ARQUIVO
O último Farus
Exemplar entregue em 1992 é do modelo Quadro 2000 e permanece em ótimo estado
[dropcap]O[/dropcap] nome Farus vem da fusão dos nomes FAmiglia RUSso, que imigrou da Itália para Minas Gerais, onde fabricava equipamentos para a indústria alimentícia.
Em 1978 começaram a produzir, em Belo Horizonte, automóveis fora-de-série. O primeiro modelo foi o ML 929, um cupê de dois lugares, carroceria em fibra de vidro e motor central 1.3, o mesmo do Fiat 147 Rallye. Em 1982 o Farus ganhou a denominação TS porque usava o motor 1.6 do Passat TS. Em 1984 veio o modelo Beta com a opção de carroceria fechada ou conversível, com motor GM 1.8 ou 2.0 do Monza. Em 1989 a fábrica mineira lançou um modelo bem diferente dos anteriores, o Farus Quadro 2000, que é apresentado nesta matéria e exatamente esse carro mostrado aqui foi a última unidade entregue pelo fabricante. Foi inspirado no Audi Quattro dos anos 1980.
O Quadro, como seus antecedentes, era também cupê, mas desta vez, com quatro lugares, motor VW AP 1.8 dianteiro (Santana), tração também dianteira, câmbio de 5 marchas, chassi tubular, faróis escamoteáveis, direção hidráulica, vidros e espelhos elétricos, volante com coluna eletricamente regulável, ar-condicionado, conta-giros, termômetro de óleo, voltímetro e freios a disco nas quatro rodas. Era muito mais que os fabricados no país poderiam oferecer. O fato é que os esportivos de fabricação artesanal surgiram porque não era possível importar um automóvel sofisticado. Justamente o caminho inverso, a liberação da importação de carros, extinguiu os fabricantes de veículos fora-de-série. Isso foi em 1990, um ano após o lançamento do Quadro 2000, transformando-o em um automóvel raríssimo.
Como comprovar que o exemplar aqui mostrado foi o último produzido? Quando a fábrica fechou (1990) este carro ainda estava na linha de produção, inacabado e foi penhorado pela Justiça do Trabalho em favor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas de Belo Horizonte e Contagem, para garantir débitos com empregados. O empresário Airton Medeiros interessou-se pelo carro, pesquisou junto a fornecedores da Farus se conseguiria os acessórios originais para completar o mesmo e diante da resposta positiva arrematou o veículo por R$ 95.000.000,00 (Noventa e cinco milhões de cruzeiros) em 26/11/92. Buscou os instrumentos do painel em São Paulo, as rodas na Mangels e assim sucessivamente. Completaram o carro para o Sr. Airton e em 28/12/92 esse foi o último Farus a deixar as instalações da extinta fábrica. O carro ficou em sua família até fevereiro de 2014, quando foi vendido com setenta e nove mil quilômetros e ainda totalmente original.
Durante sua produção os números variaram entre quatro a dez unidades fabricadas por mês. Além do mercado nacional, o Farus foi exportado para a Alemanha, África do Sul, Japão e Estados Unidos. Tem seu nome na lista dos brasileiros que deixaram saudades.
Destaques dos classificados
Texto e fotos: João Baptista Jorge Pinto Filho
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