Ele foi comprado da Embaixada da França com apenas 1.000 km rodados. Modelo raro no Brasil, tem muito em comum com nossos Dauphine e Gordini
Em 1964, o jovem Antônio Pinto de Souza quis presentear sua esposa com um carro muito especial. Optou por um modelo francês: o conversível Renault Caravelle 1100 fabricado naquele mesmo ano. O adquiriu da Embaixada da França. Estava praticamente novo, com apenas mil quilômetros rodados.
Durante essas quase seis décadas, Antônio e sua família cuidaram desse xodó sobre rodas com todo cuidado e carinho. Prova disso é o admirável estado de conservação do francesinho até hoje.
Marcelo atualmente e no detalhe ao lado do pai, em 2013
Sr. Antônio morreu há poucos anos. Hoje seu filho Marcelo tem a nobre missão de ser o guardião desse legado familiar.
Sobre o Renault Caravelle
Lançado em 1958, esse gracioso esportivo teve no íncio dois nomes simultaneamente: Floride, na França e Caravelle, para o mercado de exportação, incluindo a Inglaterra e os Estados Unidos. A partir de 1962, o nome Caravelle passou a ser usado em todos os mercados.
Projetado pelo italiano Pietro Frua, o Caravelle usa a mesma plataforma do Dauphine, tendo a mesma distância entre-eixos, mas sendo 32 milímetros mais comprido. Sua criação foi uma sugestão dos revendedores Renault nos Estados Unidos, que gostariam de ter um modelo mais sofisticado a oferecer à exigente clientela, já que as vendas do Dauphine por lá não iam nada bem.
Motorizações
Motor traseiro 1.100 refrigerado a água
Em seus primeiros anos utilizava também o mesmo motor traseiro do Dauphine, de 845 cc, 32 hp refrigerado a água e câmbio de três marchas. A partir de 1962 a potência aumentou para 956 cc e 48 hp e finalmente, em 1964, 1.100 cc de 57 hp igual ao do Renault R8, como é o caso do exemplar de nossa matéria. Nessa versão, o radiador passou a ser instalado atrás do motor. Pesando 795 quilos, essa potência era suficiente para que chegasse aos 140 km/h.
Destaques dos classificados
Estava disponível em duas versões: a Coupê e a Conversível com opção de capota rígida, assim como o “nosso” Caravelle. Nessa versão pós-1964 o câmbio é de quatro marchas e os freios a disco.
DNA de nosso Gordini
Não negando sua origem, o interior lembra bastante o do Dauphine e do Gordini brasileiros: painel de instrumentos único com velocímetro horizontal, volante de dois raios e assoalho plano.
Visualmente, a diferença entre os primeiros Caravelle/Floride e os produzidos a partir de 1964, é que nos primeiros havia entradas de ar laterais. Nos de 1.100cc elas foram abolidas e uma grade de refrigeração passou a existir na tampa do motor. Na parte da frente, havia nos mais antigos um emblema central Renault, como o dos nossos Dauphine/Gordini. Já nos últimos, ele foi substituído pela palavra Caravelle.
Renault Floride dos primeiros anos, em fotos de propaganda. Entradas de ar laterais e emblema Renault na frente
Entre 1958 e 1968 foram fabricados 117 mil exemplares do Renault Caravelle/Floride. Hoje é um modelo muito desejado pelos colecionadores da França e de outros países europeus. Não vieram muitos para o Brasil. Por isso, atualmente são raríssimos por aqui. Não conhecemos nenhum outro.
Símbolo
Por sua raridade, conservação e principalmente por seu incrível histórico, esse belo exemplar vermelho de 1964 foi escolhido como o carro-símbolo do 1º Encontro de Carros Antigos e Clássicos de Três Rios – RJ — a cidade em que vive Marcelo. Por isso, ele ficará em exposição no Shopping Américo Silva até a data do evento, que acontece entre os dias 26 e 28 de agosto.
Texto, fotos e edição: Fernando Barenco
Video: Organização do 1º Encontro de Carros Antigos e Clássicos de Três Rios
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