...E assim se passaram dez anos
Em uma década, evento conquistou frequentadores fiéis. Edição 2019 aconteceu nos arredores de uma das principais praças da cidade
Em 2010 um conhecido grupo de antigomobilistas cariocas decidiu ‘invadir’ o sul de Minas Gerais com a ousada ideia de realizar alí, a 300 km de distância, um encontro de carros antigos no rastro do sucesso dos eventos que há anos já organizava no Rio. Nascia assim o Encontro AGMH de Veículos Antigos em Caxambu, que agora completa 10 edições, de forma ininterrupta. Um desafio e tanto para esses amigos de longa data. Realizar encontro de automóveis antigos não é nada fácil. Os dirigentes de clubes sabem bem do que estamos falando. Num país que há alguns anos insiste na instabilidade econômica, não é fácil conseguir patrocínios e nem o apoio do Poder Público. E quando a proposta é fazer isso longe de casa, a tarefa se torna ainda mais difícil.
Em 2019 a novidade ficou por conta do local do evento, que aconteceu no entorno da Praça 16 de setembro. Embora não tenha o mesmo espaço do Parque das Águas — onde o evento esteve nos primeiros nove anos — o novo local teve como ponto positivo o fato de acontecer no ‘coração pulsante’, da cidade, o que levou um bom público a visitar a exposição. No Parque, o público tinha que pagar ingresso para isso. Assim a população local e os turistas puderam apreciar os cerca de 100 automóveis que participaram dos dois dias do encontro — 31 de agosto e 1º de setembro.
Moradores e turistas puderam admirar a exposição. Na tarde de sábado, show com Coyotes Band
E a movimentação agradou também ao comércio. Bares e restaurantes das redondezas tiveram clientela acima da média e as lojas de roupas e produtos típicos da região também puderam contabilizar um faturamento adicional. Atração extra ficou por conta do showzaço da Coyotes Band que aconteceu no finalzinho da tarde de sábado (31), com aqueles clássicos do Rock’n Roll, trilha sonora de nove em cada 10 antigomobilistas.
O casal Eduardo e Bárbara não perdeu nenhuma edição
O Encontro AGMH em Caxambu tem como uma das características a participação de um público fiel. O casal carioca Bárbara e Eduardo, por exemplo, participou das dez edições. Apaixonados pela cidade, aproveitam o evento para fazer mais uma visita, mesmo que a viagem seja em ‘carro de plástico’, como aconteceu esse ano.
Destaques dos classificados
Fidelis sempre vai rodando aos encontros, não importando a distância
Já o colecionador Nelson Fidelis, é um ‘antigomobilista de raiz’, que nunca perde a oportunidade de colocar um de seus veteranos modelos na estrada. Já tendo participado de outras edições, desta vez ele foi rodando a bordo de seu Mercury Eight Conversível 1948. Onde ele mora? São Paulo – Capital, distante nada menos que 320 km de Caxambu. Mas uma viagem dessas é apenas ‘uma voltinha’ para ele. Proprietário de quinze automóveis da linha Ford (exceto um único Chevrolet 1952), Nelson é sócio do Clube do Fordinho – SP e já fez viagens épicas: com o Mercury já foi à Praia do Cassino – RS. De Ford Modelo A até Brasília, em 1985; e acredite, ao Chile em 1987 — rodando 7 mil km. Apenas para citar alguns exemplos. Poderíamos ficar aqui escrevendo parágrafos e mais parágrafos sobre suas aventuras.
Armando e seu Chevette: 46 anos de parceria
Armando Loureiro, o ‘A’, do Grupo AGMH também rodou bastante nas últimas décadas. Mas a diferença é que foi sempre com o mesmo carro: o Chevette vermelho 1973 (ano de lançamento do modelo), que ele comprou zerinho. Isso mesmo! Esse Chevrolet pertence a ele a nada menos que 46 anos! Em perfeitíssimo estado de conservação, nunca sofreu restauração, exceto um ‘banho de tinta’, externo em 2003, quando o carro completou 30 anos e ganhou placas pretas. E mais: seu motor nunca foi retificado, estando atualmente com 520 mil quilômetros rodados. Merece uma bela comemoração daqui há quatro anos, quando essa história de companheirismo homem/carro completa as Bodas de Ouro.
‘Carvelho’: mestre de cerimônias
Outro que não perde um encontro em Caxambu é o comerciante Celso Carvalho, de Volta Redonda-RJ. Seu envolvimento com os carros antigos é tamanho que ele deu até uma leve modificada em seu sobrenome e hoje é conhecido como ‘CarVelho’, nome também ao seu negócio de placas vintage, presentes nos principais encontros de carros antigos do Brasil. Celso é o mestre de cerimônias dos jantares de premiação do evento, sobre o qual vamos falar a diante.
