Fernando Barenco

Um ano perdido (também) para o Antigomobilismo?

O segundo semestre já está aí e pelo jeito o cenário para os encontros de carros antigos se manterá o mesmo da primeira parte de 2020

Estávamos em meados de março quando as medidas de isolamento social caíram como uma bomba sobre nossas cabeças e alteraram completamente a vida como a conhecíamos até então.

Um dos primeiros setores da economia a ‘fechar’ foi o de eventos e sem dúvida será um dos últimos a voltar à normalidade. Natural. Sem público, sem aglomeração, não há evento.

A partir daí, o que vimos foi uma enxurrada de cancelamentos de encontros de carros antigos que aconteceriam no primeiro semestre. E de fato, praticamente nada ‘ao vivo’ em termos de antigomobilismo aconteceu, exceto alguns passeios e carreatas de carros antigos que ocorreram aqui e ali e que dividiram opiniões.

E não apenas aqui. Nos Estados Unidos nos últimos meses pipocaram notícias de cancelamentos dos famosos concursos de elegância, entre eles o chiquérrimo Peeble Beach.

No início da semana recebemos um comunicado oficial de cancelamento do mais importante evento de antigomobilismo da América do Sul: a Autoclásica, que acontece anualmente na Argentina — sempre em outubro — e que é muito frequentado pelos brasileiros.

Agora, às portas do segundo semestre, o que vemos aqui no Brasil é a tendência de cancelamentos dos eventos da segunda metade do ano também, como pode ser facilmente constatado em nosso Calendário de Eventos.

O glamouroso Brazil Classics Show (Araxá-MG), cuja 24ª edição aconteceria inicialmente no feriado de Corpus Christi (junho) e que havia sido adiado para o sete de setembro, não acontece mais esse ano. Foi “adiado” para 2021. Sim, “adiado”, já que se trata de um evento bienal e que em situações normais não é realizado em anos ímpares.

“Mas, independentemente de autorização governamental, há outros fatores que são primordiais para que um evento de antigomobilismo possa acontecer”

No momento em que ocorre a flexibilização das medidas de isolamento social em vários estados e cidades do país, nada mudou em relação aos eventos, que continuam impedidos de acontecer por determinação dos governos estaduais.

A exemplo de Araxá, o maior encontro de automóveis antigos do país — o Brasileiro de Águas de Lindóia-SP — adiou em março seu anual que seria em abril, como em anos anteriores. Agora, o evento está agendado para acontecer de 9 a 12 de outubro.

No entanto, o Estado de São Paulo ainda está neste momento (18 de junho) nas Fases 1 e 2 (vermelha e laranja) de suas medidas da retomada das atividades econômicas e sociais, o chamado ‘Plano São Paulo’. E a volta dos eventos e outras atividades que geram aglomeração somente se dará na última fase deste programa de flexibilização, a de número 5 (azul). A conferir.

Mas, independentemente de autorização governamental, há outros fatores que são primordiais para que um evento de antigomobilismo possa acontecer.

O mais importante deles é o patrocínio. Qualquer clube ou grupo que se disponha a organizar um evento sabe, que em situações normais já não é fácil conseguir um volume de patrocínios que permita bancar um evento, cujas despesas são enormes. Mesmo com cobrança de inscrições, etc, os patrocinadores cobrem boa parte dos custos.

O atual momento é de devastação econômica, com empresas inoperantes ou reabrindo neste momento depois de três meses de portas fechadas, com caixas vazios, penduradas em empréstimos, demitindo pessoal. Muitas delas simplesmente não resistindo à pandemia e quebrando. Como conseguir patrocínio?

Outro fator é o prazo. É preciso ter uma previsão mínima de quando o país voltará a abrir as portas para os eventos, para que haja um tempo mínimo para o planejamento e a organização de um encontro.

E mais: grande parte da comunidade antigomobilista é composta por pessoas na faixa dos 50, 60 anos ou mais. São as do chamado grupo de risco e não apenas pela faixa etária, mas também pelo fato de muitas possuírem algum tipo de doença pré-existente, que pode complicar bastante a situação, caso ela seja contaminada pela Covid-19.

Então, será que, mesmo que os encontros de carros antigos voltem a acontecer nos próximos meses, essas pessoas irão querer arriscar as suas saúdes ou até mesmo as suas vidas, participando deles?

Deixe seu comentário!

CADASTRE SEU WHATSAPP PARA RECEBER.

Novidades dos Classificados