Repórter Maxicar

Desvendando o Museu CARDE – Parte 1 – Os importados

Museu Carde
Apresentação do Tucker

Inaugurado em Campos do Jordão – SP, em novembro de 2024, o mais novo museu de automóveis do Brasil tem um impressionante acervo

A primeira notícia sobre a criação de um novo museu de automóveis em Campos do Jordão – SP publicamos no dia 14 de dezembro de 2018. Ela dava conta que uma certa Fundação Lia Maria Aguiar (que àquela altura ainda não conhecíamos) havia adquirido toda a coleção do pioneiro colecionador Og Pozzoli, que morreu no ano anterior. Foi esse acervo, composto de mais de 100 automóveis — a grande maioria produzida até a década de 1940 — o alicerce para o Museu Carde, inaugurado em novembro passado com muita badalação.

A previsão inicial é que seria inaugurado em 2020. Ai veio a pandemia, para atrapalhar muitos planos e projetos mundo a fora. Então, a abertura foi adiada para 2022, o que também acabou não se concretizando.

Alguns destaques do video

» Nos primeiros segundos – o Tucker 1948 em detalhes externos e internos
» 1 min 13 s – O Hispano Suiza 1911 que pertenceu a famoso colecionador Roberto Lee
» 4 min 44 s – Lincoln K 1936 que conduziu a Rainha Elizabeth em sua visita ao Brasil em 1968
» 10 min 46 s – Detalhes da elegante BMW 327 Cabriolet 1938, já com a característica grade da marca
» 14 min 12 s – A ilha dos superesportivos, onde repousam Ferrari, Lamborghini, Jaguar…
» 17 min 26 s – Setor de outros esportivos, de marcas como Honda, Porsche, Mercedes-Benz, BMW e Audi
» 21 min 41 s – Setor dos Volkswagens refrigerados a ar, com destaque para os importados
» 23 min 02 s – Detalhes do curioso trator Porsche Allgaier P 312
» 26 min 20 s – O “bookcar” Cord dos anos 1930, já completamente autografado pelos visitantes

Museu CARDE é finalmente inaugurado

Museu CARDE

Mas, valeu à pena esperar mais dois anos! O Museu CARDE ocupa um terreno de 150 mil m² em meio à exuberante Serra da Mantiqueira. Seu recém construído prédio de dois pavimentos tem 6 mil m². Um investimento de mais de R$ 100 milhões!

O acervo de automóveis é de fato impressionante, não apenas pela raridade, conservação e valor, mas também pela relevância histórica. Todos em pleno funcionamento.

Ficarão em exposição em permanente rodízio cerca de 120 automóveis, mas o acervo é bem maior. Assim, quem visitar o museu mais de uma vez terá sempre novidades para apreciar.

O sonho de Og Pozzoli

Museu CARDE

Um dos destaques é justamente a antiga coleção de importados de Og Pozzoli, que teve seu sonho realizado, já que confidenciava que quando morresse gostaria que sua coleção não fosse desmantelada, mas sim que permanecesse reunida em um museu.

Por trás de um museu de automóveis, um projeto social

Mas, o CARDE é muito mais do que apenas um museu de automóveis. Além de reunir também em seu acervo obras de arte e de design, tem em seu cerne o programa social desenvolvido desde 2008 por Dona Lia Maria Aguiar, através da Fundação que leva o seu nome, com programas sem fins lucrativos, que levam educação, arte, cultura, bem-estar e saúde a cerca de 700 crianças e jovens de Campos do Jordão.

Museu CARDE

Escola de restauração

Dentro desse espírito socioeducativo, foi criado antes mesmo da inauguração do museu uma escola de restauração de automóveis, voltada para os jovens atendidos pela Fundação, que além de formar mão de obra especializada em lanternagem, pintura, mecânica, elétrica e tapeçaria, ensina também administração de uma oficina e inglês técnico, voltado para a área automotiva.

