Repórter Maxicar

MOPAR à italiana: Ghia 450/SS tinha o mesmo V8 do Plymouth Barracuda

Raro conversível dos anos 1960 combina o design italiano com a potência e a confiabilidade de todo o conjunto mecânico da americana Chrysler

A história da criação do Ghia 450/SS é tão interessante quanto o próprio carro. Em março 1965 o jovem empresário californiano Burt Sugarman leu na revista Road & Track uma reportagem a respeito de um certo esportivo italiano criado pela Carrozzeria Ghia e com mecânica Fiat: o Ghia 230/S — cuja produção foi de apenas seis unidades: quatro coupês e dois conversíveis.

O Ghia 450/SS foi fortemente inspirado no menos potente Ghia 230/S, com mecânica Fiat

Sugarman teve então a ideia de criar um muscle car para o mercado norte-americano, mas que fosse sofisticado e tivesse o famoso design italiano. E aquele Ghia da revista seria um bom ponto de partida. Procurou então seu amigo John DeLorean (sim, o do carro-máquina-do-tempo do filme), que na época trabalhava da divisão Pontiac da General Motors.

Parceria Ghia/Chrysler

DeLorean não se empolgou muito com o projeto, mas encaminhou Sugarman para Bob Anderson, chefe da divisão Plymouth da Chrysler, que topou a parceria e despachou para a sede da Ghia, em Torino, um Barracuda novinho.

O poderoso V8 Chrysler seria o grande trunfo do conversível para conquistar o público norte-americano

A partir do 230/S criado por Sergio Sartorelli, Giorgetto Giugiaro — então novo chefe de design da Carrozzeria Ghia — desenvolveu a carroceria do requintado conversível Ghia 450/SS. Do Plymouth Barracuda o carro italiano herdou muito mais do que apenas o seu potente motor MOPAR V8 273 Commando 4.5L (daí vem o nome ‘450’) de 235cv. Recebeu também o chassi (que foi adaptado, já que o Ghia 450/SS tinha entre eixos 25 cm menor), o câmbio automático de quatro velocidades, o diferencial, parte da suspensão e até o sistema elétrico.

Enfim, um carro de fato muito especial, com carroceria feita a mão, que somava o prestigiado design italiano à potência e confiabilidade da mecânica americana da Chrysler.

O Ghia 450/SS não teve o sucesso esperado

O conversível ítalo-americano vinha com duas capotas: rígida e de lona

Burt Sugarman, que detinha os direitos exclusivos de importação para os EUA, esperava vender muitos Ghia 450/SS por lá. O carro ficou pronto rápido. Foi apresentado na Itália em 1966 e oferecido em algumas poucas revendas europeias. E foi posto à venda sob encomenda no mesmo ano também em algumas concessionárias da ensolarada Califórnia. Era nessa região americana que Sugarman apostava que acontecesse o grande “boom” de vendas.

Mas por um valor menor do que o daquele exótico e desconhecido conversível italiano, comprava-se um autêntico muscle car americano, cujas opções de marcas e modelos eram muitas. Então o esperado sucesso comercial do Ghia 450/SS não aconteceu. Entre 1966 e 1967 foram fabricados poucos carros: estima-se que somente 52. Hoje ainda restam 35 em todo o mundo.

Redação: Fernando Barenco


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