Com motor 3.5 herdado de um Buick, ela foi adaptada em 1973 pelo criador do Corvette Sting Ray
O designer automotivo Peter Brock (não confundir com o piloto australiano de mesmo nome), trabalhou entre o final dos anos 1950 e início dos 1960 na General Motors, tendo sido o responsável (com apenas 21 anos!) pelo desenho básico do Corvette Sting Ray, lançado em 1963. Trabalhou também na Shelby American, onde assinou os projetos das carrocerias do Shelby Daytona Coupê e do De Tomaso Sport 5000, dois carros de competição.
Peter Brock em 1962 e em 2010
Voo livre
Mas Brock teve uma outra atividade, que nada tem a ver com carros; apaixonado por voô livre, fundou no final do anos 1960, na Califórnia a Ultralite, que viria a se tornar na época a maior fabricante de asas delta e produtos do ramo em todo o mundo.
Em 1973, Brock viu a necessidade de dispor de um veículo que pudesse vencer as montanhas de acesso às pistas de voo livre — com estradas íngremes e nada amigáveis — e que ao mesmo tempo pudesse ser ágil e potente o suficiente para chegar a tempo nos locais do pouso, que geralmente ficavam a quilômetros de distância do salto. O veículo precisava também ter espaço de sobra para levar as asas e os demais equipamentos.
O carro escolhido foi uma VW Kombi 1971. Ela atendia a essas necessidades do esporte, exceto pelo quesito potência. Brock julgou que o motor original VW 1600 refrigerado a ar não daria conta do recado. Usou então seus dotes automotivos para instalar um motorzão Buick V8 215 de 3.5 litros. A transmissão original foi mantida, mas reforçada.
Assim como as Kombis brasileiras movidas a diesel dos anos 1980 e as flex da última fase, a de Brock ganhou um radiador na dianteira, cujos componentes extras acabaram invadindo a cabine. O painel ganhou instrumentos extras.
Para ajudar na refrigeração do motor instalado lá na traseira, foi usado também um refrigerador de óleo herdado de um caça A-7 Corsair II. Na lateral esquerda da carroceria, uma entrada extra de ar.
Leilão
Para acomodar o V8 refrigerado a água, a tampa do motor teve que ser remodelada, assim como o centro do parachoque traseiro, que foi recortado e afastado para acomodar a fechadura e combinar com a nova tampa. Muito bem resolvido.
Destaques dos classificados
No teto foi soldado um rack para as asas delta. O interior é espartano, com dois bancos Recaro na frente e o salão vazio, todo preto, para carregar na época os equipamentos de voo livre.
A Kombi 1973 V8 permaneceu na família de Brock durante essas quase cinco décadas e foi mantida em boa conservação (com detalhes estéticos a fazer) e totalmente funcional. Será vendida através de um leilão virtual promovido pela RM Sotherbys neste final de semana (14 e 15 de agosto).
Os organizadores esperam arrecadar US$ 70 mil… Será?
Texto e edição: Fernando Barenco
Fotos: RM Sotherbys
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