Curiosidades

Como eram os carros elétricos fabricados há mais de 100 anos?

Carros elétricos 100 anos

Equipado com baterias comuns, esse Milburn Electric de 1917 tinha velocidade máxima de 25 milhas, com carga suficiente para rodar o equivalente a 90 quilômetros

Na mídia especializada não se fala em outra coisa. Quase que diariamente as gigantes da indústria automobilística apresentam novos modelos elétricos ou híbridos, ao mesmo tempo em que anunciam prazos para o fim da produção de carros com motores a combustão.

No entanto, carros elétricos não são nenhuma novidade. Nos primórdios da história do automóvel, eles disputavam mercado com modelos com motores a combustão e movidos a vapor (que logo sucumbiram). Na virada do século XIX para o XX, os veículos movidos a eletricidade eram extremamente populares chegando até a dominar o mercado por um determinado período. Mas então os motores a combustão se desenvolveram e os carros elétricos acabaram entrando em extinção.

Mas como era um carro elétrico fabricado há mais de 100 anos? Esse das fotos é um Milburn Electric Model 27 Brougham fabricado em 1917. Nesse ano, alguns modelos mais populares como Columbia Eletric e Baker Eletric já não eram mais fabricados. Mas permanecia em linha o mais vendido de todos: o Detroit Eletric, que chegou a ter produção mensal de 2.000 unidades, em uma época em que poucos podiam comprar um automóvel.

Carros elétricos 100 anos

Estranho

O Milburn não era dos modelos mais baratos. Custava US$ 1.585, uma quantia muito considerável. Era muito leve, com carroceria alta, estilo “cabine telefônica” (não lembra o carro da Vovó Donalda?). O interior parecia mais uma pequena sala de estar. Não havia volante, nem painel de instrumentos. Era guiado por meio de duas alavancas na lateral esquerda. Em frente ao “sofá” dos ocupantes ficavam dois instrumentos simples. Um que informava a milhagem e a velocidade e o outro com informações sobre a carga elétrica e a amperagem. Ao lado deles, dois bancos extras rebatíveis, de costas — que se ocupados, deviam atrapalhar bastante a visão do motorista. Os pedais ficaram meio “perdidos” no meio do assoalho. Tudo bem estranho!

Uma curiosidade: ele foi projetado por Karl Probst, o engenheiro responsável pelo projeto do primeiro Jeep, aquele protótipo apresentado pela Bantam, mas que acabou perdendo a concorrência para o consórcio Willys/Ford, para a produção de Jeeps para o Exército Americano durante a II Guerra Mundial.

O motor elétrico era traseiro e extremamente simples. Possuia 12 baterias comuns interligadas, de 6 volts (que no caso deste exemplar, foram substituídas por de 12 volts), sendo oito na dianteira e 4 na traseira. A velocidade máxima era de apenas 25 milhas por hora e a autonomia 60 milhas com uma carga completa.

Vida breve

A Milburn foi fundada em 1869, mas teve vida curta como fabricante de automóveis, já que começou a produzir seus carros elétricos em 1915, quando esse segmento já havia perdido a força. Fabricou também pequenos caminhões elétricos.

Em 1919 sua fábrica em Toledo, Ohio (mesma cidade-sede da Willys) sofreu um incêndio de grandes proporções. Para ajudar em sua recuperação financeira, passou fabricar também carrocerias de Oldsmobile e em 1923 acabou sendo comprada pela General Motors, que começou a fabricar ali o Buick.

Ao longo desses apenas 8 anos, a Milburn produziu cerca de 4 mil unidades. Este exemplar restaurado que serviu de modelo para nossa matéria foi vendido em um leilão promovido pela RM Sotheby’s em outubro de 2018 e foi arrematado por US$ 63.250.

Texto e edição: Fernando Barenco
Fotos: RM Sotheby’s


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