Fundada em 1924, a MG (sigla de Morris Garages) logo ganhou fama por construir carros esporte leves, ágeis e de bom desempenho, sem abrir mão do conforto e do estilo
O MG Club do Brasil está celebrando os cem anos de existência da marca inglesa. Fundada em 1924 por Cecil Kimber e William Morris, a MG (sigla de Morris Garages) logo ganhou fama por construir carros esporte leves, ágeis e de bom desempenho, sem abrir mão do conforto e do estilo.
MG TD no Rallye de Campos do Jordão de 2021, organizado pelo MG Club do Brasil
(Guazzi Images/MG Club do Brasil)
No Brasil, os automóveis MG, em especial os modelos TD e TF, conquistaram vários adeptos depois da Segunda Guerra Mundial. Vários foram trazidos para o País até 1975, ano em que o governo federal proibiu a importação de veículos automotores (algo que só seria revogado em 1990). A paixão pelos MG se manteve intacta e motivou em 1983 a criação do MG Club do Brasil. Atualmente, o clube possui sede no bairro da Lapa, em São Paulo, e é aberto a carros clássicos de todas as marcas.
Fábrica da MG na década de 1920 (MG Europe)
“A marca MG sempre se destacou pela criatividade e esportividade. Não eram carros exatamente luxuosos, mas fruto de projetos muito inteligentes que resultavam em um grande prazer de dirigir. Colocavam-se motores relativamente pequenos, tipicamente de 1,0 a 1,8 litro, em carrocerias pequenas e leves. Isso proporcionava agilidade e rapidez ao carro, e ótimos resultados em competições. Era exatamente o que muitos aficionados buscavam. E havia o fato de muitos serem conversíveis, proporcionando a sensação do ‘vento na cara'”, explica Américo Nesti, presidente do MG Clube do Brasil.
MG 14/28 de 1924 (MG Europe)
A história do MG TD, provavelmente o modelo mais conhecido da marca no Brasil, começa em 1936. Naquele ano, a MG lançou o roadster TA, um elegante carro esporte com motor de 1,3 litro, vendido por um preço mais acessível que seus concorrentes. Nos anos seguintes, o modelo evoluiu e teve a nomenclatura alterada para TB (1939), TC (1945) e finalmente TD (1950). Militares norte-americanos que serviram na Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) encantaram-se com os MG e um número indeterminado de carros da marca foi levado para os Estados Unidos depois do conflito. Os MG TD “americanos”, com volante no lado esquerdo, foram trazidos para o Brasil e logo passaram a ser reconhecidos nas ruas.
MG B durante rallye de regularidade do MG Club do Brasil, MG B cupê durante rallye do MG Club do Brasil e MG TD no Rallye de Campos do Jordão de 2021, organizado pelo MG Club do Brasil
Destaques dos classificados
O MG TF foi apresentado em 1953 e produzido até 1955. Na essência, era um MG TD reestilizado. Além de pequenas mudanças no motor que o deixavam mais potente, o TF diferenciava-se do antecessor pelos faróis dianteiros instalados diretamente nos para-lamas, e não mais fixos na moldura do radiador. Este, por sua vez, passou a ser separado da grade, e esta passou a ser ligeiramente inclinada (nos anteriores, era completamente vertical).
MG B roadster 1965 durante rallye de regularidade do MG Club do Brasil
(Guazzi Images/MG Club do Brasil)
Para quem deseja ter um autêntico modelo MG na garagem, outras boas opções são os Midget. Ele teve quatro gerações: Mk1 (1961 a 1964), Mk2 (1964 a 1966), Mk3 (1966 a 1974) e 1500 (1974 a 1980). Os primeiros Midget tinham motor de quatro cilindros com 948 cm³; nos últimos, como o próprio nome indica, a cilindrada subiu para 1.493 cm³. O MG B, um roadster (conversível de dois lugares) lançado em 1962, também teve várias unidades trazidas para o Brasil. O modelo gerou versões como o MG B GT (um cupê de três portas e carroceria 2+2 lugares) em 1965. As duas carrocerias do MG B foram usadas no MG C, lançado em 1967 e produzido até 1969.
