Um evento que não para de crescer
De acordo com a organização, este ano estiveram reunidos cerca de 1.000 veículos, somadas a exposição e a área de vendas
Como tradicionalmente acontece nessa época do ano, a estância turística do interior de São Paulo Águas de Lindóia se transformou durante quatro dias na capital sul-americana do automóvel clássico. O 8º Encontro Brasileiro de Autos Antigos (EBAA) aconteceu durante o feriado de Corpus Christi — de 8 a 11 de junho.
De acordo com dados fornecidos pela organização, este ano o evento teve a participação de cerca de 1.000 veículos, somados aqueles em exposição com os que estavam a venda. Pessoas foram milhares e milhares, como de praxe. Incrível como o tema “antigomobilismo” tem atraído cada vez mais o interesse dos brasileiros. Gente de todas as idades e cantos do país.
Os cinquentões
Chevrolet Chevette e VW Brasília: dois dos nacionais que comemoram as Bodas de Ouro
No ano em que quatro modelos brasileiros estão completando 50 anos de lançamento, o EBAA não poderia deixar de homenageá-los, tanto com espaços exclusivos para cada um deles, mas também com uma premiação especial. É claro que estamos falando do Chevrolet Chevette e do Dodge Polara, ambos lançados em abril de 1973; e do Ford Maverick e do VW Brasília, cujos “nascimentos” aconteceram oficialmente em junho do mesmo ano. Nós do Maxicar também não podíamos deixar passar em branco essa celebração. Então, já publicamos Web Stories contando a trajetória de cada um deles.
A “Brasília Amarela” dos Mamonas Assassinas. Quem não se lembra?
Por falar em Brasília, mereceu atenção especial uma certa amarela customizada, que ficou famosa nos idos dos anos 1990, por causa de uma escrachada banda que passou como um relâmpago por nossas vidas, trazendo muita alegria e bom humor. Evidente que se trata dos “Mamonas Assassinas” e do VW imortalizado no clipe da música “Pelados em Santos”. Também já contamos a história do abandono e recuperação dessa Brasília icônica.
Autenticidade: levaram até a vegetação para o evento!
E teve mais Brasília no 8º Encontro Brasileiro de Autos Antigos. Mas esse exemplar nada tem a ver com o outro, que vendeu 1 milhão de unidades. Esse foi lançado bem antes, no início dos anos 1960. Fabricado em Petrópolis-RJ de forma artesanal, foi vendido a conta-gotas na Capital. Estima-se que foram fabricados apenas uns dez. Esse sobrevivente ficou ao relento em algum lugar de Minas Gerais por cinco décadas à espera de uma restauração. Ficou nessa situação. A promessa é a de que sua recuperação agora irá sair. Vai dar uma trabalheira… Aguardaremos ansiosos!
Destaques dos classificados
Temáticos
Cadillacs, Mopars, Bombeiros e Studebakers
Num evento desse porte, muitos carros são distribuídos em setores temáticos, como o dos imprescindíveis Cadillacs, o de Chevrolets Corvette, o de superesportivos, o de ‘muscle cars’ (incluindo norte-americanos e brasileiros), o de Hot Rods… O colecionador de Campinas-SP Mário Ferreti, sozinho é responsável por toda uma ala: a “Esquina dos Studebakers”. Entre os caminhões, alguns incríveis carros de bombeiros. Já as “baratinhas” de corrida do início do século passado foram dispostas como num grid de largada.
O mais antigo brasileirinho
A perua DKW-Vemag Universal disputa com o pequeno Romi-Isetta o título de “primeiro carro genuinamente brasileiro”. Ambos foram lançados em 1956, sendo o Isetta um pouco antes. Por questões técnicas, essa questão gera discussões. Mas, polêmicas à parte, o fato é que em Águas de Lindóia, essa belezinha com pintura azul e branca foi o veículo nacional mais antigo em exposição. Esse utilitário baseado na DKW F-91 alemã foi fabricada no ano de estreia no Brasil. Só se tem notícia de outras três de 1956.
Alguns premiados no 8º Encontro Brasileiro de Autos Antigos
O 8º Encontro Brasileiro de Autos Antigos premiou cerca de 130 veículos, entre nacionais, importados e algumas categorias especiais. A nosso critério, selecionamos aqui alguns para você. Confira!