A Apresentação do polêmico Tucker (imagem principal)

Nosso amigo e colaborador Odair Ferraz — autor dessas fotos e vídeos — esteve no Museu Carde no dia 22 de dezembro, o fim de semana em que foi apresentado oficialmente aquele que talvez seja o mais emblemático carro do acervo. Mesmo quem não é ligado aos automóveis já ouviu falar dele. Estamos falando do Tucker 1948. O polemico carro norte-americano ficou ainda mais famoso a partir de 1988, com o lançamento do filme “Tucker – Um Homem e seu Sonho”, estrelado por Jeff Bridges e dirigido por Francis Ford Copolla.

Foram produzidos apenas 51 exemplares. Esse tem chassi nº 1003 (o terceiro) e pertenceu durante 25 anos a ninguém menos que George Lucas, o próprio produtor do filme. Foi adquirido pelo Museu Carde nos EUA em agosto do ano passado. Falamos mais sobre ele, quando desembarcou no Brasil, em novembro.

Esse é o segundo Tucker do país. O primeiro chegou aqui nos anos 1950 e hoje repousa em Caçapava – SP.

O acervo do CARDE é composto em sua maioria por modelos importados, mas há muitos nacionais também.

Nessa primeira parte de nossa matéria, vamos falar apenas sobre alguns importados, para que fique mais organizada e menos extensa. Na próxima semana, iremos publicar a segunda parte, apenas com os nacionais.

Mas antes, um recado do pessoal do CARDE: o nome do museu se pronuncia “cardê”, com sílaba tônica no “de”; e não “cárde”!

Alguns dos muitos destaques importados do Museu CARDE

De Dion Bouton e Pierce-Arrow Model 1703 com trailer

De Dion Bouton Type G Vis-a-Vis 1902 – Comecemos pelo mais antigo do acervo e que, de acordo com o Museu CARDE, é também o automóvel mais antigo do Brasil. Esse francês tem motor de somente um cilindro, que gera 4.5 cv. Ao estilo “carruagem sem cavalo”, os ocupantes viajavam sentados frente a frente, daí o Vis-a-Vis de seu nome.

Pierce-Arrow Model 1703 Enclosed Drive Limusine 1937 + Trailer Travelodge – Um conjunto para os mais aventureiros, mas que não queriam abrir mão do luxo. A Pierce-Arrow era uma das mais sofisticadas marcas norte-americanas de sua época. Mas teve vida curta: fundada em 1901, não resistiu aos nefastos efeitos da Grande Depressão e acabou quebrando em 1938. Mas não sem antes tentar uma nova estratégia, criando uma linha de trailers. Quanto ao carro, estima-se que existam atualmente apenas 28 exemplares com essa configuração limusine.

Duesemberg Model J Limusine e Cadillac Fleetwood V16 39-90 Coupê 1939

Duesemberg Model J Limusine 1930 – Outra extinta marca de extremo luxo. E o Model J é seu carro mais famoso. Essa limusine tem carroceria Willoughby e teve tiragem de meros 20 carros. O motor é um 8 cilindros em linha de 6.9 litros e 265cv. Simplesmente o carro mais caro, rápido e potente fabricado em série nos EUA naquela época.

Cadillac Fleetwood V16 39-90 Coupê 1939 – O design é impressionante, principalmente de traseira. O motor é um V16 de 7.1 litros, cujo objetivo não era propriamente o desempenho, mas sim a suavidade e silêncio ao rodar. Acredite: foram fabricados apenas cinco unidades com essa exata configuração.

Cord L-29 e Cord 810 “Bookcar”, repleto de assinaturas

Cord L-29 Cabriolet 1931 – Esse modelo menos conhecido da Cord também trouxe inovações, como a tração dianteira. O motor de 8 cilindros em linha gerava 125 cavalos. Foi produzido em plena Grande Depressão e, sendo caríssimo, não encontrou clientes suficientes e vendeu apenas 5 mil. Um exemplar de seu sucessor, o Cord 810/812, famoso pelos faróis escamoteáveis e outras modernidades, dá as boas-vindas aos visitantes, sendo o “Bookcar” do Museu CARDE, e já estando repleto de assinaturas.