MG B em duas carrocerias, roadster e cupê, durante rallye do MG Club do Brasil
(Guazzi Images/MG Club do Brasil)
Em 1973, surgiu o MG B GT V8, unicamente com carroceria cupê. A ideia foi do preparador inglês Ken Costello, que adaptou um V8 a seu carro e mostrou-o à fábrica, que aprovou a ideia e decidiu produzir o MG B GT V8 em série. Esse motor havia sido projetado pela General Motors para a Oldsmobile, mas já estava fora de uso. Ao saber do interesse da Rover, então proprietária da marca MG, a General Motors cedeu-lhe o projeto e os diretos de fabricação. O motor tinha bloco de alumínio e era o V8 de produção em série mais leve existente na época. A versão com motor V8 foi oferecida até 1976 e o MG B foi fabricado até 1980.
Quinze anos depois, em 1995, os fãs da MG exultaram com o lançamento do modelo F, o primeiro carro totalmente novo da marca desde o MG B. O MG F era um roadster de linhas contemporâneas com todas as características mais atraentes dos MG anteriores: um esportivo pequeno, ágil e de bom desempenho. Em vários anos da década de 1990, foi o carro esporte mais vendido de sua faixa de preço na Grã-Bretanha. Deixou de ser produzido em 2002.
MG Cybester (MG Europe)
Atualmente, a marca MG pertence ao grupo chinês SAIC, um dos maiores da indústria automobilística na China, e dedica-se principalmente à produção de SUVs de portes variados com motores a combustão, híbridos e elétricos. As comemorações pelos 100 anos da marca motivaram a MG a apresentar o Cybester, um roadster elétrico com todos os atributos dos carros esporte da MG: pequeno, ágil e proposta de ser agradável de dirigir. O Cybester estará à venda na Europa a partir de agosto e será oferecido em duas opções: motor elétrico atuante nas rodas traseiras ou dois motores elétricos, um em cada eixo, com tração integral. “O Cybester é elétrico e fabricado na China, mas resgata o espírito que fez a MG ser um sucesso”, diz Nesti.
Competições – Como fabricante de carros esportivos, a MG possui uma história de sucesso em corridas.
No dia 26 de agosto de 1934, a MG obteve uma de suas vitórias mais marcantes no automobilismo. Ao volante de um MG K3 Magnette, o inglês Richard Seaman venceu o Prix de Berna, uma prova para “voiturettes” (monopostos com motor de até 1,5 litro) preliminar do GP da Suíça, realizado no circuito de Bremgarten, em Berna. A corrida foi realizada sob chuva e três fatos valorizam ainda mais o resultado: o MG tinha motor de 1,1 litro (contra adversários com motor de 1,5 litro), Seaman largou em último entre os 23 concorrentes e… nunca havia pilotado no molhado. Infelizmente, a alegria pela vitória durou pouco. Horas depois, o irlandês Hugh Hamilton, um dos que correram com MG no Prix de Berna, morreu em consequência de um acidente sofrido com seu Maserati na prova principal. Esta vitória fez o até então desconhecido Seaman tornar-se bastante respeitado na Europa. Em 1937, ele se integrou à equipe Mercedes-Benz. Venceu o GP da Alemanha de 1938 e faleceu após sofrer um acidente no GP da Bélgica de 1939.
