Repórter Maxicar

O colecionador de esportivos brasileiros que se encantou pelos muscle cars

Colecionador esportivos muscle cars

Coleção chegou a ter vinte carros, quase todos dos anos 1980/90, como VW Gol GTI, Ford Escort XR3 e Chevrolet Kadett GSi. Hoje são cinco V8, três deles raríssimos

Há pouco mais de uma década, ganhamos de presente de Fabricio Pessanha uma camiseta que na frente trazia as iniciais “FPC” e nas costas uma grande logo Volkswagen em cinza claro, que fazia fundo para o desenho de perfil uma Saveiro Sunset, uma versão esportiva de 1994 dessa pequena picape.

Colecionador esportivos brasileiros muscle car

O dia em que conhecemos Fabrício Pessanha, em Campos dos Goytacazes – RJ


Jeito de garoto, havíamos conhecido o simpático jovem colecionador alguns anos antes, em uma dessas nossas andanças fazendo coberturas de encontros de carros antigos, durante a exposição anual de seu clube, em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense. Lá ele nos mostrou alguns de seus carros antigos. Na ocasião, sua coleção já era considerável, composta de versões esportivas ou especiais de modelos brasileiros fabricados entre a segunda metade da década de 1980 e a primeira da década de 1990. Gol GTI e Star, Santana Sport, Saveiro Summer, todos da Volkswagen; Escort XR3, da Ford. Carros que começavam então a fazer presença nos encontros, mas cuja valorização nem de longe chegava ao patamares de hoje.

Ao longo dos anos seguintes, a “Fabricio Pessanha Collection” (FPC) foi crescendo… Chegaram o Fiat Uno 1.5R, o VW Passat GTS Pointer, o Chevrolet Kadett GSi. E assim, sua bem montada e personalizada garagem de chão quadriculado foi ficando lotada de clássicos nacionais, todos em estado de novo (o cara é “chato” quando se trata de qualidade!) — originais de fábrica ou restaurados — alguns passando pela famosa oficina By Deni de Indaiatuba-SP, a especialista em carros com esse perfil, responsável, por exemplo, pela restauração do VW Gol GT 1985 do jornalista William Bonner. A coleção chegou a ter Chevrolet Opala também, mas exceção.


O primeiro muscle car

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A mudança começou…


Em 2014 reencontramos Fabrício durante o Passeio de Veículos Antigos em Raposo – RJ, quando ele nos mostrou uma das mais recentes aquisições da “Fabrício Pessanha Collection”: um incrível Dodge Charger R/T 1975, de fabricação nacional, nosso maior representante MOPAR da época, com seu motor V8 318. Nos surpreendemos um pouco com aquele “estranho no ninho”, pois a expectativa era sempre por mais um “quadrado”. Foi a partir desse dodjão amarelo que as coisas começaram a mudar.

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Chevrolet Impala SS 1968


O segundo carro “fora da caixa” chegou em 2018: o norte-americano Chevrolet Impala SS 1968, vermelho, com motor V8 307. Foi o primeiro importado também. E o único não-MOPAR da nova era da “Fabricio Pessanha Collection”, como vamos ver mais para frente.

Pandemia à vista, mais MOPARs na coleção

E chegou a tal Covid-19 em fevereiro de 2020. Dois anos de isolamento social. Sem a realização dos encontros de carros antigos, perdemos o contato com Fabrício. Mas enquanto isso, sua coleção foi se transformando!

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Plymouth Barracuda 1970


Voltamos a ter notícias dele em abril desse ano, quando um carro de sua coleção foi premiado na Categoria Contemporâneos II (importados fabricados de 1970 a 1992) do 7º Encontro Brasileiro de Autos Antigos – Águas de Lindóia, SP. O Plymouth Barracuda (ou simplesmente ‘Cuda’) 1970 de cor púrpura, com o poderoso motor V8 440 Six Pack, o que significa que é equipado com três carburadores de corpo duplo. O câmbio é manual de quatro marchas e a cavalaria é de respeito: 390cv.

Abelha

No último final de semana — de 03 a 05 de junho, durante o mesmo evento de Raposo-RJ em edição 2022, fomos apresentados ao mais novo integrante de sua gang de musculosos. E que máquina! Esse Dodge Super Bee A12 1969, na cor “Orange Hemi”, equipado com o mesmo 440 Six Pack do ‘Cuda’, mas dessa vez com câmbio automático. Foi o próprio Fabrício que o importou. Então, é de único dono no Brasil.


O Super Bee é um modelo derivado do Dodge Coronet, e essa versão A12 priorizava a performance ao invés dos equipamentos. Ou seja: um espartano feito para andar muito! Um carro de corrida para as ruas, que não tem direção hidráulica nem freios a disco. Uma de suas principais características visuais é o capô em fibra de vidro, pintado de preto fosco e preso por quatro pinos estilo Nascar quando fechado. Sua abertura elevada é bem fora do comum, como é possível ver em algumas fotos. As rodas são de ferro, com aros de 15’ também pintadas de preto e sem calotas. O teto em vinil era opcional nos A12.

De acordo com a literatura, foram produzidos somente 1.907 (todos em 1969) desses hoje raríssimos e valiosos Dodges Super Bee A12. Esse é provavelmente o único exemplar com essa configuração no Brasil.

Novidade a vista

Mas em breve teremos novidades sobre o quinto muscle car dessa nova fase da “Fabricio Pessanha Collection”. Nada menos que um Plymouth Superbird 1970. É o segundo exemplar em solo brasileiro, diga-se de passagem, e no momento está em restauração no interior de São Paulo.

Plymouth Superbird em ação na Nascar em 1970


Esse modelo raríssimo até nos EUA é uma versão do Road Runner (bip-bip!) desenvolvida inicialmente para a Nascar, que recebeu uma nova frente, mais aerodinâmica, e um nada discreto aerofólio traseiro, mais alto que o próprio carro. Para que o modelo fosse homologado era necessária a produção de pelo menos 1.920 unidades de rua. Por seu design estravagante, encalhou nas concessionárias Chrysler na época e agora é precioso.

Mudança também de filosofia

A primeira fase da coleção de Fabrício Pessanha chegou a contar com 20 carros. E como pudemos ver, a mudança de perfil para a segunda foi bem radical: de esportivos brasileiros, para muscle cars norte-americanos; de compactos, para carros grandes; de modelos dos anos 1980/90 para os dos 1960/70; de motores de 4 cilindros, em geral com injeção eletrônica para os V8 “raiz”, carburados.

Mudou também sua forma de se relacionar com eles: “Antes eram tantos carros que quase não conseguia desfrutar de todos eles. Agora que são apenas cinco os uso com frequência e tenho ido sempre rodando aos eventos: foi assim com o Barracuda em Águas de Lindóia, e também com o Super Bee aqui em Raposo”, nos contou.

Texto e edição: Fernando Barenco
Fotos: Maxicar e redes sociais FPC


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