XXIII Encontro Capixaba de Veículos Antigos – Vitória, ES
Dos quatro cantos do Sudeste
Foram mais de 200 veículos na Praça do Papa em três dias de exposição
[dropcap]F[/dropcap]azer a cobertura da 23ª edição do Encontro Capixaba nos fez comprovar ao vivo, o que sempre ouvimos dizer: o Espírito Santo é um estado que possui muitos e grandes colecionadores de automóveis antigos. E uma bela amostra desse fato pôde ser apreciada no estacionamento da famosa Praça do Papa, entre os dias 10 e 12 de outubro, durante o feriado de Nossa Senhora Aparecida.Temos certeza de que se por acaso esse evento fosse aberto exclusivamente aos antigomobilistas capixabas, o espaço da exposição já ficaria totalmente lotado de máquinas maravilhosas. Paulo Rosetti, por exemplo, levou cinco dos americanos de sua coleção. E que americanos! Corvette 1958, Bel Air 1957, Thunderbird 1956, Cadillac 1950 e Impala 1960. Todos admiravelmente bem conservados, para deleite dos visitantes.
De Cachoeiro do Itapemirim um ‘conjunto’ de automóveis bem conhecido na região e no Norte Fluminense: Karmann Ghia Alemão (com câmbio automático) 1969, VW Super Beetle Cabriolet 1979, Mercedes Benz Unimog 404 1961 — que pertenceu ao Exército Suíço — e Unimog 550 1951. Todos a reboque de uma plataforma Mercedes Benz LP 331 cabine-leito de 1958, que recebeu um ‘upgrade’ mecânico e diversos itens de conforto, como bancos de couro, direção hidráulica e ar condicionado. Tudo para fazer com tranquilidade (e muito estilo!) qualquer viagem, não importando a distância. Toda a ‘frota’ pertence ao colecionador Joaquim Carlette.
Também da Grande Vitória, quatro hot rods que não deixam nada a desejar aos melhores americanos: Ford T 1926, Buick LeSabre 1959, Vauxhall Wayvern 1950 e o mais incrível de todos: caminhão plataforma Ford Coe 1946.
Já o colecionador e diretor do Veteran Car Clube de Vitória (o clube organizador do evento), Gilson Andrade, levou à Praça do Papa, além de alguns de seus nacionais — Opala Coupê 1976, VW TL 1973 e Caravan 1975 —, uma réplica Jaguar XK 120 de uma série muito especial. Em 2011 a rede Bosch Car Service de oficinas completou 90 anos e fez a promoção “Quem sai pilotando o presente é você”, que consistia no sorteio de três réplicas do esportivo inglês. Para participar o cliente deveria cadastrar o cupom fiscal de peças e serviços no site da promoção. Cada R$ 150,00 dava direito a um cupom promocional. Foram ao todo 280 mil clientes cadastrados. Um carro foi sorteado para o Rio de Janeiro, outro para São Paulo e o terceiro para a Bahia.
Destaques dos classificados
Quando comprou seu XK 120 de um amigo de Minas Gerais, no ano passado, Gilson não tinha ideia de que se tratava de um dos carros da promoção. Ele só foi identificado depois da compra, através de um emblema fixado na lateral e uma referência no manual do proprietário. A partir daí, Gilson pesquisou para descobrir por onde andavam os outros dois carros sorteados. Foi então que conheceu o antigomobilista paulista Luiz Carlos Sotelo, que foi convidado para o evento e fez questão de ir rodando até Vitória, em companhia de sua esposa com seu conversível. O terceiro carro também já foi localizado, mas não pode estar presente. Quem sabe no ano que vem…
Os apaixonados por esportivos americanos não tiveram do que reclamar: além do Corvette 1958 e do Thunderbird 1956 já citados no início dessa reportagem, três Mustangs (dois Hartops e um Mach 1), dois Camaros (um Z28 1973 e um Type LT 1974), um Corvette Conversível 1974 (que veio de Belo Horizonte) e um sensacional Plymouth Road Runner 1970, com placas de Fundão – ES. O carro laranja com faixas pretas chamou a atenção principalmente das crianças, por causa de um detalhe: a imagem do personagem ‘Papa-Léguas’ do desenho animado, nas laterais e na tampa da mala. É que o modelo foi lançado em 1968 e dizem que a Chrysler pagou à Warner Bros 60 mil dólares pelo uso do personagem, do nome (em inglês o desenho animado se chama Road Runner) e pelo barulho da buzina, que faz “bip-bip”. Não ouvimos o som da buzina deste carro de Vitória, mas com certeza é a original.
