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Um Bianco para chamar de seu

antigomobilista

Um Bianco para chamar de seu

Com muito empenho, consultor carioca realiza o sonho de menino

[dropcap]A[/dropcap]os 12 anos, Ricardo Morgado viu na casa de um vizinho que gostava de automóveis bem incrementados e diferentes, um esportivo de linhas arredondadas e femininas. Ele era branco e na hora encheu de fascinação o menino.
— Um dia ainda vou ter um desses — pensou.

O tempo passou… Ricardo cresceu, entrou para a faculdade, se formou, começou a trabalhar, constituiu uma família. Mas o sonho de criança permaneceu latente, aguardando a oportunidade certa para ser realizado.

Em 2007, o hoje consultor empresarial morador no bairro de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, navegava sem compromisso por um site de compras, quando deparou-se com o anuncio do objeto de seu desejo: um Bianco S a venda. O carro produzido em 1978 pertencia a um médico ortopedista de São Caetano do Sul – SP. Era um colecionador de carros Gurgel, possuindo em seu galpão mais de 20 exemplares, dos mais variados anos e modelos. E o Bianco ali, entre eles meio por acaso. Adquirido como parte de um negócio, destoava do resto da coleção. Por isso teria que encontrar um novo dono.
— Depositei antecipadamente 50% do valor do negócio na conta de alguém sobre o qual nunca tinha ouvido falar. — conta Ricardo.

Um mês depois Morgado pagou a segunda parte e levou mais um mês para embarca-lo para o Rio, graças à insistência do antigo dono, que precisava abrir espaço em seu galpão.

O Bianco estava em estado regular. Não estava rodando. Faltavam muitos detalhes de acabamento importantes como rodas, lanternas, bancos. Merecia um criterioso trabalho de restauração, incluindo as partes externa e interna.

André Valente (e) e Ricardo Morgado ao lado Bianco S, que volta ao padrão original

Novo no hobby de autos antigos, o próximo passo de Ricardo era descobrir uma boa oficina de restauração para executar o trabalho. Mais uma vez recorreu à internet. Visitando o Portal Maxicar, deparou-se com uma reportagem que publicamos a respeito de oficinas de Petrópolis especializadas em clássicos. Ele ficou admirado com o que leu a respeito da AMV Restaurações.

Aliás, já tivemos a oportunidade de falar a respeito da AMV em outra ocasião, quando em 2011 publicamos uma reportagem especial chamada “GT Malzoni II — o resgate de um elo (quase) perdido”, sobre a descoberta e restauração do segundo protótipo de competição criado por Rino Malzoni e que ficou desaparecido desde o final dos anos 1960.

Voltando ao Bianco, Morgado então entrou em contato com André Valente, da AMV, mas esse a principio teve que recusar o serviço, já que a oficina naquele momento estava com muitos projetos em andamento. Convencido de que aquela seria oficina certa para realizar a tarefa, Morgado decidiu guardar o carro e esperar por outra ocasião. E assim se passou mais um ano…

Em 2009 ele nos telefonou. Queria dar logo o ponta-pé inicial no projeto e nos pediu que déssemos ‘uma forcinha’ junto ao André Valente — que era (e é!) nosso grande amigo. Uma espécie de ‘pistolão’! E foi o que fizemos. Eles conversaram e Valente mandou buscar o Bianco no Rio.
— Tinha em mente que queria fazer um carro digno de placas pretas e não iria medir esforços para isso. — confidenciou Morgado.

E não mediu mesmo! Muito solícito, ele se dispôs a virar o mundo de cabeça para baixo para encontrar as peças certas — originais e em bom estado — para instalar no sonho de sua infância. As referências de originalidade ele conseguiu graças à ajuda de um colecionador de Resende-RJ que mantém na garagem um exemplar comprado zero km e que jamais foi restaurado. Peças e detalhes comprou pela internet ou em mercado de pulgas em eventos. Algumas teve que mandar fazer réplicas, pela total impossibilidade de comprar originais. Afinal, o Bianco é um dos mais raros foras-de-serie brasileiros dos anos 1970. Para a forração dos bancos e laterais de portas somente couro de primeiríssima qualidade. Toca fitas e amplificador Tojo são itens de época e estão novinhos. Originalmente prateado, o carro agora seria branco, da cor daquele que lhe arrebatou quando moleque.

O trabalho foi lento e gradual. Era interrompido ora pela indisponibilidade da oficina, ora pela falta de peças. Tudo de comum acordo entre cliente e oficina. Mas Morgado não tinha mesmo pressa.
— Quando entreguei o carro ao André, disse a ele que queria que ficasse o mais próximo possível de quando ele saiu da concessionária.

Cerca de 5 anos depois, o Bianco S 1977 ficou pronto. E fomos à sede da AMV Restaurações fotografá-lo e sentir o orgulho, a alegria e vibração de seu proprietário, que até aquele momento não havia ainda sequer experimentado a grata sensação de guiá-lo (ou seria pilota-lo?).
— Essa semana ele embarca novamente para o Rio. Quero ter o primeiro gostinho de experimenta-lo lá nas ruas de Jacarepaguá!

 

Texto e fotos: Fernando Barenco

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