Curiosidades

E assim nasceu o Trio Elétrico…

Trio Elétrico

Tudo começou em 1950 com um velho Ford Modelo A, em Salvador – BA, graças aos amigos Dodô e Osmar

Quem hoje vê poderosos trios elétricos no Carnaval, despejando até 110 decibéis de som, não imagina que tudo começou em 1950 a bordo de um Ford Modelo A 1929, em Salvador. Obra dos baianos Dodô & Osmar.

Dodô tocava no conjunto Três e Meio, criado por Dorival Caymmi nos anos 1930. E Osmar foi chamado para tocar quando Caymmi migrou para o Rio de Janeiro.

Os amigos Osmar (e) e Dodô em 1950

Formado em radiotecnia, Dodô também era luthier: construía instrumentos musicais. Buscando eliminar a microfonia quando amplificava o som de instrumentos de cordas, acabou, com Osmar, inventando o que em 1942 se chamou “pau elétrico”, usando apenas braços de violão e cavaquinho com um captador de som sob as cordas, que depois viria a se tornar a guitarra baiana.

Osmar, por sua vez, tinha uma oficina mecânica – na verdade era um inventor – e possuía um Ford Modelo A 1929. Na época, o Carnaval de Salvador até tinha um cortejo de carros, mas restrito à elite. Porém, o navio que levava os integrantes do clube pernambucano Vassourinhas para animar o Carnaval carioca precisou fazer uma escala em Salvador, a uma semana da festa. E a prefeitura os convidou a apresentar seu frevo nas ruas.

Encantados com a vibração do povo diante disso, eles tiveram a brilhante ideia de sair tocando frevo pelas vias públicas da capital baiana em cima de um palco móvel.

Trio Elétrico

O desfile da “Fobica”, levando o frevo às ruas da Capital Baiana

E assim, no domingo de Carnaval, lá se foi o Ford equipado com um gerador e dois altos alto-falantes, no que então se chamou “Fobica”. O povo adorou sair dançando frevo pelas ruas de Salvador.

Trio Elétrico: do Fordinho para o caminhão

No ano seguinte, eles migraram para um caminhão Fargo, criaram o triolim, uma guitarra tenor, para Temístocles Aragão tocar. Dodô e Osmar formavam então a Dupla Elétrica. Com Temístocles, passaram a ser o Trio Elétrico.

Trio Elétrico

“Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu…”

A partir do Carnaval posterior, outros também começaram a inventar formas de carregar bandas sobre veículos. A cada vez que um era avistado, se dizia: lá vem outro trio elétrico! Assim, a sabedoria popular transformou o nome do conjunto no substantivo mais essencial do Carnaval de rua do Brasil. Tudo a partir de um Ford 1929.

Matéria gentilmente cedida pelo MG Club do Brasil
Fotos: Divulgação e acervo da família de Osmar Macedo

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