Agora, só em 2021!
Aguardado evento bienal mineiro aconteceu no último final de semana. Importados e nacionais de alto nível coloriram o Campus da UFJF
No ano em que completa três décadas de fundação, o Veteran Car Club de Juiz de Fora realizou no último final de semana — 24 e 25 de agosto — a 22ª edição de seu sempre muito aguardado encontro bienal do automóvel antigo.
O clube acertou em cheio quando, desde a edição nº 20, que aconteceu em 2015, escolheu a ampla, bem estruturada e agradável Praça Cívica da Universidade Federal. A facilidade de acesso e a proximidade com o hotel oficial do evento, o Trade, são outros pontos positivos.
Visitar uma exposição de carros clássicos: ótimo programa para a tarde de sábado
Como de praxe, a participação de modelos importados foi expressiva, graças em parte a veículos vindos de conhecidas coleções da Capital do Estado. Mas é claro que a exposição teve grande presença de lindos automóveis do Rio de Janeiro, Espírito Santo e de outras cidades de Minas Gerais, sobretudo da própria Juiz de Fora, conhecida pelo número de entusiastas dos carros antigos e por abrigar ótimas coleções.
Gilvan, sua esposa e o filho Gabriel. O Cadillac premiado é o segundo à direita. No detalhe o momento da premiação
Destaques dos classificados
É o caso de Gilvan Novais, que roubou a cena com os quatro clássicos americanos que expôs: Mercury Marquis 1972, Cadillac Coupê DeVille 1964, Chrysler Imperial 1972 e Cadillac Eldorado Conversível 1955. Os dois últimos merecidamente premiados. O Imperial verde com aspecto de uma autêntica ‘testemunha’ de sua época, foi um Destaque Importado. Já o espetacular Eldorado preto ‘Cadillac’ (é claro!) com interior vermelho, levou nada menos que o prêmio máximo ‘The Best in Show’, em cerimônia que aconteceu na noite de sábado (24) no salão do hotel oficial e que contou com a presença do presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos, Altair Manoel, que veio de Florianópolis-SC para prestigiar o encontro. E quem teve o privilégio de receber o troféu foi o filho de Gilvan, Gabriel, já que as quatro inscrições foram feitas em seu nome.
Acima, o presidente da FBVA, Altair Manoel. Abaixo, Chapinoti, que foi premiado pelo Cadillac 1967 (e) e pelo Thunderbird 1956. No detalhe, recebendo o prêmio das mãos do Presidente da VCC-JF, José Maria Ferreira
Outro que levou dupla premiação foi o colecionador Geraldo Chapinoti, com o Cadillac Eldorado 1967 e o Ford Thunderbird 1956, que possui uma das mais belas cores disponíveis para esse Conversível que nasceu para disputar mercado com o Corvette, da rival Chevrolet: a ‘Sunset Coral’.
Traseiras: da esquerda para direita, Pontiac Grand Prix, Buick Century e a dupla Mercury Monterey
Outros importados também foram premiados, como você pode conferir na lista completa abaixo, mas os jurados certamente tiveram muita dificuldade para escolher esses afortunados, já muitos deles estavam plenamente aptos para isso. Por exemplo, quem chegava ao local do evento, já dava de cara com uma dupla de Mercurys Monterey 1959 — um branco e um verde. Fabricado entre 1952 e 1974, o Monterey (nome de uma cidade californiana) daquele ano tinha o inconfundível estilo do final da década, com carroceria enorme, muitos cromados, linhas angulosas e faróis duplos, graças à nova legislação que chegou no ano anterior. Estavam cercados por outros americanos ilustres: de um lado Chevrolet Bel Air 1956, do outro Buick Century 1955 e Pontiac Grand Prix 1976.
Em sentido horário, a partir do alto: Chevrolet Conversível, Plymouth, Ford Modelo A e DeSoto Six
Vermelho como convém aos conversíveis, um raro Styleline DeLuxe 1949, da nova linha Chevrolet, que finalmente estreava após à II Guerra Mundial. Entre os americanos mais antigos, além do simpático Fordinho Modelo A 1929; um De Soto Six Sedan 1930 e um Plymouth De Luxe 1936 — ambas as marcas então divisões da gigante Chrysler.