Nos chamou a atenção o grande número de pick-ups — nacionais e importadas. Apaixonado pelo segmento, o colecionador de Cataguases – MG, Cláudio Boechat levou quatro de suas cinco caminhonetes: coube à brasileira Chevrolet C10 1981 rebocar as outras três americanas: Studebaker 1957, Dodge Job Rated 1954 (cuja história já tivemos a oportunidade de contar) e Chevrolet 3124 Cameo. Trata-se de uma versão rara e especial do modelo conhecido no Brasil pelo apelido de “Martha Rocha”. Foram fabricadas apenas cerca de 2.700 exemplares em 1957 e entre suas principais características está o luxo de um carro de passeio e a caçamba reta, diferente da convencional 3100 da época, como pode ser visto nas fotos comparativas acima. Era um modelo de ‘curtição’ e não de trabalho. Um conceito muito difundido nas zonas urbanas de hoje.
Entre os utilitários, havia ainda um Ford Modelo A Furgão, muito raro; Kombi Motorhome Safari, de adaptação Karmann Ghia; pick-ups Willys americana 1950 ‘cara de cavalo’ e brasileira F75; Chevrolet Veraneio; caminhão International 1937; Ford F1 1948; Land Rover Série IIA SW 1970 — quem assitia Daktari se lembra dela; cavalo mecânico GMC 1951 a diesel; entre vários outros. Uma companhia de cerveja artesanal levou seu estiloso e bem executado bar temático caminhão Ford TT 1924.
A Europa foi bem representada, com diversos exemplares da Mercedes Benz, incluindo duas esportivas 280 ‘Pagoda’ idênticas até na cor, um Alfa Romeo Spider 1973 e um Peugeot 403 1956. Da Capital de Minas Gerais, o simpático e minúsculo Fiat 600 S 1969, que não chega a ser um italiano de verdade, já que foi produzido na Argentina.
A Associação Capixaba de Arrancadas levou diversos carros de competição, entre eles, um Gol ‘quadrado’, um Opala SS e um Camaro da primeira geração. Todos devidamente preparados e em excelente conservação.
Não deve ter sido fácil para a comissão julgadora escolher os melhores brasileiros, já que havia mais de um exemplar excepcional de cada modelo. Dois Aero Willys, um preto 1966 e um vinho 1967; três Dodges Polara, sendo dois com câmbio automático, já fabricados na fase VW; várias Caravans, com destaque para a Comodoro 1979 e a Diplomata 1986; diversos Opalas, entre eles um Gran Luxo Coupê 1972 e um Luxo Sedan 1974.
O Troféu José Aurélio Affonso, concedido pela Federação Brasileira de Veículos Antigos, foi dado a um Corcel 1973, de Cachoeiro do Itapemirim, que tem uma história muito especial: “Veículo adquirido em 1973 zero km por Fernando Ayub. Naquela época namorado, depois noivo de Sandra Ayub. Posso até dizer que até chegar ao casamento, rolou muita história do casal nesse veículo. Bom, melhor não entrar em detalhes… A primeira viagem para fora de Cachoeiro do Itapemirim foi na lua de mel, que levou 30 dias. Hoje o veículo está registrado em nome de Sandra Maria Tedoldi doValle Ayub, para garantir que o mesmo não seja vendido, devido à prazerosa bagagem do casal que este veículo carrega. Pode-se dizer que o casamento foi triplo: Fernando/Sandra/Corcel, até os dias de hoje. Com manutenção e conservação de ambos: o casamento e o carro. Inclusive troca de óleo…”
A abertura oficial do evento aconteceu na noite de sábado, ali mesmo na Praça do Papa, com uma festa de recepção aos antigomobilistas, com a presença do representante da Secretaria Municipal de Turismo, Trabalho e Renda, Renzo Nagem Nogueira. Em nome da Prefeitura de Vitória, Renzo agradeceu a presença dos visitantes, falou da importância deste tipo de evento para a cidade e revelou que também ele é um antigomobilista, que no momento está às voltas com a restauração de seu primeiro automóvel antigo, um VW Karmann Ghia.
Na noite seguinte, véspera do feriado, foi a vez da festa de confraternização na sede do Clube dos Oficiais do Espírito Santo, na Praia de Camburi. No ‘cardápio’, um salão muito bem decorado, um buffet sofisticado, música ao vivo e a descontração do bom bate-papo com os amigos. O assunto principal, você já pode imaginar qual foi!
EXPOSIÇÃO MOMENTOS FESTA DE ABERTURA
COQUETEL DE CONFRATERNIZAÇÃO PREMIAÇÃO
Texto: Fernando Barenco
Fotos e edição: Fátima Barenco e Fernando Barenco
Fotos da premiação: Fabrício Santos
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