MG Lola do brasileiro Thomas Erdos, vencedor da classe LMP2 em Le Mans em 2005 (MG Lola)
Outro feito expressivo é o recorde mundial de velocidade em terra estabelecido em 23 de agosto de 1957 no deserto de Bonneville, em Utah, nos Estados Unidos: 395,320 km/h, a melhor marca obtida até então por um carro enquadrado na categoria para veículos de quatro rodas equipados com motor de 1,1 a 1,5 litro. Para estabelecer esse recorde, a MG desenvolveu o modelo EX 181 e confiou-o ao inglês Stirling Moss, até hoje considerado por muitos como o melhor piloto da história da Fórmula 1 que jamais foi campeão mundial (foi quatro vezes vice). O MG EX181 tinha carroceria aerodinâmica em forma de gota instalada sobre um chassi tubular especialmente construído. O motor sobrealimentado de 1,5 litro era movido por uma mistura de metanol, nitrobenzeno, acetona e éter – parece estranho hoje, mas a fórmula é muito semelhante à do combustível utilizado pelas principais equipes de Grand Prix antes da Segunda Guerra Mundial. Esse motor desenvolvia 290 cv a 7.300 rpm e ficava em posição central, com a cabine do piloto situada imediatamente à frente.
MG EX 181 no deserto de Bonneviile com Phil Hill em 1961 (MG Europe)
Mas a MG ainda queria mais. Desenvolveu o EX181 e, entre outras alterações, aumentou a cilindrada do motor de 1.489 para 1.506 cm³. Estes míseros 17 cm³ fizeram duas diferenças: a potência passou para mais de 300 bhp a 7.300 rpm e o carro passou a ser enquadrado na categoria entre 1,5 e 2,0 litros. Em 1959, dois anos depois do recorde de Moss, a MG e o EX181 estavam de volta ao deserto de sal de Boneville, nos Estados Unidos, com o objetivo de obter o recorde da categoria na qual o carro passou a ser enquadrado. Pilotado pelo norte-americano Phil Hill, o MG EX181 cravou 410,23 km/h na média das duas passagens. No começo de sua carreira, Phil Hill pilotou um MG TC. Seu currículo inclui três triunfos nas 24 Horas de Le Mans e o título mundial de Fórmula 1 em 1961.
Em 1966, o MG B pilotado por Julien Vemaeve/Andrew Hedges venceu a Marathon de La Route (84 horas de Nürburgring) na classificação geral. Na década de 1960, os MG B também obtiveram primeiros lugares em suas categorias no Rallye de Monte Carlo e em provas de pista como a Targa Florio, os 1000 Km de Spa-Francorchamps e as 24 Horas de Daytona.
No começo da década de 2000, a MG desenvolveu o MG-Lola EX257 para disputar as 24 Horas de Le Mans de 2001. Esse carro obteve resultados discretos, mas a marca obteve triunfos na prova francesa em 2005 e 2006, quando os protótipos MG-Lola EX264 venceram na classe LMP2. Em ambas as ocasiões, um dos pilotos do carro vencedor foi o brasileiro Thomas Erdos.
Sobre o MG Club do Brasil
Fundado em 1983, o MG Club do Brasil é um dos mais atuantes clubes de carros clássicos do País. Foi criado para congregar proprietários de modelos da marca inglesa MG, mas logo tornou-se um clube multimarca, admitindo proprietários de carros clássicos de qualquer modelo.
MG B na Mil Milhas Históricas Brasileiras de 2022, pova do MG Club do Brasil
(Guazzi Images/MG Club do Brasil)
O clube organiza raids e rallies de regularidade, como a 1000 Milhas Históricas Brasileiras, o Raid de Campos do Jordão e o Raid da Serra do Mar. Por serem concebidos para carros clássicos, esses passeios cronometrados percorrem boas estradas, entre paisagens agradáveis, e incluem visitas a pontos de interesse cultural, histórico e turístico.
Todos os sábados, o MG Club do Brasil promove encontros informais entre os associados, nos quais o antigomobilismo é o assunto predominante. Também acontecem na sede social (localizada na Vila Romana, zona oeste de São Paulo) eventos temáticos e homenagens a personalidades do automobilismo. O local possui um acervo de publicações automobilísticas disponível aos sócios para consulta. Para saber mais, visite o site do MG Club do Brasil: mgcbr.com.br.
Texto: Assessoria de Imprensa – LetraNova Comunicação – Luiz Alberto Pandini
Fotos: Guazzi Images/MG Club do Brasil
Edição: Fatima Barenco
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