Coberturas

7º Encontro de Carros Antigos de Cachoeira do Campo – MG

Com a cara e a coragem

Dificuldade de recursos não impede que este evento aconteça há sete anos no interior de Minas Gerais. Em 2019 várias atrações passaram pelo florido palco na carroceria do antigo Mercedes

O caprichosamente florido palco montado sobre a carroceria do antigo Mercedes Benz LP 321 mostra como é possível fazer ‘na unha’ um encontro cativante, que beneficia restaurantes, pousadas e outros negócios locais, e traz gente disposta a prestigiar, não apenas das cidades do em torno, mas também da Capital do Estado e do Rio de Janeiro.


Neste fim de semana — 17 e 18 de agosto — fomos conhecer o Encontro de Carros Antigos de Cachoeira do Campo, a histórica localidade mineira de nove mil habitantes que é Distrito da famosa Ouro Preto. É o carismático Cornélio José da Silva que faz esse evento acontecer há sete anos, apesar das dificuldades de patrocínio e da crise geral do país, que não raro faz o antigomobilista pensar duas vezes antes de colocar seu carro antigo na estrada. Anda caro abastecer, anda caro comer fora. Quem por exemplo antes ia a dez encontros por ano, agora vai a cinco…

No palco, Cornélio anuncia a próxima atração


E Cornélio resumiu para nós como foi organizar essas sete edições. Pôde comemorar as vezes em que as contas empataram e não foi necessário tirar do próprio bolso para cobrir despesas. Faz porque assim mobiliza a comunidade, porque é um evento beneficente que este ano conseguiu a melhorar o café da manhã do Lar dos Idosos, com as doações de leite, chá, café, açúcar, biscoitos e outros produtos doados pelos expositores.

Coral Grupo Renascer e Terço dos Homens


Durante os dois dias do evento que aconteceu no estacionamento do Shopping Jardins Street Mall, passaram pelo democrático palco shows de rock, de música gospel, DJ’s e um coral da ‘melhor idade’. Acompanhada da benção do Padre Vander Torres, foi emocionante a chegada do  tradicional grupo religioso Terço dos Homens.

Eder e seu conversível americano


O radiante Cadillac DeVille Conversível 1966 de Eder Gomes foi sem dúvida o campeão de cliques e suspiros. Fabricado numa época em que a gasolina era barata nos Estados Unidos, segundo Eder, o motorzão V8 429 de 340cv não é nada econômico, como já dá para imaginarmos. Se o motorista tiver o pé direito pesado, o luxuoso carro faz menos de 2 km por litro de combustível.

O Saab 1964 reproduz o famoso carro de rally que aparece de ponta-cabeça no detalhe


Outro importado que despertou a curiosidade foi o Saab 96 1964. Pouco vistos em encontros de carros antigos — até mesmo nos mais importantes — estes carros suecos ficaram famosos a partir do final dos anos 1950 pela excelente performance nos rallis de regularidade da Europa. Este é uma réplica do bólido nº 28 com o qual o famoso piloto Erik Carlsson venceu o East African Safari Rally.  Grande campeão falecido em 2015, Erik  é um herói nacional na Suécia. E cabe aqui uma curiosidade sobre a Saab: fundada em 1937 como fabricante de aviões, começou a fabricar automóveis em 1947 e em 2012 encerrou as atividades neste segmento. A Saab esteve no noticiário brasileiro neste fim de semana, pois é a empresa que está fabricando os novos caças da Força Aérea Brasileira, em parceria com a Embraer e outras empresas nacionais.

Rural Willys ‘bicudinha’


No setor dos 4X4, duas Rurais Willys ‘bicudinhas’, daquelas antigas do modelo americano: uma vermelha modificada que esteve lá no sábado e uma verde original, que participou domingo. Modelo raro, difícil de ver em duplas no mesmo evento.

Chevrolet 6400 impecável e o Scania ‘Jacaré’ de Eli, que no futuro também irá ficar


Além do Mercedes Benz já citado aqui, participaram do evento outros caminhões, como o Chevrolet 6400 1951 que parecia ter acabado de sair da concessionária de tão novinho. Nem tão conservado assim estava o cavalo mecânico Scania 110 1972, que o antigomobilista de Congonhas Eli Guilherme acabara de comprar. Eli promete deixar o ‘Jacaré’ — como o modelo é conhecido — em perfeito estado novamente nos próximos anos trazendo de volta sua reluzente cor laranja característica.

Alfeu e seu Ciferal. No detalhe, o interior do ônibus


Conhecemos também o ônibus Ciferal 1974 de Alfeu Teixeira, da empresa Irmãos Teixeira, com sede em Divinópolis. O veículo com mecânica Mercedes Benz 1113, foi resgatado em um ferro velho e voltou à velha forma depois da restauração que preservou intactos alguns preciosos detalhes originais, como o dizeres sobre a porta: “Proibido, fumar charuto, cachimbo ou cigarro de palha”.

Três lindos DKWs. À direita o resultado da batida de um motorista hipnotizado


Entre os modelos nacionais, três incríveis DKWs Belcar: o vermelho 1966, o azul claro 1962, e o mais antigo, azul marinho 1959. Esse último  do tempo em que o modelo ainda se chamava simplesmente ‘Grande DKW-Vemag’. E pelo excesso de formosura, ele acabou se envolvendo em um acidente quando vinha para o evento. Segundo conseguimos apurar, um motorista distraído ficou hipnotizado com a beleza do carrinho e bateu em seu paralama traseiro direito, fazendo um estrago considerável. Nada que um profissional das antigas não consiga resolver com perfeição.

Acima, a ala dos Opalas. Abaixo, Fusca 1300 1969 e Série Prata 1980

Opalas e Fuscas foram a grande maioria entre os nacionais. O Gran Luxo 1974, e os SS Coupê 1974 e a Caravan 1978, foram os destaques entre os GM. Já entre os VWs um impecável 1300 1969 azul e um Série Prata 1980, que merece comentário pela raridade: estima-se que foram fabricados entre 100 e 200 exemplares dessa versão especial.

Hot hot britânico Valxhall e Ford Modelo A Pick-up


Quem disse que hot rot tem que ser americano? Plinio Fernandes nos mostrou em detalhes seu Vauxhall Vaywern 1949, como mecânica Opala 4 cilindros. Trata-se de um modelo inglês dessa então subsidiária da General Motors. A marca é pouco conhecida no Brasil, mas produziu na Inglaterra modelos muito comuns por aqui, como o Monza, o Kadett e o Corsa. Desde 2017 a Vauxhall pertence à PSA Peugeot-Citroën, assim como a Opel.
Mas se você curte mesmo o bom e velho hot rod americano, a dica então é a Ford Modelo 1929, de Paulo Souza. Com caçamba encurtada, a bem transada pick-up tem suspensão, motor e câmbio de cinco marchas também do Opala.

A confraternização aconteceu na praça de alimentação


Quem chegou a Cachoeira do Campo sábado, pôde participar da confraternização que aconteceu na praça de alimentação do Shopping, com trilha sonora por conta do DJ Nepomus. Em clima de festa, a galera dançou bastante ao som dos flashbacks que fazem a cabeça dos antigomobilistas.


GALERIA DE IMAGENS


Texto: Fernando Barenco
Fotos e edição: Fátima Barenco e Fernando Barenco

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