Em primeiro plano, à direita, o “Split Window” 1963
- Chevrolet Corvette “Split” 1963 – Como já comentamos, como de praxe, havia no 8º Encontro Brasileiro de Autos Antigos um setor dedicado a esse famoso esportivo norte-americano lançado em 1953. Sim, ele está completando 70 anos! E esse modelo específico de 1963 é um dos mais raros, desejados e valiosos, por causa da janela traseira bi-partida. Um recurso estilístico que, no entanto, na época não agradou. Os compradores reclamaram da falta de visibilidade.
Ventura: o raro fora de série brasileiro
- L’Automobile Ventura 1982 – Esse fora-de-série com pinta de SP2 customizado também tem o DNA Volkswagen, já que possui chassi de Brasília (olha ela aí de novo!) e motor refrigerado a ar plano herdado da Variant II. O Ventura tinha acabamento caprichado e teve baixa produção. Exemplares originais como esse são bem raros hoje.
Entre duas Ferraris, o Diablo e suas portas de tesoura
- Lamborghini Diablo 1991 – Premiado na Categoria Contemporâneos II (Importados 1971/1993) esse superesportivo italiano é equipado com motor central V-12 5.7L, que rende 492cv. A máquina pertence ao colecionador e empresário Marcelo Elias, que em breve irá inaugurar o Dream Old Car Museum, um mais novo museu de automóveis do Brasil, em São Roque-SP. Já fizemos uma reportagem sobre o assunto.
O Tatraplan e seu motor refrigerado ar. Não lhe parece familiar?
- Tatra T600 Tatraplan 1950 – Lançado em 1948, esse carro estranho e fascinante faz parte de uma linhagem de modelos aerodinâmicos fabricados na antiga Tchecoslovaquia. Entre suas principais características está o motor boxer de 4 cilindros refrigerado a ar instalado na traseira (configuração idêntica a dos VWs).
A curiosa picape triciclo alemã
- Goliath GD750 1950 – Mais um veículo estranho, dessa vez uma picape. A alemã Goliath fazia parte do Grupo Borgward (fabricante do Isabella). Com apenas três rodas, a GD750 tem motor de dois tempos e dois cilindros refrigerado a água, instalado na traseira. A velocidade máxima é de 50 km/h. Foram produzidas 30 mil unidades de 1949 a 1955.
O Jeep Wagonner e sua ancestral da Willys
- Jeep Wagonner 1986 – Pioneiro entre os SUVs, ele foi lançado em 1963 — época em que a marca Jeep pertencia à Kaiser. Foi o sucessor do Jeep Station Wagon dos anos 1950 (foto), que aqui no Brasil foi batizado de Willys Rural. Atualmente é um utilitário muito valorizado pelos colecionadores.
Cord L-29: à frente de seu tempo
- Cord L-29 1932 – Esse é um modelo menos conhecido da Cord. O mais famoso é o 810/812, seu sucessor, que já vinha equipado com supercharger e faróis escamoteáveis em 1937! Mas o L-29 é igualmente sensacional. Foi o primeiro automóvel norte-americano com tração dianteira. Esse, merecidamente foi eleito o Destaque Pré-Guerra.
Os “The Best”
O melhor nacional
- Chevrolet Opala SS 1978 – O lindo exemplar vermelho pertencente a Cláudio Gobbi Szakal, de São Paulo-SP, foi contemplado com o prêmio Best in Show Nacional. O Opala SS disputa com o Ford Maverick GT e o Dodge Charger R/T a preferência das versões esportivos de carros brasileiros dos anos 1970.
Coisa chic: é o Isotta Fraschini!
- Isotta Fraschini 8A 1926 – Esse luxuoso exemplar da marca italiana extinta logo depois da II Guerra Mundial levou o prêmio de Best in Show Pré-Guerra. É equipado com motor de 8 cilindros em linha e carroceria da renomada Cesare Sala. Foi assunto de reportagem da Revista Classic Show edição 119.
Super Bee A12, um raro MOPAR
- Dodge Super Bee A12 1969 – O terceiro prêmio na categoria The Best in Show — desta vez Pós-Guerra — foi para esse raríssimo MOPAR que teve produção de apenas 1.907 unidades, todas em 1969. Um verdadeiro carro de corrida para as ruas, equipado com o V8 440 Six Pack. Uma de suas principais características visuais é o peculiar capô em fibra de vidro, pintado de preto fosco e preso por quatro pinos estilo Nascar quando fechado. Pertence ao jovem colecionador Fabrício Pessanha, de Campos dos Goytacazes-RJ. Ano passado fizemos uma reportagem sobre sua coleção de muscle cars. Na época o Super Bee havia acabado de ser importado.
Redação e edição: Fernando Barenco
Fotos: Odair Ferraz – Visite sua Loja Virtual
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