Na segunda parte de nossa reportagem, vamos falar um pouco sobre os carros brasileiros. O mais novo museu de automóveis do país foi inaugurado em novembro de 2024
Foi inaugurado no final de novembro do ano passado o mais novo museu de automóveis do Brasil. O CARDE (se pronuncia “cardê”) fica em Campos do Jordão – SP e começou a ganhar vida em 2018, quando a Fundação Lia Maria Aguiar adquiriu de uma só vez toda a coleção do famoso e pioneiro colecionador brasileiro Og Pozzoli, que morreu em 2017.
A partir daí, teve início a construção do grande empreendimento, a aquisição de muitos outros veículos e a contratação de uma equipe de especialistas.
No dia 22 de dezembro, nosso colaborador Odair Ferraz esteve fazendo uma visita ao CARDE. O material que nos enviou é tão rico e completo e o acervo do Museu tão diverso, que achamos por bem fazer uma matéria dividida em duas partes. A primeira, sobre os importados, que são a maioria. Agora publicamos a segunda parte, com os destaques nacionais.
CONFIRA TAMBÉM A PARTE 1 – OS IMPORTADOS
Mas não deixe de conferir a primeira parte também, já que o acervo de importados é inacreditável, com vários modelos de baixíssima produção e consequentemente valiosíssimos, caso do 2º Tucker 1948 em solo brasileiro, adquirido nos EUA por nada menos que US$ 1.380.000.
Falamos também sobre a escola de restauração do Museu e todo o trabalho social que está por trás desse enorme projeto.
Alguns dos muitos destaques nacionais do Museu CARDE
Brasinca 4200 GT Uirapuru e FNM 2000 JK
- Brasinca 4200 GT ou Uirapuru 1964 – O ultracolorido esportivo brasileiro, com pintura inspirada na Amazônia dá às boas-vindas aos visitantes do Museu CARDE, colocado no alto de um cajueiro estilizado no saguão principal. O Brasinca 4200 GT foi lançado justamente em 1964 e em sua segunda fase foi rebatizado de Uirapuru e ganhou faróis retangulares. Diferente da maioria dos fora-de-série da época — com carroceria em fibra de vidro e mecânica VW a ar na traseira — o 4200 GT era todo em metal e seu motor dianteiro era o seis cilindros Chevrolet — o mesmo da picape 3100 — só que com três carburadores ingleses SU.
- FNM 2000 JK 1963 – Um dos nacionais mais modernos de sua época, era fabricado pela estatal Fábrica Nacional de Motores, sob licença da italiana Alfa Romeo. A partir de 1968 foi levemente reestilizado e ganhou motor mais potente, passando a se chamar FNM 2150. Esse lindo 1963 do CARDE pertencia anteriormente a um colecionador de Petrópolis-RJ e inclusive foi anunciado em nossos Classificados. Embora já estivesse muito bem conservado, ao chegar ao CARDE foi restaurado, para ganhar o “padrão de museu”.
Ford Galaxie Ambulância e o trio de ultrapopulares
Destaques dos classificados
- Ford Galaxie Ambulância 1969 – Como diz a expressão popular, “Filha única de mãe solteira”. A Ford do Brasil nunca produziu Galaxie em versão SW. Sobre a criação dessa ambulância há duas versões. Uma delas conta que foi criada pela Oficina de Serviços da Ford a partir de um Sedan acidentado. A princípio um protótipo do Galaxie SW a ser lançado futuramente, mas a empresa teria depois desistido da ideia e transformado o carro em ambulância. Mas, de acordo com o livro “Galaxie – Grandes Carros, Grandes Amigos”, em artigo assinado por Nelson Luiz Ott, a Ford nunca teve a intenção de produzir um Galaxie SW e a ambulância já foi feita assim, para uso interno da empresa.
- Os três ultrapopulares – Há no Museu CARDE um ponto de taxis! Isso mesmo! Mas, não é um ponto de taxis qualquer… é que ele leva o visitante a uma viagem no tempo. Mas precisamente para os anos 1960, quando as fabricantes brasileiras de automóveis lançaram suas versões ultrapopulares, que eram financiadas pela CEF. É possível passear de VW Fusca Pé-de-Boi, DKW Pracinha e Renault/Willys Teimoso. Só faltou uma das versões da Simca: Alvorada ou profissional.
Dupla de Interlagos da Equipe Willys e Gurgel elétrico
- Interlagos da Equipe Willys – No CARDE é possível conhecer de perto não um, mas dois exemplares do Interlagos Berlineta originais da gloriosa Equipe Willys de Competições, que teve em seu plantel nomes como Wilson e Emerson Fittipaldi, Bird Clemente, José Carlos Pace, entre outros. O carro 22 fica no chão, o 21 fica no teto, preso de ponta-cabeça.
- Gurgel – Há um setor reservado aos modelos da Gurgel, não apenas apresentando alguns de seus modelos mais icônicos. Há uma sala que reúne os documentos da empresa automotiva criada pelo visionário engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel e que por falta do devido incentivo acabou encerrando suas atividades em meados dos anos 1990.
Entre os carros, destaque para o utilitário Itaipu E-400, que em 1981 foi o primeiro elétrico produzido em série na América Latina. Sua autonomia média era de 90 km. Nada mal para a época.
Willys Itamaraty Executivo e ônibus Chevrolet D60 com carroceria Caio
- Willys Itamaraty Executivo – Essa luxuosa limusine brasileira foi lançada em 1966 e teve apenas 27 unidades fabricadas, quase todas na cor preta. Com alguns centímetros extras em relação ao Itamaraty convencional, sua carroceria era construída em parceria com a Karmann-Ghia. Quase todos foram destinados a órgãos governamentais, sendo dois para a Presidência da República. Contamos em detalhes a história do modelo aqui no Maxicar.
- Ônibus Chevrolet D60 1973 – Para os “busólogos” de plantão, outro destaque nacional na área externa do Museu é o ônibus Chevrolet baseado no caminhão D/C60 e encarroçado pela Caio.
A maioria dos cerca de 500 veículos do acervo do CARDE é de modelos importados. Lembrando que a exposição é rotativa, com cerca de somente 100 deles em exposição. Mas, para os fãs da indústria nacional, há muito para se ver também. Além desses modelos mais raros comentados aqui, há outros, de todas as marcas, nos mais variados modelos, versões e anos de fabricação.
CONFIRA TAMBÉM A PARTE 1 – OS IMPORTADOS
Redação: Fernando Barenco
Fotos: Odair Ferraz – Visite sua Loja Virtual
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