Lá e aqui, os primeiros anos de evolução da F-Series, a longeva linha de picapes que é um dos maiores sucessos do segmento de todos os tempos
Observando a foto dessas duas picapes Ford F100, a princípio pode-se ter a impressão de que a da esquerda, é mais antiga que a dá direita.
Sua carroceria é cheia de linhas arredondadas e sua caçamba tem aqueles paralamas salientes. Tudo bem vintage! Mas, apesar das aparências, a da direita — com seu estilo mais reto e contemporâneo — é na verdade a mais antiga.
Vamos entender o porquê!
A F-Series nasceu em 1948 nos EUA, com modelos que iam da picape F1 (1/2 ton) ao cavalo mecânico F8 “Big Job”
A longeva Série F (ou F-Series) da Ford, que inclui picapes, furgões e caminhões, nasceu nos Estados Unidos em 1948. Sua Primeira Geração foi batizada apenas pela letra “F”, com as picapes F1 (1/2 ton) a F3 (3/4 ton) e os caminhões F4 (1 ton) ao F8 (Big Job). Estavam disponíveis com motores de 6 cilindros ou com o conhecido V8 Flathead, que passou a equipar os veículos Ford a partir de 1932. A Série F de Primeira Geração foi vendida também no Brasil, com veículos que eram importados e montados aqui no sistema de CKD.
Em 1953 surgiu a Segunda Geração junto com uma nova nomenclatura
A Segunda Geração da Série F nasceu em 1953 e tinha um visual bem diferente da Primeira. Quase uma nova linha… Para enfatizar essas diferenças a F-Series foi rebatizada, com dois dígitos extras: a F1, por exemplo, passou a se chamar F100. Em 1956, passou por uma pequena reestilização, com a adoção de parabrisa mais amplo e curvo. Surgia também o motor V8 272.
Lá nos Estados Unidos, a Segunda Geração foi produzida até 1956, dando lugar à Terceira Geração no ano seguinte.
Ford F100 brasileira
Aqui no Brasil, a Ford F100, que até então também era importada e apenas montada aqui, foi nacionalizada em 1957, mas manteve o visual do antigo modelo da Segunda Geração, agora fora de linha em seu país de origem. E foi fabricada sem alterações até 1962.
Destaques dos classificados
Então, embora não pareça, a Ford F100 da direita na foto é a mais antiga. Foi fabricada em 1957 e pertence à Terceira Geração norte-americana. Já a da esquerda é uma 1959 brasileira, que como explicado, manteve o visual da Segunda Geração “made in USA”.
Semelhanças e diferenças
As diferenças mais significativas entre as duas estão da parede corta-fogo para frente: grade, paralamas e tampa do capô. Ambas têm parabrisas panorâmicos.
Os formatos das duas cabines são muito similares, incluindo colunas, tetos e portas. No entanto, não são exatamente iguais. A parte de cima das portas da norte-americana é ligeiramente inclinada para frente. As vigias traseiras também são diferentes.
As caçambas diferem de uma para outra. Enquanto a nacional mantém a antiga “step-side”, de paralamas destacados, a norte-americana já tem a moderna caçamba reta, com paralamas embutidos. Embora seja menos charmosa, é mais espaçosa. E por causa dos paralamas destacados na frente e atrás, a nacional conta ainda com estribos.
Maçanetas e retrovisores são iguais. Já o bocal do combustível da nacional fica do lado direito e o da norte-americana, do esquerdo.
Quanto ao interior há uma grande similaridade no aspecto geral, mas alguns detalhes diferem uma da outra. A nacional tem no painel um único instrumento, que engloba todas as funções e velocímetro com escala horizontal. Já a norte-americana tem painel mais “moderninho”, com cinco instrumentos redondos separados. Os volantes são bem parecidos, diferindo na quantidade de raios: três na nacional e dois na importada.
Mesma mecânica do Galaxie
Quanto à mecânica, ambas tinham o motor V8 272 Y Block de 4.4 litros e 164 cv, que mais tarde equiparia o Galaxie brasileiro em seus primeiros anos. O câmbio também era o mesmo de 3 marchas na coluna de direção (nossa modelo brasileira teve a alavanca transferida para o assoalho).
Caminhos diferentes para a Ford F100 aqui e lá
Em 1962 a Ford do Brasil lançava sua nova Série F, que seguia o estilo lançado nos EUA em 1960. A partir de 1965 e ao longo do restante da década, a Ford F100 nacional seguiu um estilo próprio, bem diferente do norte-americano. Lá, como era tradição — já que consumidor norte-americano era mais exigente e estava sempre em busca de novidades —praticamente a cada ano havia mudanças no design.
Só a partir de 1971 da Ford do Brasil voltou a adotar (quase!) o mesmo design da Matriz — lançando aqui a geração que havia sido apresentada lá três anos antes — apenas com diferenças de acabamento. No entanto, lá havia muito mais variações, com número maior de versões disponíveis.
As Ford F100 de nossa matéria
Silvestre (e), José Roberto, suas respectivas famílias e picapes
Esses dois belos exemplares em tons de verde da nossa matéria pertencem aos amigos Silvestre Caetano e José Roberto, de Petrópolis – RJ.
O caminhoneiro Silvestre é o dono da nacional 1959 há cerca de 10 anos. No momento está restaurando outra picape: uma Chevrolet Commercial ½ ton 1946, que está quase pronta. Se você não está ligando o nome ao modelo, trata-se da versão picape dos caminhões Tigre e Gigante, que foram muito populares aqui.
E José Roberto é empresário do ramo de transportes e restaurou sua Ford F100 norte-americana 1957 na própria oficina de sua empresa. A comprou na cidade mineira de Juiz de Fora. Ela estava em péssimo estado, largada ao relento em um terreno baldio. Fã de picapes Ford antigas, tem também uma Ford ½ ton 1946 — apelidada de “Caveirinha”, uma F100 1954, além de um Furgão Ford 1969.
Texto, fotos e edição: Fernando Barenco
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