificuldades em encontrar um profissional para fazer a manutenção de seu clássico. De fato, um bom mecânico que não seja um mero trocador de peças e conheça motores carburados e sem nadinha de eletrônica, não se encontra em cada esquina. E um bom lanterneiro, pintor ou capoteiro então?
No segundo gráfico a dificuldade é a de encontrar peças de reposição, para metade dos entrevistados. De fato, para alguns modelos nacionais dos anos 1960, 70 e 80 é mesmo uma missão quase impossível.
No terceiro gráfico quisemos saber como o antigomobilista compra as peças. Tivemos uma surpresa! Apesar do grande número de encontros de carros antigos em todo o Brasil, só 8,3% responderam que as adquirem nas feiras de peças. Nada menos que 58% optam pela internet, com 51,9% em lojas virtuais e outros 6,1 em grupos nas redes sociais. Só 17,5 responderem “em lojas especializadas” (físicas), o que se justifica pelo fato de existirem poucas lojas de autopeças para carros antigos por aí.
E a derradeira pergunta de nossa pesquisa, a de número 32, foi bem subjetiva. Quisemos saber se o antigomobilista considera que investe mensalmente muito, mais ou menos ou pouco em carros antigos. A resposta depende de um cálculo pessoal, baseado na renda e na ‘disposição’ do antigomobilista. Se ele tem renda mensal de R$ 2 mil, R$ 500 é um grande investimento, 1/4 de sua renda. Já os que ganham R$ 50 mil, podem considerar pequeno o investimento mensal de R$ 2 mil em carros antigos. E por aí vai…
Enfim, 50,7% declararam fazer um investimento mensal médio no hobby.
Com essa pesquisa, Maxicar espera ter dado mais uma contribuição para o fortalecimento do antigomobilismo no Brasil.
Projeto, análise e edição: Fernando Barenco
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