A história dessa autêntica testemunha dos últimos 80 anos é sempre motivo de curiosidade
Jamais tendo sofrido qualquer restauração, o Chevrolet Master de Luxe 1938 azul (bem desbotado) ficou trancafiado durante três décadas. É que seu antigo proprietário era muito ciumento, a ponto de construir uma parede de tijolos no lugar da porta da garagem. Hoje pertence ao mecânico Carlos Otávio da Silva, que o exibe frequentemente nos eventos e pretende mantê-lo assim, como veio ao mundo.
Impalas: sempre muito admirados
Impalas foram três, todos brancos, fabricados em 1961, 1962 e 1964. O Hudson Commodore 1948 pertenceu ao acervo do extinto Museu da Ulbra, Rio Grande do Sul. Teve ainda os utilitários Chevrolet 3100 Suburban 1951 e as pick-ups Studebaker 1950 e Ford F1 hot rod 1951.
Ferrari Testarossa em frente e verso
Entre os carros da Europa, uma Ferrari Testarossa 1986. O superesportivo italiano com motor V12 foi um dos mais fotografados do evento, principalmente pela galera mais jovem. É que além do status do ‘cavalinho rampante’ sobre o capô, ela tem estilo atemporal e não aparenta os mais de 30 anos que já tem. Este modelo ficou famoso na série americana Miami Vice, dos anos 1980.
A premiada 280 SE Cabriolet e o primeiro Classe A
Como já é tradição neste evento, desde os tempos em que a aristocrática marca alemã o patrocinava, foi montada uma galeria especial somente com automóveis Mercedes Benz. Ao lado de tradicionais e valiosos modelos como a 280 SE Cabriolet 1970 (eleita o melhor MB do evento), 220 S 1961, 280 SL 1978 e 500 SEC 1982, passou quase despercebida do público uma certa Classe A (W168) azul marinho 1999. Não tendo alcançado o sucesso de vendas esperado, o modelo fabricado na então recém inaugurada fábrica da Mercedes Benz em Juiz de Fora é considerado hoje um usado problemático, pela dificuldade de peças de reposição e manutenção cara. Mas então, qual a importância daquele exemplar no evento? É que ele foi a primeira unidade fabricada. E mais que isso: foi o primeiro automóvel Mercedes Benz produzido fora da Alemanha. Pertencia a um empresário de São Paulo a foi recomprada pela fábrica recentemente.
Diferente da maioria dos esportivos brasileiros daquela época, o 4200 GT não possui carroceria em fibra de vidro
Eleito o Melhor Nacional, o Brasinca 4200 GT 1965 — ou Uirapuru — é um dos mais raros modelos nacionais de sua época. Com motor 6 cilindros Chevrolet (o mesmo da caminhonete 3100 Brasil) e com três carburadores ingleses, cujo acerto é considerado bem difícil, esse esportivo tem no torque seu grande trunfo, chegando a 100 km/h e alguns segundos.
Santa Matildes com o primeiro protótipo em primeiro plano e Puma GTB S2
Mas quatro outros esportivos brasileiros também foram laureados. O XR3 1984/85 é um exemplar do primeiro ano da versão esportiva do Escort, que tanto sucesso fez. Monza S/R 1.8 1986, Puma Spyder 1972 (primeira versão do conversível) e Puma GTB Série 2 1983 também ganharam troféus de destaque.
Continuando nos esportivos tupiniquins, entre os seis lindos exemplares do Santa Matilde — aquele fora-de-série produzido entre as décadas de 1970 e 80 em Três Rios, no interior do Rio de Janeiro por uma fabricante de vagões de trem — estava nada menos que seu primeiro protótipo, que foi resgatado no lixo e restaurado pelo empresário Geraldo Chapinoti (já falamos sobre ele nesta matéria!).
Geronço (e): Troféu Juraci Mendes com o Aero Willys 1967
O prêmio especial Troféu Juraci Mendes foi dado a Geronço Bragança e seu Aero Willys 1967, que foi o veículo mais antigo a percorrer a mais longa distância. De Vitória-ES a Juiz de Fora-MG foram nada menos que 470 km percorridos. Geronço já se tornou conhecido por sempre ir rodando com seu lindo Willys, não importando a distância.
Fuscas originais de várias épocas
Os apaixonados pelo Fusca (e quem não é?) certamente ficaram contentes com a excelente qualidade do Besouro e seus afins. O mesmo para o Opala, que só perde em popularidade entre os Brasileiros para o próprio Fusca. Exemplares de alto padrão, de diversas fases e versões.