Daimler Light Straight Eight e Chrysler Town & Country

Daimler Light Straight Eight E4 Sedanca Deville 1939 – Seu nome é tão pomposo quanto o carro, com carroceria “sedanca”, com a parte traseira coberta para o abastado ocupante e conversível para o motorista. Destaque para o curioso acabamento de treliça nas portas.

Chrysler Town & Country Convertible Coupê 1948 – Um dos mais famosos modelos norte-americanos no segmento de “woodies”, com partes da carroceria em madeira envernizada. Esse conversível tem motor 6 cilindros e câmbio semiautomático “Fluid Drive” da Chrysler.

Pegaso Z-102, Aston Martin DB5 e Jaguar XJ 220 1993

Pegaso Z-102 Cabriolet 1954 – Essa exclusivíssima fera espanhola era um dos esportivos mais rápidos do mundo em sua época, podendo chegar aos 243 km/h. Foi fabricado entre 1951 e 1958, em duas séries. Esse é da segunda. Foram fabricados somente 84 carros, sendo 28 na versão conversível.

Aston Martin DB5 1964 – Esse dispensa maiores comentários. Ficou mundialmente famoso por ser o carro do agente secreto britânico James Bond, da franquia cinematográfica 007. Foram construídos 1.059 DB5, sendo apenas 180 com volante do lado esquerdo como esse.

Jaguar XJ 220 1993 – Um pouco conhecido superesportivo britânico. Lançado em 1991, o XJ 220 tinha potente motor central V6 biturbo de 550 cv, podendo atingir 340 km/h, o que o tornou um dos carros mais rápidos do mundo na época. A produção foi baixa. É que custava uma fortuna: cerca de 400 mil libras.

F50, 356 GTB/4 Daytona, Dino 246 GTS (em primeiro plano) e 212 Inter Coupe Vignale

Ferraris – Na ilha dedicada a alguns superesportivos, alguns dos mas célebres modelos da Ferrari, como a F50, cuja produção foi de apenas 349 carros, sendo essa a única do Brasil; 356 GTB/4 Daytona, como a da série Miami Vice; Dino 246 GTS 1974 (que não tem oficialmente Ferrari no nome); e a cereja do bolo: a magnífica 212 Inter Coupe Vignale 1953, com produção de 212 unidades.

Citroëns ID 19 Berline e DS 23 Break, e trator Porsche Allgaier P 312

Citroën ID 19 Berline 1960 – Os fãs de aerodinâmica em geral são admiradores dessa linha da Citroën, que nasceu para substituir o consagrado Tration Avant. Esse 1960 é um ID, a versão simplificada e mais barata do DS, representado no museu pela rara SW 23 Break.

Trator Porsche Allgaier P 312 – Sim, a Porsche já fabricou tratores. Esse dos anos 1950 tem esse design fora do comum e bitola estreita, ideal para alguns tipos de plantações. Por isso foi exportado para o Brasil. Segundo consta, a Porsche recebeu de nosso país uma encomenda inicial de 1.000 tratores desse modelo, mas a burocracia alfandegária acabou atrapalhando o negócio e somente desembarcaram os primeiros 200.

Kombi 1950, Karmann Ghia 1958, Beetle Cabriolet 1958 e Beetle Hebmüller 1952

Volkswagens importados – Para os entusiastas do bom e velho Fusca e seus derivados, um conjunto de tirar o fôlego. Diante dos outros, o “Split Windown” 1950 (os primeiros a chegar ao Brasil) parece até bem comum! É que o segmento conta com VW Bus Barndoor 1950 (o ano do lançamento da Kombi); Karmann Ghia Cabriolet 1958, com design da primeira fase, com lanternas traseiras quadradas; o VW Fusca Cabriolet 1958 que conduziu o Presidente Juscelino Kubitschek na fábrica da Volkswagen em 1959; e o “santo graal” dos Volkswagens: um Typ 14A Hebmüller, o conversível alemão feito por encomenda e que aparenta ter duas frentes. Existem menos de 100 sobreviventes desse valiosíssimo VW em todo o mundo.

Redação: Fernando Barenco
Fotos e vídeo: Odair Ferraz – Visite sua Loja Virtual

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