Botelho tem até o capacete e camiseta da polícia da Califórnia
Quem não se lembra da série de TV Chip’s do início dos anos 1980? A dupla de patrulheiros da polícia da Califórnia — um louro e um moreno — fazia suspirar as mocinhas, com suas motocicletas japonesas Kawasaki de 1.000 cilindradas. Os fãs da série puderam matar um pouco as saudades do programa, com uma réplica muito fiel à original, pertencente ao Sargento Edson Botelho. Policial Militar recém-aposentado, ele nos contou que se mudou para Caxambu no início da carreira e seu primeiro carro de patrulha foi um Fiat 147. Por isso, além da moto, ele restaurou e personalizou também um 147 C 1984, que ficou igual ao da PM mineira da época, com direito inclusive a sirene e giroflex.
O tamanho do caminhão militar 6X6 impressiona
E falando em veículos militares, impressionou o tamanho do Mercedes Benz que pertenceu ao Exército Brasileiro. Trata-se da versão militarizada do civil 1519, desenvolvida pela Engesa, com tração integral e cabine conversível, com teto de lona. Não à toa tem o apelido de “Mamute’.
Mercedes Benz /8 1970
Os amantes da alemã Mercedes Benz puderam admirar três belos exemplares: uma conversível 560 SL 1986, modelo V8 fabricado para o mercado norte-americano; uma Sedan 300D 1982 movida a diesel; e uma 220 1970, modelo conhecido pelos ‘mercedeiros’ como /8, por causa do ano de lançamento, 1968.
O jantar de premiação aconteceu na noite de sábado, bem pertinho da Praça 16 de setembro, no tradicional Palace, hotel fundado em 1892 e que já foi o maior do país. Ele se tornou uma espécie de ‘quartel general’ do evento, pois é lá que se hospeda a maioria dos participantes.
Show de Anderson e homenagem a Pepe (ao centro)
Começou com apresentação de Anderson — misto de maitre e artista — incluindo um stand-up e, a pedidos, sua impagável imitação de Cauby Peixoto. O Grupo AGMH prestou homenagens a pessoas que apoiaram o evento em suas primeiras edições e a José Perez Gonzalez, o popular Pepe, proprietário do Palace Hotel.
Em sentido horário a partir do alto: Sebastião Milagres, Reginaldo Milagres, Nelson Geraidine e Jorge Barreto
Entre os veículos premiados a Família Milagres, de Conselheiro Lafaiete-MG, foi duplamente contemplada, com a Chevrolet C10 1976 e a raríssima Variant Standard 1973. Do Rio de Janeiro, o Escort XR3 Conversível 1989, na incomum cor preta. O Fuscão 1500 1972 de Nelson Geraidine de Volta Redonda-RJ também levou o seu troféu, assim como Jorge Barreto, de São Lourenço, que teve seu Opala de Luxo 1972 recém comprado já premiado.
Monza 1990 – Gustavo da Rocha – Rio de Janeiro, RJ
Opala 1979 – Maycon Fortunato – Baependi, MG
Corcel II 1978 – Jonathan – Caxambu, RJ
Variant Standard 1973 – Sebastião Milagres – Conselheiro Lafaiete, MG
Chevrolet C10 1976 – Reginaldo Milagres – Conselheiro Lafaiete, MG
Fusca 1500 1972 – Nelson Geraidine – Volta Redonda, RJ
Brasília 1979 – Fernando Barenco – Petrópolis, RJ
Ford Modelo A Phaeton 1929 – Vilson – São Vicente de Minas, MG
Opala de Luxo 1972 – Jorge Barreto – São Lourenço, MG
Passat GTS Pointer 1988 – Orterson – Pouso Alegre, MG
Corcel 1975 – Luiz Fernando – Rio de Janeiro, RJ
Parati 1989 – Fernando César – Caxambu, MG
Mercedes Benz 300 D 1981 – Fernando Costa – São Lourenço, MG
Escort XR3 1989 – Rui Guilherme – Rio de Janeiro, RJ
Mercedes Benz 560 SL 1986 – Guilherme Nunes – Caxambu, MG
Maverick 1974 – Alexandre Mota – São Lourenço, MG
No dia seguinte pela manhã, enquanto os expositores que moravam mais longe já se preparavam para a partida, outros chegavam para aproveitar o domingo.
Texto: Fernando Barenco
Fotos e edição: Fátima Barenco e Fernando Barenco
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