Marcas Extintas

Franklin, um norte-americano com motor refrigerado a ar

Franklin

Contrariando o padrão de motores refrigerados a água da época, a Franklin fabricou exclusivamente carros “aircooled” por 30 anos. Seus motores foram usados também na aviação

Iniciando suas atividades em 1902, a Franklin Automobile Company é até hoje a única grande fabricante de automóveis dos EUA a utilizar exclusivamente motores refrigerados a ar. A Chevrolet — com a fracassada Série M de 1923 e o Corvair, nos anos 1960 — e a Crosley — entre as décadas de 1920 e 40 — também adoraram esse tipo de motor, mas não de maneira exclusiva.

Voltando à Franklin, desde o início ela considerou o motor refrigerado a ar mais simples e confiável, já que na época ainda não existiam os anticongelantes e no norte dos EUA os motores refrigerados a água tendiam a ter problemas para pegar durante os rigorosos invernos.

Franklin: motores refrigerados a ar desde 1903

Motores Franklin: 4 cilindros, 6 cilindros e V12


Para compensar a potência limitada de seus motores, a Franklin produzia carros bem leves. Para isso limitava o uso do aço, utilizando estruturas de madeira e mais tarde de alumínio. Chegou a ser uma das maiores consumidoras desse metal nos EUA.

O primeiro modelo Franklin foi lançado em 1903. Era um pequeno carro, que pesava 490kg e tinha capacidade para 4 passageiros. O motor era dianteiro, de quatro cilindros com potência de 10cv. O cambio era de duas velocidades. Três anos depois, já estavam disponíveis motores seis cilindros de até 30cv.

No entanto eram carros de visual fora do padrão convencional e considerados estranhos tanto pelos consumidores, quanto pelos próprios revendedores. É que faltavam aos Franklin aquelas enormes grades dos radiadores, ao estilo da época. E esse detalhe prejudicava as vendas.

Um falso radiador

Assim a empresa contratou J. Frank DeCausse, que criou um Franklin de estilo clássico, lançado em 1925 e que exibia uma reluzente grade cromada de radiador “fake”, mas que, no entanto, servia para a entrada de ar.  

Gradualmente a potência dos motores refrigerados a ar foi aumentando e em 1930 a Franklin lançou um motor de 6 cilindros de 60cv. Assim, os automóveis da marca puderam ficar maiores e mais luxuosos. Chegou a apresentar um V12 de 150cv para a linha 1932. Mas ele equipou menos de 200 carros. O mesmo motor também foi usado em aviões.

Como outras marcas, a Franklin não resistiu à concorrência das gigantes de Detroit e nem aos efeitos da Grande Depressão de 1929. Decretou falência em 1934. No entanto, continuou a produzir seus confiáveis motores refrigerados a ar, agora destinados ao uso aeronáutico e comercial. A empresa foi então rebatizada de Aircooled Motors.

E Tucker entra na história

Depois da II Guerra Mundial, a empresa foi vendida a Preston Tucker, que queria garantir que não faltariam motores para seu recém criado Tucker Torpedo. No entanto, para esse fim, ele estranhamente os transformou em motores refrigerados a água. E Tucker, como sabemos, só conseguiu fabricar 51 carros. Mas essa já é outra história…

De acordo com o HH Franklin Club, durante seus 32 anos, a Franklin produziu 150 mil carros, todos com motores refrigerados a ar. Estima-se que ainda existam 3.700 sobreviventes. No site norte-americano de carros clássicos Significant Cars, há no momento um luxuoso 135 Sport Runabout a venda por US$ 139.500 (cerca de R$ 740 mil, pela atual cotação).

Nessa pequena galeria de imagens, algumas propagandas de época da Franklin, apresentadas em ordem cronológica. Note como a empresa quase sempre enaltecia seus motores refrigerados a ar.

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