Protótipo fabricado no Rio nos anos 1950, roadster com motor Packard ficou desaparecido por décadas; agora espera a merecida recuperação
Está começando hoje, 5 de setembro, o XXV Brazil Classics Show, na cidade mineira de Araxá. Entre os antigomobilistas, é comum ouvir a seguinte frase: “tem carros que só vemos em Araxá!”. E a chegada de um misterioso roadster com traços dos anos 1950, placas amarelas de seis dígitos da extinta Guanabara e de nome difícil de ser pronunciado, que soa alemão (mas é holandês!) —“Woerdenbag” —, prova que essa máxima é verdadeira.
Trazido em cima de uma plataforma, meio sem jeito, mostrando que seus dias de glória (pelo menos por enquanto!) ficaram num passado distante, ele chamou a atenção dos antigomobilistas “raiz” das redes sociais, que entendem desses nacionais pioneiros, da época em que eram construídos quase sem nenhum recurso, na base do improviso e da criatividade.
Alguns registros de seus tempos de glória, nos anos 1950. Na época, ele era azul
O Woerdenbag é um carioca filho único
O conversível é uma criação do mecânico Thomaz Woerdenbag que deu início ao projeto em 1952, com a ajuda de seu irmão João Luiz (respectivamente, tio e pai do artista Lobão). Eles eram proprietários da oficina mecânica homônima, com sede no Rio de Janeiro. Esse belo esportivo equipado com motor de oito cilindros em linha da Packard, levou quatro anos para ser concluído. Graças ao fato de ter carroceria em alumínio, nota-se que hoje, apesar do péssimo estado, a ferrugem se faz presente apenas nos detalhes de acabamento, na placa traseira, que praticamente desapareceu, e nas rodas raiadas fabricadas exclusivamente para ele.
Origem nas pistas, nos anos 1930
O chassi foi desenvolvido originalmente para esse carro de corrida de 1939
Mas a história do Woerdenbag não começa nos anos 1950 e sim na década de 1930 nas heroicas corridas em circuito de rua que aconteciam na então Capital Federal. A primeira encarnação desse mesmo Woerdenbag nasceu como um carro de corrida em 1939, pelas mãos de Johanes Gerardus Woerdenbag, (conhecido como “João Alemão”) pai dos irmãos Thomaz e João Luiz e o fundador da conceituada oficina da família.
O biposto tinha motor Studebaker, também de oito cilindros em linha, suspensão Alfa Romeo e chassi próprio. Era muito rápido e estável. Pilotado por Rubens Abrunhosa, fez bonito no Circuito da Gávea — o famoso “Trampolim do Diabo” — e em outras provas.
A grade é de um Hillman; as lanternas traseiras do Chevrolet Bel Air 1955. A capota rígida não é original do carro, bem como os “poleiros” de proteção nos parachoques
Destaques dos classificados
Durante os anos seguintes, o glorioso bólido ficou esquecido no fundo da oficina, até que em 1952 Thomaz teve a ideia de aproveitar seu chassi no novo projeto. Ai começa a história que narramos há quatro parágrafos atrás.
Voltando aos anos 1950, o Woerdenbag causou uma grande sensação no Rio de Janeiro, por suas linhas únicas, de roadster britânico, muito em voga na época. Virou até modelo de propaganda de cigarro.
À espera de restauro
A redescoberta, em 2019
Depois de alguns anos fazendo parte da paisagem da Zona Sul carioca, o carro deixou de ser visto e acreditava-se até que ele não existisse mais. Então, por volta de 2019 foi redescoberto sem nenhum cuidado em uma oficina mecânica da Capital Paulista. Adquirido por um colecionador, ele ainda aguarda o momento de voltar aos seus velhos dias de “celebridade”.
Mas, via de regra, quando um automóvel a restaurar aparece assim de surpresa em um encontro, é sinal de um “antes e depois”. Então, quem sabe não o reencontremos “nos trinques” na próxima edição de Araxá, daqui dois anos!?!
Redação: Fernando Barenco
Fotos: Redes Sociais
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