O belo FNM JK e os ‘restos mortais’ de um Lince 4100. Será que vai ser restaurado?
Entre os modelos nacionais, alguns raros como o FNM 2000 JK 1967, o Willys Interlagos Berlineta 1965 — que parecia estar com a mecânica modificada; o Dodge Polara 1980; e ainda o que restou de um Lince 4100, um pouco conhecido fora-de-série, com carroceria em fibra de vidro e chassi e mecânica do Opala, fabricado nos anos 1980, em Recife.
Gilson e sua coleção. No detalhe a Garelli da infância
Amantes de motos puderam apreciar a coleção de Gilson Pires, que levou treze máquinas à UFJF. Entre Hondas e Yamaras das décadas de 1970 e 80 é um ciclomotor Garelli 1974 que tem o significado mais especial. Gilson a ganhou quando tinha 15 anos, quando ainda morava em Uberaba. Ao mudar-se para Juiz de Fora alguns anos depois a vendeu para um amigo. Quase trinta anos depois voltou à sua cidade natal e visitou o tal amigo, que sabendo que ele agora coleciona motos, devolveu sua Garelli da infância. Emocionante!
Fróes (na cadeira de rodas) recebe homenagem do amigo Celso ‘Carvelho’. À direita sua neta e a diretoria do clube
Mais emocionante ainda foi a homenagem que VCC-JF prestou a um veterano colecionador durante a cerimônia de premiação. O Prêmio ‘Melhor Amigo’ desta edição foi concedido a José Gonçalves Fróes, ou simplesmente ‘Seu Fróes’, um antigo membro do clube e dos mais conhecidos antigomobilistas da cidade. Muitas e muitas histórias para contar…
Nacionais
- Escort XR3 1984 – Marcelo – Belo Horizonte, MG
- Landau 1983 – Bruno Henriques – Belo Horizonte, MG
- Ford Corcel II 1983 – Ricardo Marchtein – Barra Mansa, RJ
- Passat LSE 1987 – Lauro Tesch – Afonso Cláudio, ES
- Monza S/R, 1986 – Fernando Afonso, Rio de Janeiro, RJ
- Puma Spyder 1972 – Fernando Menezes – Vitória, ES
- Puma GTB S2 1983 – Sérgio Lima – Belo Horizonte, MG
- Dodge Magnum 1979 – Rodinei Ribeiro – Conselheiro Lafaiete, MG
- Kombi de Luxo 1974 – José Maria Ferreira – Juiz de Fora, MG
Importados
- Buick Century 1955 – Roberto Rushi – Rio de Janeiro, RJ
- Land Rover Série 1 1952 – Washington Pires – Juiz de Fora, MG
- Chevrolet 3100 Suburban – Dejair Goretti – Juiz de Fora, MG
- De Soto Six 1930 – Brunet Filgueira – Belo Horizonte, MG
- Chrysler Imperial 1972 – Gabriel Capuzzo – Belo Horizonte, MG
- Ford Thunderbird 1956 – Geraldo Chapinoti – Juiz de Fora, MG
- Cadillac Eldorado 1967 – Geraldo Chapinoti – Juiz de Fora, MG
- Ferrari Testarossa 1986 – Haroldo – Belo Horizonte, MG
- Impala 1961 – Fernando – Cataguases, MG
- Ford Modelo A 1928 – Matheus – Juiz de Fora, MG
Troféu Juraci Neves (Veículo mais antigo que veio rodando)
- Aero Willys 1967 – Geronço Bragança – Vitória, ES
Melhor Nacional
- Brasinca 4200 GT ‘Uirapuru’ – Otávio Pinto de Carvalho – Belo Horizonte, MG
Melhor Importado
- Jaguar XJS 1989 – Silvio Grossi – Belo Horizonte, MG
Melhor Mercedes Benz
- 280 SE Cabriolet 1970 – Oswaldo Borges da Costa Filho – Belo Horizonte, MG
The Best in Show
- Cadillac Eldorado 1955 – Gabriel Capuzzo – Juiz de Fora, MG
Texto: Fernando Barenco
Fotos e edição: Fátima Barenco e Fernando Barenco
CADASTRE SEU WHATSAPP PARA RECEBER.
Deixe seu comentário!