Esportivo fez sucesso nos Estados Unidos e gerou a réplica brasileira que utilizava a mecânica do Fiat 147
No Salão do Automóvel de São Paulo de 1978 era apresentado o Corona Dardo, um esportivo bem “fora da caixa”, se comparado aos demais foras-de-série brasileiros da época. Sua carroceria também era em fibra de vidro, mas ao invés de montado sobre o conjunto de chassi, suspensão e mecânica Volkswagen refrigerada a ar do Fusca, o Dardo tinha chassi tubular e seu motor era refrigerado a água: não por acaso o 1300 do Fiat 147 Rallye. Já contamos a sua história completa aqui no Maxicar.

Não confunda: esse é o brasileiro Corona Dardo!
Fiat X 1/9 tem assinatura Bertone
Mas, você sabia que o Corona Dardo é a versão brasileira de um modelo italiano lançado seis anos antes? Estamos falando do Fiat X 1/9, um conversível idealizado pelo jovem designer Marcello Gandini, que trabalhava na Carrozzeria Bertone e que tem em seu currículo carros famosos do Grupo Fiat, como por exemplo o Alfa Romeo Montreal.
Na época, a Fiat precisava de um substituto para outro conversível: o 850 Spider, que era pouco potente e já estava em final de carreira. O protótipo cujo nome interno era X 1/9 (“X Uno Nove”, em italiano) — e que acabou se tornando o nome oficial do novo carro — era um dois lugares com teto removível estilo targa e roll-bar de proteção. Foi baseado no futurista carro-conceito Autobianchi A112 Runabout, do próprio Gandini.

Lá e aqui, mecânicas similares
O motor central transversal de 1300 cc refrigerado a água, com 75 cv foi herdado do Fiat 128 (um “ancestral” do brasileiro 147), bem como sua suspensão independente e os freios a disco nas quatro rodas. O câmbio era de quatro marchas e a tração traseira. Dados da época indicavam velocidade final de 170 km/h. Foi o primeiro esportivo italiano com motor central.

A carroceria de aço era produzida pela fábrica da Bertone em Torino e depois encaminhada à Fiat, onde o carro era montado. A propaganda de lançamento (de onde tiramos as fotos que ilustram essa matéria) destacava sua aerodinâmica e sua versatilidade como carro de uso cotidiano.
Dois porta-malas
Suas linhas eram retas e angulosas, uma tendência da época. A frente em formato de cunha era longa, se comparada à traseira. Os faróis escamoteáveis ficavam localizados logo acima do parachoque bipartido em borracha. A grade inclinada era grande, mas discreta. Em suas laterais ficavam as lanternas.
O Fiat X 1/9 tinha uma característica bem interessante: como o motor ficava alojado logo atrás da cabine, havia dois porta-malas. No dianteiro cabia perfeitamente o teto rígido. O tanque de combustível ficava em pé, espremido entre a cabine e o motor.
O interior podia ser preto, marrom ou bege e era muito bem acabado, com bancos em couro com encosto de cabeça integrado, painel de instrumentos simples, mas funcional e console central.

Assim, como seu antecessor, o X1/9 fez grande sucesso nos Estados Unidos, mas conquistou também outros mercados, sendo vendidos 140 mil unidades em dez anos.
Mudanças a partir de 1978

Um Bertone X 1/9 1986 com seus indiscretos (e horrendos!) parachoques
Em 1978 o Fiat X 1/9 passou a contar com potência de 85 cv graças a adoção do motor de 1500 cc com carburador de corpo duplo, acoplado a um câmbio de cinco marchas. No mesmo ano, para se enquadrar à legislação de segurança dos EUA, o delicado parachoque bi-partido deu lugar a um modelo retrátil, bruto e saliente, que representou um verdadeiro desastre em termos de design.
A partir de 1982, a própria Bertone assumiu sua comercialização, destinada exclusivamente à exportação, o que durou até 1989. Nessa fase final foram fabricados 19.500 do esportivo, então rebatizado de Bertone X 1/9.
Redação: Fernando Barenco
Fotos: propaganda oficial de lançamento
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