Entre o mar e a lagoa
Exposição de carros antigos mudou a rotina desse pedaço de paraíso da Região dos Lagos do Rio de Janeiro
De um lado a imensidão do mar aberto, com suas ondas e uma praia de areias brancas a perder de vista. Do outro a mansidão da lagoa, sua estreita faixa de areia, seus quiosques e casas de veraneio. Entre os dois, um simpático balneário, bem ali na famosa Região dos Lagos do Rio de Janeiro.
E no último domingo – 19 de agosto — esse pedacinho do paraíso habituado a buggys, quadriciclos e outros veículos mais bem adaptados a seu meio ambiente, recebeu uma exposição de clássicos vindos de várias partes do Rio de Janeiro e também de Minas Gerais. O evento aconteceu no km 12 da Estrada da Praia Seca, a principal desse distrito de Araruama, que foi fechada em dois pontos para receber os antigomobilistas.
Foi a sexta edição deste encontro anual do CVAPS, muito bem recebido pelas empresas ligadas ao turismo: restaurantes, bares, hotéis, pousadas, quiosques, postos de combustíveis… Afinal, além de sua alegria viajar e rever os amigos, o antigomobilista leva sempre na bagagem a disposição para consumir, movimentando o comércio local.
Logo no pórtico de entrada, as boas vindas do casal-simpatia Alfredo & Gilda, sempre a bordo do Fusca 1300 1980, companheiro de viagens a décadas, não só pelo Brasil, mas também pelos demais países da América do Sul — o que rende aos que se dispõem a um bate-papo, deliciosas histórias, cheias de subliminares mensagens de otimismo e incentivo. Não é à toa que são sócios beneméritos do CVAPS, o que dá ao “Possante”, inclusive o privilégio de ficar sobre o tapete vermelho.
Aliás, neste evento tivemos a oportunidade de ‘pescar’ algumas histórias bacanas envolvendo automóveis. Como a de Alan March, um inglês que adotou Búzios (ou será que foi adotado). Em 1979, quando ainda morava no Reino Unido, comprou esse gracioso Austin Healey Sprite, então com 10 anos de uso. Em 2002, quando mudou-se para os Estados Unidos, tratou de levar o conversível com ele, fato que se repetiu em 2013, quando arrumou as malas rumo ao Brasil. Como todo bom britânico, o inseparável Healey de Mark tem o volante do lado direito.
O número de Corcéis foi acima da média. Contamos pelo menos meia dúzia. Será que os ‘corceleiros’ resolveram tirar os exemplares da garagem por causa das comemorações dos 50 anos de lançamento deste modelo da Ford? Papeamos com dois deles, ambos têm os carros na família desde novos. O 1972 de Luxo de Antonio Júlio de Sales Flor, morador de Pirapitinga – MG, foi comprado por seu avô e pertenceu a ele durante muitos anos, sendo depois vendido. Ele não sossegou até conseguir reencontrar o carro e compra-lo de volta há alguns anos.
Já a Belina 1975 de Waltemir, de Niterói – RJ, foi comprada zerinho por seu pai e nunca saiu da família. Depois de rodar vários anos, foi levada para um sítio de Minas Gerais, onde permaneceu um bom tempo curtindo a aposentadoria. Mas Waltemir tinha uma relação muito especial com a peruinha, pois foi nela que aprendeu a dirigir. Então, teve que compra-la do pai e restaura-la. Hoje faz muito sucesso nas exposições.
Destaques dos classificados
Fã incondicional do Monza em sua versão esportiva S/R 1.8S, Marcos ‘Carwash’ Canedo já há mais de 10 anos é o feliz proprietário de um belo azul metálico 1986. Agora, muito empolgado veio nos contar a novidade: acaba de adquirir um vermelho, mas com um detalhe que faz toda a diferença: ele foi fabricado na Venezuela. Isso mesmo! Esse GM também foi produzido na terra de Nicolás Maduro. Era montado com muitos componentes brasileiros. Foram importados para o Brasil somente 29 desses S/Rs, sendo 17 deles equipados com câmbio automático, caso do exemplar de Canedo.
Mais comportado, o Passat LS 1977 vermelho vinho de Júlio Almeida, também do Rio, chama a atenção pelo estado de conservação. Segundo Júlio, o carro só passou pela mão de colecionadores nos últimos 20 anos. Isso credenciou esse Volkswagen a participar da primeira edição da badalada Village Classic Cars, exposição que tem acontecido anualmente num shopping center da Barra da Tijuca.
O Mercury Cougar 1968 foi um dos importados que mais chamaram a atenção. O modelo americano vem a ser um ancestral da dupla de Mustangs dos anos 1990 também presentes. É que na década de 1960 Mustang e Mercury dividiam a mesma plataforma.
Entre os nacionais, destaque para o bom número de Opalas e Caravans, chamando a atenção para o Sedan de Luxo 1969 azul clarinho com interior bege.
E ainda Maverick, Chevette, Fusca, Kadett GSi, pick-ups Chevrolet Brasil e C10, Fusca, Voyage… O Vectra Clube do Rio de Janeiro realizou informalmente um miniencontro desse Chevrolet de enorme sucesso num passado mais recente, reunindo nada menos que 8 exemplares.
Mas é claro que não poderiam faltar aqueles modelos já adaptados ao clima praiano, como um utilitário Tanger e um buggy da marca Bugre, uma das mais tradicionais, com fábrica ali perto, em Rio Bonito. Bem fora do comum, o Vittori Iguana é bem baixinho e comprido, além de não ter a convencional mecânica VW refrigerada a ar e sim da Fiat. Pelo ano de fabricação, 1990, provavelmente do Uno.
E ainda dentro do conceito todo-terreno, um muito bem conservado jipe Lada Niva 1991, que estreava em eventos e é o xodó da família de Alexandre Esteves, que é só elogios para o 4X4 russo.
Além dos diversos restaurantes dos arredores, o encontro contou com food trucks, dando aos antigomobilistas e público visitante várias opções para fazer aquela boquinha ou apreciar uma ‘gelada’. Teve também música ao vivo, com os eternos clássicos do rock. O CVAPS homenageou alguns clubes e pessoas e premiou alguns veículos.
O evento foi beneficente, arrecadando quilos e quilos de alimentos a serem entregues a entidades assistenciais, que foram sendo provisoriamente armazenados no espaçoso porta-malas da Caravan de Jurandir Rocha Magalhães, vice-presidente do clube organizador.
Para os que resolveram aproveitar ainda mais o final de semana, uma descontraída confraternização regada a pizza e chopp num shopping local aconteceu na noite de sábado.
Texto: Fernando Barenco
Fotos e edição: Fátima Barenco e Fernando Barenco
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